Com música, dança e integração, destacando a importância do envelhecimento ativo e da promoção da qualidade de vida, o projeto EnvelheSer Ativo da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) realizou, na tarde desta terça-feira (20), uma programação especial em homenagem ao Dia Internacional do Idoso, celebrado mundialmente nesta quarta-feira (1º).
O projeto é vinculado ao Grupo de Pesquisa Multiprofissional sobre Idosos (GPMI) da Escola de Enfermagem (EENF) e à Universidade da Pessoa Idosa (Unapi) do Instituto de Educação Física e Esporte (Iefe). Tem como objetivo promover encontros, reuniões e palestras que trabalham pela constante valorização da pessoa idosa. As atividades são conduzidas por uma equipe multidisciplinar, focando em assuntos que atendam aos interesses dos participantes. “Sempre buscamos discutir temas que auxiliem na busca de direitos, na qualidade de vida, na promoção da saúde e bem estar”, contou Elizabeth Sousa, coordenadora do GPMI e professora do curso de Enfermagem.
A Unapi, existente há 15 anos, também possibilita a interação entre a comunidade e a universidade, por meio do ensino, da pesquisa e da promoção de trocas de saberes e conhecimentos de maneira simbiótica. “Participo daqui há nove anos e acho maravilhoso. Aprendo muito e adoro esses momentos de interação, de festa. E também mostro aos jovens que, aos 77 anos, ainda tenho muito a viver e resenhar”, contou Navalci Moura, uma das mais animadas da festa.
Mudanças na constituição populacional
No Brasil, a população idosa é de mais de 32 milhões de pessoas, segundo dados do censo de 2022 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em Alagoas, os idosos representam cerca de 13,1% da população do estado, conforme dados do mesmo instituto. Por isso, a adoção pela universidade de programas e eventos para este público se torna essencial, como forma de cumprimento de sua função social.
“O mundo e o Brasil estão passando por um processo de envelhecimento populacional significativo. Embora o papel da Unapi seja o de promover a qualidade de vida, aqui também funcionamos como um espaço de escuta, acolhimento e integração para aqueles que, muitas vezes, se aposentam e se veem marginalizados pela sociedade. A Ufal desempenha um papel importante na medida em que promove, em vários cursos, essa discussão”, contou Socorro Dantas, coordenadora da Unapi e professora do Iefe.
Um novo olhar após os 60 anos
A vida após os 60 anos tem se revelado como um campo fértil para novos começos, desafios e buscas por sonhos e desejos adiados. É o caso de Júlia Lopes. Aos 71 anos, e frequentando o EnvelheSer há dois, ela contou que nunca teve a oportunidade de estudar devido ao casamento e aos preconceitos da época. “Enviuvei há pouco tempo e decidi investir em mim: voltei aos estudos, que havia largado no 4º ano, e estou me redescobrindo na escola. Amo estudar, amo aprender e este é só o início. Quem sabe, um dia, eu não venha para a Ufal como aluna? É um objetivo que não descarto”, disse entusiasmada.
Chamando a atenção pelos seus longos cabelos coloridos, Gildete Raimunda da Silva, apelidada carinhosamente de Ariel pelos amigos do grupo, em alusão à princesa de cabelos ruivos, mostra que a longevidade, acompanhada de melhores condições de saúde e qualidade de vida, amplia horizontes e desafia estereótipos associados ao envelhecimento. “Gosto de ser feliz e aqui sou incentivada! Amo me embelezar: sou colorida, uso shorts, vestidos, me maquio, uso batons chamativos que destacam meus olhos verdes. Não ligo para idade, números, nada”, brincou.
O passar dos anos também significa novos recomeços e abertura de novos caminhos, possibilidades de ser feliz e redescoberta de sentimentos julgados adormecidos. Erivaldo Ramos, de 74 anos, nunca imaginou que se casaria novamente. “Enviuvei moço e assim permaneci. Em 2023, tudo mudou quando a vi passar. Não perdi tempo, pedi em namoro e logo em casamento”, contou ele se referindo a Zenilda Albuquerque, 69 anos, com quem está casado no civil desde abril 2024.
Zenilda também contou o quanto foi bom descobrir o amor e poder realizar sonhos, independente da idade. “Eu nunca deixei de acreditar que casaria no religioso e, em 13 de dezembro de 2024, me vesti de noiva e realizei esse desejo. Ser idoso não significa que a vida parou ou que não podemos sonhar mais. Hoje, sou muito feliz ao lado de alguém que amo e que conheci depois dos 65 anos”, concluiu.