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Guerra
10/10/2025 22:00:00

Donald Trump avalia envio de mísseis Tomahawk para a Ucrânia

Donald Trump avalia envio de mísseis Tomahawk para a Ucrânia

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou na segunda-feira que “tomou praticamente uma decisão” sobre o envio de mísseis de longo alcance Tomahawk para a Ucrânia. A declaração ocorre em meio à crescente frustração da Casa Branca diante da resistência da Rússia em participar de negociações diretas com Kiev.

Trump disse que pretende analisar primeiro a lista de possíveis alvos antes de oficializar a medida. “Já tomei quase uma decisão. Quero saber o que estão planejando fazer com eles, para onde serão enviados. Preciso fazer essa pergunta”, afirmou o presidente aos jornalistas na Sala Oval, acrescentando que não espera “uma escalada” no conflito.

O pedido pelos Tomahawks vem sendo feito há algum tempo pelo governo ucraniano. O presidente Volodymyr Zelenskyy teria renovado o apelo a Trump durante um encontro à margem da Assembleia Geral da ONU, em Nova York, no mês anterior. Segundo Kiev, os mísseis dariam à Ucrânia capacidade para atingir alvos mais distantes em território russo, inclusive Moscou.

Em uma entrevista recente, Zelenskyy afirmou que “a Ucrânia precisa saber onde estão os abrigos antibombas”, referindo-se aos dirigentes do Kremlin. “Eles precisam entender que, se nos atacarem, responderemos”, declarou. Para ele, o reforço no armamento poderia também levar o presidente russo, Vladimir Putin, a aceitar conversações diretas, seguindo uma iniciativa proposta por Trump.

Os mísseis Tomahawk, com alcance entre 1.600 e 2.500 quilômetros e ogivas de até 450 quilos, são parte fundamental do arsenal dos Estados Unidos. Eles podem voar em baixa altitude, realizar manobras evasivas e ser reprogramados em pleno voo, o que ampliaria significativamente o poder ofensivo ucraniano. Atualmente, Kiev utiliza armamentos ocidentais como o Storm Shadow, com alcance máximo de 250 quilômetros, além de drones e mísseis de fabricação local, como o Palianytsia, de carga útil reduzida.

Analistas acreditam que, se aprovados, os Tomahawks seriam empregados contra bases militares, sistemas de defesa aérea, centros logísticos e aeródromos russos — como a base de Olenya, em Murmansk, de onde partem ataques de mísseis contra a Ucrânia. Também seriam usados para intensificar ofensivas contra a infraestrutura energética da Rússia.

No entanto, Kiev enfrentaria desafios técnicos, já que esses mísseis são tradicionalmente lançados a partir de plataformas navais, como submarinos e navios de guerra. A Ucrânia teria de adaptar sistemas de lançamento em solo, algo que já demonstrou ser capaz de fazer com outras armas ocidentais.

Em resposta às discussões sobre o possível envio, Vladimir Putin declarou, em entrevista no início de outubro, que a entrega de Tomahawks à Ucrânia “destruiria a tendência positiva nas relações entre os EUA e a Rússia”. O líder russo também alertou que a operação exigiria envolvimento direto de militares norte-americanos, o que, segundo ele, representaria “uma nova fase de escalada”.

Especialistas do Instituto para o Estudo da Guerra (ISW), sediado nos Estados Unidos, destacaram que Putin já havia feito ameaças semelhantes quando Washington considerava enviar à Ucrânia tanques Abrams, caças F-16 e mísseis ATACMS.

Para Kurt Volker, ex-enviado especial de Trump para a Ucrânia, foi a falta de disposição da Rússia em negociar que levou Washington a reconsiderar o envio dos Tomahawks. Volker afirmou que o debate sobre o armamento “poderá obrigar Putin a negociar”, já que o presidente russo “não está mostrando interesse em um acordo neste momento”.

Segundo ele, Putin teria enganado Trump sobre suas intenções de encerrar a invasão total da Ucrânia e de se encontrar com Zelenskyy. “Trump está frustrado. Putin prometeu que iria negociar e se reunir com Zelenskyy. Ele fez isso quando Trump estava com líderes europeus na Casa Branca. Ligou para Putin, que concordou naquele momento”, relatou Volker, acrescentando que o episódio “fez Trump parecer fraco” — algo que o presidente norte-americano “não aceita”. Por isso, segundo o diplomata, a questão dos Tomahawks agora “se tornou pessoal” para Trump.