A poupança, uma das aplicações financeiras mais tradicionais entre os brasileiros, apresentou uma redução no saldo em setembro, motivada por um volume maior de retiradas do que de depósitos. Segundo dados divulgados nesta quarta-feira (8) pelo Banco Central (BC), as saques superaram os depósitos em R$ 15 bilhões.
Ao longo do mês, os investidores movimentaram R$ 356,6 bilhões em aplicações, enquanto os valores sacados totalizaram R$ 371,6 bilhões. Os rendimentos creditados nas contas durante esse período atingiram R$ 6,4 bilhões, resultando na manutenção do saldo total da poupança em pouco mais de R$ 1 trilhão.
Este é o terceiro mês consecutivo de saldo negativo na caderneta de poupança. Nos primeiros quatro meses de 2025, o saldo também registrou saques, mas houve entradas líquidas positivas em maio e junho. No acumulado do ano até agora, o saldo líquido da poupança registra uma perda de R$ 78,5 bilhões.
Nos últimos anos, a tendência de saques superiores aos depósitos na poupança tem se intensificado. Entre 2023 e 2024, as retiradas líquidas atingiram respectivamente R$ 87,8 bilhões e R$ 15,5 bilhões.
Dentre os motivos que explicam esse comportamento está a manutenção da taxa básica de juros, a Selic, em patamares elevados, tornando alternativas de investimento mais atraentes. Em julho, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC interrompeu uma sequência de sete altas consecutivas na taxa de juros, mantendo-a em 15% ao ano. A estratégia visa assegurar o cumprimento da meta inflacionária de 3%.
Com o aumento dos juros, os custos de crédito sobem e o consumo desacelera, contribuindo para o controle dos preços. Até agosto, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, acumulou alta de 5,13% em doze meses.