O jornalista Anas al-Sharif, um dos principais correspondentes da Al Jazeera na cobertura da guerra em Gaza, foi morto neste domingo (10) junto a outros quatro profissionais da emissora durante um ataque israelense direcionado. Israel admitiu a autoria da ação e alegou que Sharif era membro do Hamas, o que foi negado pela rede de TV e por organizações de imprensa. O episódio provocou forte condenação de grupos de defesa da liberdade de imprensa e de direitos humanos.
Segundo autoridades locais e a própria Al Jazeera, o ataque ocorreu próximo ao Hospital Al-Shifa, no leste da Cidade de Gaza, atingindo uma tenda onde os jornalistas estavam. Além das cinco vítimas da emissora, outras duas pessoas morreram e a entrada do setor de emergência do hospital foi danificada. A rede catari afirmou que a ação foi uma tentativa deliberada de silenciar repórteres antes de uma possível ofensiva israelense.
Entre os mortos, além de Sharif, de 28 anos, estavam Mohammed Qreiqeh, Ibrahim Zaher e Mohammed Noufal. Sharif já havia declarado publicamente que não possuía vínculos com o Hamas e que seu trabalho era apenas jornalístico. Ele integrou, em 2024, a equipe da Reuters que recebeu o Prêmio Pulitzer na categoria Fotografia de Breaking News pela cobertura do conflito.
O governo do Catar condenou o ataque, classificando-o como um crime grave e uma prova da ineficácia das leis internacionais para proteger jornalistas. O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) afirmou que Israel não apresentou provas concretas das acusações e criticou o padrão de rotular profissionais de imprensa como militantes sem evidências confiáveis.
Este foi o primeiro caso, desde o início da guerra em outubro de 2023, em que Israel assumiu rapidamente a responsabilidade por matar um jornalista em operação militar. Desde então, jornalistas internacionais estão proibidos de entrar em Gaza, e a cobertura tem ficado quase exclusivamente a cargo de repórteres palestinos, que atuam sob alto risco. O CPJ contabiliza ao menos 186 jornalistas mortos no conflito, enquanto autoridades de Gaza falam em 237.
A relação de Israel com a Al Jazeera é marcada por tensões. Em 2024, o país proibiu as atividades da emissora, acusando-a de ameaçar a segurança nacional e de atuar como porta-voz do Hamas. A rede, fundada no Catar em 1996, nega as acusações e mantém foco crítico na cobertura da guerra, frequentemente mostrando o impacto dos bombardeios sobre a população palestina.