Uma possível interrupção na administração federal, comummente referida como shutdown, deve dominar as manchetes nos próximos dias.
Essa situação pode ocorrer caso os legisladores americanos não cheguem a um consenso sobre o orçamento, especialmente após a próxima terça-feira (30). Segundo o Serviço de Pesquisa do Congresso, até o momento, o governo dos Estados Unidos enfrentou 14 períodos de paralisações desde 1981.
A mais prolongada delas durou 35 dias, de dezembro de 2018 a janeiro de 2019, durante o mandato de Donald Trump. Se os parlamentares não aprovaram um pacote de despesas anuais ou uma extensão temporária do financiamento, diversas agências e funções governamentais poderão ser suspensas até que novas aprovações de recursos sejam realizadas. O termo 'shutdown' descreve uma situação na qual o governo necessita interromper certos serviços de seus departamentos e entidades devido a um impasse na aprovação do orçamento.
Essa incerteza também impacta os mercados financeiros. A suspensão na divulgação de indicadores econômicos importantes, utilizados por autoridades monetárias e investidores, pode gerar um clima de instabilidade, levando os investidores a preferirem ativos de renda fixa ou a valorizarem o dólar, buscando segurança.
Além disso, indicadores econômicos importantes podem ser adiados, afetando as decisões de políticas econômicas e causando volatilidade nas bolsas de valores, como a de Nova York.
As taxas de títulos do Tesouro americano tendem a subir, assim como o valor do dólar. De acordo com o Escritório de Orçamento do Congresso, o shutdown de 2018-2019 resultou em uma perda de aproximadamente US$ 3 bilhões para a economia dos EUA, equivalente a 0,02% do Produto Interno Bruto.
No âmbito dos trabalhadores federais, milhares são diretamente afetados. Muitos são dispensados temporariamente, enquanto outros considerados essenciais continuam desempenhando suas funções, muitas vezes sem remuneração até que o impasse seja resolvido.
O conflito entre os partidos ocorre porque os republicanos, aliados ao ex-presidente Donald Trump, defendem uma proposta de lei que prorrogaria o orçamento até novembro, oferecendo mais tempo para elaborar uma legislação detalhada de gastos para o restante do ano fiscal.
Essa proposta também prevê aumento dos recursos destinados à segurança dos membros do Congresso e de outros órgãos, devido a preocupações com possíveis ondas de violência política.
Por outro lado, os democratas defendem a ampliação dos subsídios para cuidados de saúde de quem contrata seguros por meio da Lei de Cuidados Acessíveis. Ainda que sejam minoria no Congresso, sua influência é limitada, pois a aprovação do orçamento exige pelo menos 60 votos no Senado, onde o Partido Republicano detém a maioria.
A disputa entre os grupos impede a aprovação rápida de uma solução, colocando em risco diversas funções do governo e a estabilidade econômica do país.