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Brasil
13/10/2025 20:00:00

Amazônia perde uma área equivalente à França em quatro décadas devido ao desmatamento crescente

Dados históricos indicam que a floresta tropical enfrentou uma redução de 52 milhões de hectares entre 1985 e 2024, impulsionada por atividades humanas

Amazônia perde uma área equivalente à França em quatro décadas devido ao desmatamento crescente

Ao longo de 40 anos, a floresta amazônica teve sua cobertura vegetal reduzida em uma extensão que corresponde ao território francês, totalizando uma perda de 52 milhões de hectares entre 1985 e 2024.

Essa drástica diminuição tem sido resultado de ações humanas que alteraram significativamente o uso do solo na região. Segundo análises baseadas na série histórica do Mapbiomas, o bioma perdeu aproximadamente 13% de sua vegetação nativa neste período, uma área equivalente a várias nações europeias.

Quando somados os impactos anteriores, a quantidade de vegetação destruída chega a 18,7%, dos quais 15,3% foram ocupados por atividades econômicas humanas. Bruno Ferreira, pesquisador do projeto MapBiomas, alerta que a floresta está se aproximando do limite crítico de 20 a 25% de perda, considerado pela ciência como o ponto de não retorno, após o qual o ecossistema não consegue mais se sustentar.

O ritmo acelerado da transformação do uso do solo nos últimos quatro décadas é alarmante: 83% da vegetação nativa foi retirada, dando lugar a atividades como pecuária, agricultura, silvicultura de espécies exóticas e mineração.

Em 1985, as pastagens ocupavam 12,3 milhões de hectares na Amazônia, enquanto em 2024 esse número atingiu 56,1 milhões de hectares. A expansão agrícola foi ainda mais intensa, com uma área 44 vezes maior do que há 40 anos.

Desde 180 mil hectares, em 1985, a área dedicada à agricultura cresceu para 7,9 milhões de hectares em 2024. A silvicultura, por sua vez, triplicou sua presença, passando de 3,2 mil hectares para 352 mil hectares, um aumento de 110 vezes. O setor de mineração também apresentou crescimento expressivo, passando de 26 mil hectares para 444 mil hectares ao longo do mesmo período.

Um destaque importante é a predominância da soja na ocupação do solo, representando 74,4% de toda a área agrícola na região, ou seja, 5,9 milhões de hectares em 2024. A análise do crescimento da cultura de soja é particularmente relevante devido à Moratória da Soja, um acordo internacional que proibiu a compra de soja produzida em áreas desmatadas após 2008. A maior parte da expansão da soja na Amazônia ocorreu após esse limite, com 4,3 milhões de hectares convertidos para essa cultura.

Embora o aumento da área de soja seja evidente, a maior parte desse crescimento ocorreu sobre terrenos previamente utilizados para pastagem ou outras instalações agrícolas, minimizando o desmatamento direto. Entre 2008 e 2024, a conversão de áreas florestais em lavouras de soja atingiu 769 mil hectares, indicando uma continuidade na transformação do ecossistema.