Manter uma postura de afeto e atenção aos idosos é fundamental, especialmente diante de episódios recentes que destacam a negligência com essa parcela da população. Ontem, dedicamos atenção especial àqueles que atingiram a terceira idade, muitas vezes relegados ao esquecimento por preconceitos ou pela indiferença dos jovens atuais.
Nos últimos quinze dias, dois incidentes envolvendo um idoso cadeirante e vulnerável ilustram a grave situação. Sem qualquer apoio ou amparo legal, ele enfrentou abusos e desrespeito, evidenciando a inoperância das instituições públicas e de órgãos que deveriam garantir seus direitos. Surpreendentemente, tais entidades, criadas para proteger a sociedade, abrigam dentro de seus quadros indivíduos marginais, protegidos por legislação falha e sem respaldo jurídico efetivo.
Os Incidentes
O primeiro episódio refere-se a um roubo. Um idoso, na loja da operadora Claro localizada na Avenida Fernandes Lima, solicitou um transporte por aplicativo com duas paradas: uma na Rua Júlio Plech Filho e a outra na Avenida Doutor Antônio Gouveia. Porém, o motorista, alegando trânsito congestionado — era por volta das 11h30 — decidiu seguir por um percurso alternativo, passando pela 'Ladeira da Moenda', assustando o passageiro mais velho, que permaneceu silencioso aguardando o que viria a seguir. A viagem, então, foi feita de forma irregular, zig-zagueando fora do trajeto planejado.
Ao chegar na primeira parada, o idoso desceu para recolher suas roupas, enquanto o condutor do veículo desapareceu sem que ele percebesse. Como precisava retornar a casa para se alimentar e tomar seus medicamentos, o idoso acionou outro carro pelo mesmo aplicativo. Para sua surpresa, a tarifa cobrada foi de R$ 27,00 — valor integral da corrida. Tal ato configurou um possível roubo ou golpe, ao que a empresa respondeu de forma lacônica que "no momento, não é possível alterar o valor da corrida". Essa resposta levanta sérias questões quanto à conivência do sistema.
Infelizmente, golpes semelhantes são frequentes, com motoristas que deixam passageiros no meio do caminho ou se negam a encerrar a viagem, além de dificultar o reembolso. Sempre que o usuário tenta reclamar, encontra justificativas para não tomar providências, demonstrando a vulnerabilidade do consumidor diante do poder dessas multinacionais do transporte.
Outro caso, ocorrido ontem, 1º de outubro — dia dedicado aos idosos — reforça essa negligência. Um idoso cadeirante foi até a Caixa Econômica Federal por volta do meio-dia e solicitou um transporte. Após uma demora de 17 minutos, justificada por uma suposta "demanda elevada" ou por ser um horário de pico — argumentos utilizados para inflacionar a tarifa —, uma motorista apareceu, visivelmente estressada e demonstrando impaciência. A mulher ao volante, cujo carro tinha placa final 3, afirmou que só aceitaria a viagem se o idoso fosse colocado no banco de trás. Antes mesmo de ouvir qualquer explicação, ela cancelou a corrida e saiu do local. O idoso tem problemas de circulação nas duas pernas.
Esse cenário revela a ausência de fiscalização efetiva por parte dos vereadores, do Departamento Municipal de Trânsito, deputados e do próprio legislativo, além de órgãos como o Procon, que deveriam defender o consumidor, mas não o fazem de maneira adequada.
Paralelamente, a parcialidade das empresas de aplicativos é evidente. Sem representantes em Maceió e sem transparência na seleção dos motoristas, esses serviços colocam os usuários em risco, expondo-os a condutores marginais ou preconceituosos, como foi o caso do primeiro episódio relatado. A quem recorrer nesses momentos? Apesar de o idoso possuir proteções legais previstas na legislação federal, a falta de fiscalização e de mecanismos de defesa eficazes é alarmante.
É importante destacar que há muitos motoristas honestos, atenciosos e dedicados, que representam a maior parte dessa categoria. Portanto, as críticas não se dirigem a todos, mas sim à má gestão e à negligência de certas empresas e órgãos públicos.
Antonio Aragão