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Guerra
08/10/2025 20:00:00

Israel e Hamas trocam listas de reféns e prisioneiros enquanto negociações de paz avançam no Egito

Israel e Hamas trocam listas de reféns e prisioneiros enquanto negociações de paz avançam no Egito

As conversas indiretas entre Israel e o Hamas continuam em Sharm el-Sheikh, no Egito, com o objetivo de encerrar a guerra na Faixa de Gaza e libertar os 48 reféns ainda mantidos pelo grupo palestino. A partir desta quarta-feira, passam a participar das tratativas os enviados dos Estados Unidos Steve Witkoff e Jared Kushner, o primeiro-ministro do Catar, xeque Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, e o chefe da inteligência turca, Ibrahim Kalin.

De acordo com o dirigente palestino Taher al-Nounou, as duas partes trocaram as listas dos prisioneiros que poderão ser libertados. Entre os nomes estão 20 reféns vivos em Gaza e prisioneiros palestinos detidos em Israel, cuja troca está prevista para ocorrer logo após o início da trégua. A população palestina aguarda especialmente a libertação de cerca de 250 presos políticos que cumprem penas de prisão perpétua. Nounou afirmou à AFP que há “um espírito de otimismo” nas negociações e que os mediadores trabalham para eliminar os obstáculos à implementação das etapas do cessar-fogo.

Entre as possíveis libertações está a de Marwan Barghouti, de 66 anos, visto como símbolo da resistência palestina. Condenado em 2004 por ordenar ataques durante a segunda Intifada, Barghouti é comparado a Nelson Mandela por seus apoiadores e citado como uma das figuras mais populares entre os palestinos. Mesmo assim, Israel tem resistido à ideia de libertá-lo. “Ele é um herói para nós, mas exatamente por isso não o deixarão sair”, disse Hussein, morador da Cisjordânia.

Israel tem analisado cada pedido de libertação individualmente, excluindo qualquer envolvido nos ataques de 7 de outubro de 2023.

As negociações ganharam um tom mais ameno na terça-feira, segundo fontes citadas pela Reuters, e esta quarta é considerada um dia “crucial” para avaliar os avanços. O plano proposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prevê a retirada das forças israelenses de Gaza, o fim dos combates, a libertação dos reféns e o desarmamento do Hamas, além do envio de ajuda humanitária à região.

Um alto funcionário israelense afirmou que “nunca houve condições tão favoráveis para um acordo”, destacando que a conjuntura política e militar pode permitir avanços concretos. Mesmo assim, reconheceu que definir os detalhes ainda demandará tempo.

O principal negociador do Hamas, Khalil Al Hayya, disse no Egito que o grupo exige “garantias” de Trump e dos mediadores de que a guerra terminará definitivamente. “Não confiamos em Israel”, declarou. Já o ministro israelense Ron Dermer, aliado de Benjamin Netanyahu, também participa das tratativas. Fontes palestinas informam que os primeiros pontos de consenso tratam da retirada gradual das tropas e do cronograma de troca de prisioneiros e reféns.

O Hamas aceitou libertar os reféns, mas condicionou o acordo ao fim da ofensiva israelense e à retirada total de Gaza, sem mencionar o desarmamento. Netanyahu, por sua vez, apoia o plano, mas defende que o Exército permaneça no território e insiste no desmantelamento do grupo islamista.

O presidente Donald Trump pediu à Turquia que convencesse o Hamas a aceitar a paz, segundo o presidente turco Recep Tayyip Erdogan. “Ele solicitou que conversássemos com o Hamas e os persuadíssemos”, disse Erdogan, acrescentando que o grupo demonstrou disposição para negociar.

Erdogan afirmou ainda que Ancara tem atuado há anos para encerrar o conflito e proteger os civis em Gaza, mantendo diálogo constante com o Hamas.

A guerra, iniciada após o ataque de 7 de outubro de 2023, deixou 1.219 mortos em Israel, a maioria civis. Das 251 pessoas sequestradas naquela data, 48 permanecem em poder do Hamas, e quase metade delas já estaria morta, segundo o Exército israelense. Em resposta, Israel lançou uma ofensiva que devastou Gaza e provocou uma crise humanitária, com mais de 67 mil mortos, a maioria civis, conforme o Ministério da Saúde controlado pelo Hamas.

A ONU declarou estado de fome em partes do território e seus investigadores acusam Israel de cometer genocídio — acusações que o governo israelense nega categoricamente.