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Saúde
07/10/2025 12:00:00

Alerta sobre Alta Incidência de Paralisia Cerebral em Novas Gerações no Brasil

Estudo destaca a importância do diagnóstico precoce para melhorar a qualidade de vida das crianças afetadas

Alerta sobre Alta Incidência de Paralisia Cerebral em Novas Gerações no Brasil

O Brasil registra aproximadamente 8 mil diagnósticos anuais de paralisia cerebral em recém-nascidos. Este dado, divulgado pelo Registro Brasileiro de Paralisia Cerebral (RB-PC), se refere a informações coletadas entre 2024 e 2025 e evidencia a necessidade de o diagnóstico ser realizado o quanto antes, para aumentar as chances de intervenção eficaz.

A condição, considerada a deficiência motora mais comum na infância, acomete cerca de 18 milhões de pessoas globalmente, de acordo com a World Cerebral Palsy Guide. No território nacional, estima-se que aproximadamente 500 mil indivíduos, incluindo crianças e adultos, vivam com essa deficiência.

Entre os recém-nascidos, a cada ano, cerca de 8 mil recebem o diagnóstico, enquanto entre 1.200 a 1.500 crianças em idade pré-escolar também são afetadas. Dados internacionais mostram que o tipo espástico representa 74,9% dos casos no Brasil, uma proporção próxima à média global, que fica por volta de 80%. Segundo o neurologista Dr. Philipe Marques Cunha, da Afya Educação Médica em Belo Horizonte, a paralisia cerebral é um grupo de distúrbios que impactam movimentos e postura, originados por lesões ou anormalidades cerebrais que acontecem antes, durante ou logo após o nascimento.

Ele explica que, embora seja uma condição permanente, ela geralmente não evolui para formas progressivas, afetando o controle motor e influenciando o desenvolvimento integral da criança. Os sintomas tendem a surgir na infância e podem variar bastante entre os indivíduos. A pesquisa também aponta que até 90% dos casos têm origem durante a gestação ou no período neonatal.

Entre os participantes do estudo, 50,3% tiveram parto prematuro, e 71,6% das lesões cerebrais ocorreram antes do nascimento ou nos primeiros 28 dias de vida, reforçando a relação entre prematuridade, baixo peso ao nascer e o aumento do risco de desenvolver a condição. A vulnerabilidade cerebral dessas crianças é agravada por sistemas nervoso e vascular imaturos, que tornam os cérebros mais suscetíveis a danos. Complicações no parto, como hipóxia e isquemia cerebral, também contribuem para o quadro.

Outro aspecto preocupante é o atraso no diagnóstico. Dados indicam que 33,6% das pessoas com paralisia cerebral só recebem confirmação após completar um ano de vida. Segundo Dr. Philipe, detectar precocemente essa condição é crucial, pois possibilita a implementação de terapias que estimulam o desenvolvimento motor, promovem maior funcionalidade e reduzem sequelas, elevando a qualidade de vida.

O diagnóstico clínico envolve a avaliação do progresso motor e do tônus muscular da criança, complementados por exames de imagem cerebral, como ressonância magnética ou tomografia. No cenário mundial, os dados revelam a gravidade da paralisia cerebral: uma em cada quatro crianças afetadas não consegue falar, uma em três não consegue caminhar, e aproximadamente metade também sofre de deficiência intelectual.

Sinais precoces incluem dificuldade em sustentar a cabeça, atraso no controle postural, alterações no tônus muscular (muito rígido ou muito flácido), movimentos assimétricos, além de irritabilidade ou fraqueza incomum, conforme explica o neurologista.