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Acidente
04/10/2025 04:00:00

Redução da Desigualdade Urbana: Progresso e Persistências em Grandes Cidades do Brasil

Estudo revela avanço na diminuição da pobreza, mas aponta disparidades sociais contínuas nas principais metrópoles

Redução da Desigualdade Urbana: Progresso e Persistências em Grandes Cidades do Brasil

De acordo com a 16ª edição do relatório intitulado Relatório de Desigualdade nas Áreas Metropolitanas, elaborado pelo Observatório das Metrópoles em parceria com a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), Data Social e Rede Odsal, as maiores cidades do país atingiram seus níveis mais baixos de desigualdade e pobreza desde 2012.

Entre os anos de 2021 e 2024, o índice de disparidade salarial apresentou uma redução de quase 20%. Nesse mesmo período, a proporção de habitantes em situação de pobreza caiu de 31% para 19%, o que corresponde à saída de mais de 9,5 milhões de pessoas da condição de indigência.

O avanço mais notável ocorreu na taxa de extrema pobreza, que diminuiu de 6,8% para 3,3%, atingindo o menor valor da série histórica. Essa diminuição significa que mais de 2,8 milhões de indivíduos deixaram essa condição. Segundo o especialista André Ricardo Salata, docente na PUC-RS e um dos principais autores do estudo, a melhora no mercado de trabalho foi o fator mais importante para essa redução.

"O mercado de trabalho apresentou maior dinamismo, com queda na taxa de desemprego e uma inflação controlada. Além disso, o retorno às políticas de valorização real do salário mínimo foi fundamental", destacou. Programas sociais também tiveram papel crucial na diminuição da desigualdade, incluindo o fortalecimento do Bolsa Família, o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e operações de microcrédito.

Apesar dessas conquistas, a disparidade ainda é significativa: em 2024, os 10% mais ricos das regiões metropolitanas receberam, em média, 15,5 vezes mais do que os 40% mais pobres. Salata enfatiza que o combate ao problema necessita de ações integradas de curto, médio e longo prazo. "Nosso sistema tributário é altamente injusto e regressivo.

Embora existam taxas elevadas, elas são mal aplicadas. Medidas que tornem esse sistema mais progressivo podem ajudar a reduzir as desigualdades, ainda que sozinhas não resolvam tudo", avaliou. O relatório também alerta que, apesar dos avanços recentes, a desigualdade interna nas principais áreas metropolitanas do Brasil permanece superior à média nacional.

Cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília apresentam alta renda média, mas também evidenciam grandes diferenças sociais. Em 2024, o coeficiente de Gini, que mede a desigualdade de renda (quanto mais próximo de 1, maior a disparidade), foi de 0,536 em São Paulo, 0,547 em Brasília e 0,556 em Recife, valores superiores à média nacional de 0,534.

Quando se analisam as diferenças de rendimento, os 10% mais ricos receberam, em média, 17,6 vezes mais do que os 40% mais pobres em Recife, 17,1 vezes em Brasília e 15,6 vezes em São Paulo.