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Leitura de Domingo
12/10/2025 11:00:00

Alzheimer em Pessoas Jovens: A Doença que Exige Diagnóstico Ágil e Cuidados Precoces

Especialista em neurologia alerta para sinais em adultos jovens que podem ser confundidos com estresse, podendo atrasar intervenções essenciais

Alzheimer em Pessoas Jovens: A Doença que Exige Diagnóstico Ágil e Cuidados Precoces

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 55 milhões de indivíduos convivem com algum tipo de demência atualmente. Dentre eles, a doença de Alzheimer é a mais prevalente, representando cerca de 70% dos casos em escala global.

À medida que a população envelhece, o impacto da enfermidade se torna ainda mais preocupante: a Alzheimer’s Disease International projeta que os registros mundiais podem alcançar 74,7 milhões até 2030 e, em 2050, subir para 131,5 milhões.

No cenário nacional, informações do Ministério da Saúde indicam que quase 1,2 milhão de brasileiros vivem com Alzheimer, com aproximadamente 100 mil novos diagnósticos a cada ano. Um segmento que desperta atenção especial são os jovens, que desenvolvem a enfermidade antes dos 65 anos. De acordo com a neurologista Bianca Mazzoni, docente do curso de Medicina no Centro Universitário UniBH — uma instituição parte do maior e mais avançado ecossistema de inovação do Brasil, o Ecossistema Ânima — o Alzheimer de início precoce pode afetar indivíduos entre 30 e 65 anos. A incidência, no entanto, aumenta conforme o paciente se aproxima da faixa dos 65 anos.

"A estimativa de prevalência entre os 45 e 64 anos é de 6,3 casos a cada 100 mil pessoas por ano, com uma incidência de 24,2 por 100 mil. Portanto, não é uma condição comum", esclarece. A especialista acrescenta que o Alzheimer precoce difere do clássico, apresentando alterações cognitivas distintas, frequentemente envolvendo problemas na linguagem, mudanças de comportamento e dificuldades na execução de tarefas.

"Alguns pacientes também podem manifestar sintomas motores, mioclonias — contrações musculares rápidas e involuntárias que lembram espasmos — ou até crises epiléticas. Além disso, a evolução costuma ser mais rápida, levando a uma maior dependência e, eventualmente, ao óbito", explica. O componente genético também tem papel importante na confirmação do diagnóstico: cerca de 10% dos jovens com Alzheimer possuem mutações em genes específicos associados à enfermidade, caracterizando o chamado Alzheimer familiar autossômico dominante.

"Nos casos de pacientes mais jovens, a influência genética é mais forte do que naqueles mais idosos, que geralmente apresentam múltiplos fatores genéticos e ambientais", destaca. Mazzoni aponta que os sinais iniciais em adultos jovens podem incluir dificuldades na linguagem, como dificuldade para nomear objetos ou formar frases, mudanças de humor, dificuldades em realizar tarefas previamente simples, além de perdas na memória recente e manifestações atípicas, como movimentos involuntários ou problemas motores.

"É crucial distinguir lapsos de memória comuns, muitas vezes ligados à distração ou excesso de estímulos diários, de sinais que requerem investigação médica, especialmente quando familiares ou colegas notam mudanças significativas", adverte. Para o diagnóstico, Bianca explica que é fundamental excluir causas reversíveis, como deficiências vitamínicas, alterações metabólicas, infecções como sífilis ou HIV, além de doenças estruturais ou inflamatórias cerebrais. A realização de exames de imagem, como ressonância magnética, e testes laboratoriais são essenciais para uma avaliação definitiva.

"Em casos específicos, exames avançados, como PET para análise de proteína TAU e avaliações de biomarcadores no líquido cerebroespinhal (beta-amiloide e proteína TAU), assim como testes genéticos, podem auxiliar na confirmação e no aconselhamento familiar", detalha. O tratamento inclui medicamentos que temporariamente melhoram os sintomas cognitivos, como inibidores da acetilcolinesterase e a memantina, além de abordagens para controlar sintomas comportamentais e depressivos.

"O acompanhamento interdisciplinar é indispensável, envolvendo fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional e psicologia, tanto para os pacientes quanto para seus familiares", ressalta. Por fim, a especialista evidencia que, embora fatores genéticos sejam a principal causa do Alzheimer precoce, a prevenção pode ser efetiva ao controlar fatores de risco cardiovascular e ao praticar atividades físicas rotineiras.

Ela reforça que evitar hipertensão, diabetes não controlado e manter um monitoramento contínuo da saúde são ações fundamentais. "Atividade física regular — e aqui vale reforçar — é a intervenção com maior respaldo científico para a prevenção", conclui.