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Brasil
10/08/2025 07:00:00

Recuperação de áreas degradadas pode contar com R$ 31,4 bilhões

Recuperação de áreas degradadas pode contar com R$ 31,4 bilhões

Cerca de 1,5 milhão de hectares de áreas degradadas em todo o Brasil poderão ser recuperados até 2027 com os recursos mobilizados no segundo leilão do Programa Eco Invest Brasil. O evento contou com a participação de 11 instituições financeiras que aportaram R$ 17,3 bilhões em capital catalítico, capaz de destravar até R$ 31,4 bilhões em investimentos totais, combinando recursos públicos e privados.

O Tesouro Nacional divulgou os resultados desta etapa do programa, lançado em 2024 para estimular a captação de recursos privados em projetos sustentáveis. O Eco Invest Brasil faz parte do Plano de Transformação Ecológica, lançado em 2023.

O capital catalítico envolve investimentos de caráter filantrópico, com maior tolerância a riscos, priorizando o retorno social dos projetos e alavancando financiamentos tradicionais no mercado. Do total levantado no leilão, R$ 16,5 bilhões vieram da linha pública do Eco Invest.

O edital do segundo leilão, lançado em abril, visa a recuperação de cerca de 1,5 milhão de hectares em biomas como Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga, Pampa, Pantanal e Amazônia, que foi incluída na etapa em junho. As propostas foram submetidas até 21 de julho, após duas prorrogações, e passaram por critérios ambientais rigorosos, contemplando a restauração do solo e a preservação da fauna e flora locais.

Cada proposta foi avaliada segundo a alavancagem financeira e o volume de hectares a recuperar, com exigência mínima de investimento de R$ 100 milhões. Os recursos serão aplicados pelo Programa Caminho Verde Brasil, do Ministério da Agricultura e Pecuária, e pelo Plano Nacional de Recuperação de Vegetação Nativa (Planaveg), coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima.

O leilão contou com suporte técnico do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que auxiliou na estruturação das linhas de crédito climático, e da Embaixada do Reino Unido no Brasil, que incentivou soluções financeiras com impacto socioambiental positivo.

Segundo o BID, a área a ser recuperada equivale a quase três vezes o tamanho do Distrito Federal, com potencial para gerar mais de 170 mil empregos. Os recursos beneficiarão produtores rurais, cooperativas e empresas ligadas ao agronegócio, incluindo fabricantes de bioinsumos, empresas de tecnologia agrícola, frigoríficos, processadoras de alimentos, usinas de biocombustíveis e traders financeiros. O foco é assegurar que a restauração ambiental seja acompanhada por inclusão social e desenvolvimento produtivo.

Entre as obrigações do programa estão o monitoramento contínuo dos impactos ambientais, como as emissões de gases de efeito estufa, avaliações regulares da qualidade do solo e o aumento da cobertura vegetal permanente. As instituições financeiras participantes devem destinar ao menos 50% de seus investimentos à produção de alimentos, com destaque para proteína animal e lavouras, priorizando também a recuperação da Caatinga.

O primeiro leilão do Eco Invest Brasil, homologado em novembro de 2024, captou R$ 6,81 bilhões em capital público catalítico. Os bancos buscam captar R$ 37,55 bilhões em recursos privados para esses projetos, o que totalizaria R$ 44,36 bilhões em investimentos. Cerca de 50% desses recursos serão direcionados à transição energética, incluindo biocombustíveis, transporte sustentável e eficiência energética, com outros investimentos previstos em economia circular, bioeconomia, infraestrutura e adaptação às mudanças climáticas.