Durante uma audiência no Senado, o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, apresentou uma análise contundente da atual situação das Forças Armadas no Brasil.
Ele destacou que o país enfrenta um cenário de negligência, decorrente de recursos escassos e projetos estratégicos atrasados, configurando uma condição que foi descrita como "humilhante", especialmente ao ser comparada aos países vizinhos.
Segundo o ministro, o Brasil atualmente mantém o menor nível de gastos em defesa na América do Sul. Grande parte do equipamento militar encontra-se parado devido à falta de manutenção e combustíveis, enquanto iniciativas de grande porte, como os caças Gripen e o programa de submarinos, sofrem com atrasos e dificuldades financeiras.
Múcio reforçou que a situação orçamentária impede até mesmo a reposição de armas e munições, pois o país simplesmente não dispõe de recursos para adquiri-los: "Não realizamos compras por não termos condições financeiras." Ele também alertou que, no setor aéreo, a Venezuela já dispõe de caças mais modernos e eficientes do que os brasileiros.
Dados internos indicam que cerca de 91% do orçamento de Defesa de 2025 já está comprometido com despesas obrigatórias, deixando pouco espaço para manutenção e modernização das forças.
Os comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica também alertaram o Palácio do Planalto sobre as dificuldades de manter a rotina operacional, especialmente devido à escassez de combustível e aos atrasos nos contratos. O discurso de Múcio evidencia não apenas riscos práticos à defesa do país, mas também um desgaste simbólico, uma vez que as Forças Armadas, tradicionalmente vistas como pilares na preservação da soberania nacional, enfrentam uma crise de imagem.
"É uma situação humilhante para uma nação que busca ser líder regional", afirmou o ministro. Essas declarações devem impulsionar debates no Congresso acerca da necessidade de estabelecer um piso de investimentos obrigatórios na área de Defesa, possivelmente atrelado a uma porcentagem do PIB. Entretanto, o governo encontra dificuldades fiscais que dificultam o aumento dos gastos, sob a pressão de outras áreas prioritárias.
Parlamentares de diferentes espectros políticos já articulam propostas para reforçar o orçamento militar. Entre as iniciativas discutidas estão a reestruturação de contratos estratégicos e a busca por financiamentos adicionais para adquirir equipamentos essenciais.
Enquanto a questão financeira persiste, a capacidade de prontidão das Forças Armadas fica cada vez mais comprometida, levantando dúvidas quanto à aptidão do Brasil de responder a crises de defesa e segurança na região.