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Acidente
10/10/2025 12:00:00

Aumento de Problemas Oculares em Brasília Durante Período de Baixa Umidade

Especialista alerta sobre os efeitos do clima seco, uso excessivo de telas e ar-condicionado na saúde dos olhos

Aumento de Problemas Oculares em Brasília Durante Período de Baixa Umidade

Durante os meses de clima árido na capital federal, o desconforto ocular tem se tornado uma preocupação crescente, levando muitas pessoas a buscarem atendimento médico. Além de afetar a pele e a respiração, a baixa umidade do ar provoca sintomas como irritação, sensação de areia nos olhos e visão embaçada, com risco de desenvolver a síndrome do olho seco e blefarite, uma inflamação nas pálpebras.

De acordo com a oftalmologista Stefânia Diniz, integrante do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), as queixas relacionadas à irritação ocular aumentam aproximadamente 25% entre os meses de maio a setembro, período em que a umidade relativa do ar em Brasília cai abaixo de 20%, nível inferior ao recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Ela explica que o filme lacrimal, responsável por manter os olhos lubrificados e protegidos, evapora mais rapidamente em ambientes extremamente secos, levando a sintomas como ardência, vermelhidão, sensação de areia, visão turva ao final do dia, lacrimejamento excessivo e olhos vermelhos.

Stefânia reforça que a síndrome do olho seco surge quando há deficiência na produção ou alterações na qualidade das lágrimas, tornando a superfície ocular vulnerável. Mesmo indivíduos sem histórico oftalmológico podem sentir desconforto nesses períodos de estiagem, e quem já possui predisposição sofre agravamento. Durante a seca, os níveis de umidade do ar podem assemelhar-se aos de um deserto, sendo os olhos um dos primeiros órgãos a serem afetados.

Os sintomas iniciais incluem ardor, sensação de areia, visão turva, lacrimejamento e vermelhidão ocular, além de fadiga visual e dificuldade de manter os olhos abertos por longos períodos.

O uso contínuo de telas de computadores, celulares ou televisores intensifica o problema, pois reduz a frequência de piscadas em cerca de 60%, facilitando a evaporação da lágrima e comprometendo a proteção da superfície ocular. A especialista recomenda a prática da regra 20-20-20: a cada 20 minutos, olhar para algo a 6 metros de distância durante 20 segundos, piscando de forma consciente, para evitar o agravamento dos sintomas.

Outro fator que contribui para o agravamento da saúde ocular na estação seca é o ar condicionado, que diminui ainda mais a umidade do ambiente e acelera a evaporação da lágrima. Ventiladores, exposição prolongada ao vento e poeira também aumentam os riscos. Além disso, hábitos como ingestão insuficiente de água, dieta pobre em ômega 3, consumo excessivo de cafeína e álcool, tabagismo, uso de certos medicamentos e lentes de contato podem piorar a lubrificação natural dos olhos.

A blefarite, inflamação nas pálpebras causada pelo entupimento das glândulas que produzem a camada oleosa das lágrimas, é bastante comum nesse período.

Quando essas glândulas, chamadas meibomianas, não funcionam adequadamente, a qualidade da lágrima se deteriora, levando à evaporação rápida e ao aumento dos sintomas, como coceira, crostas nos cílios ao despertar, vermelhidão, queda de cílios e infecções recorrentes.

Para minimizar os efeitos do clima seco, pequenas ações diárias podem ajudar, como piscar com maior frequência, evitar ambientes com ar-condicionado excessivo, usar umidificadores ou recipientes com água nos cômodos, aplicar colírios lubrificantes sem conservantes sob orientação médica e manter a higiene das pálpebras com produtos específicos.

A hidratação adequada do corpo também é fundamental. Em casos mais severos, o uso de lágrimas artificiais, sempre sob supervisão médica, pode proporcionar alívio. A especialista adverte que o uso inadequado de colírios pode piorar os sintomas ou mascarar problemas mais graves.

Produtos vendidos sem receita podem conter vasoconstritores ou conservantes que, a longo prazo, aumentam o ressecamento e podem levar à dependência ocular. Além disso, o olho seco pode ser sintoma secundário de doenças mais complexas.

Por fim, Stefânia recomenda procurar um oftalmologista ao perceber sintomas frequentes ou persistentes, destacando que, em uma cidade como Brasília, onde a secura do ar é constante, o cuidado com os olhos deve ser uma prioridade de saúde.