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Economia
01/08/2025 10:00:00

Tarifas de Trump não devem afetar Zona Franca de Manaus, dizem representantes do setor

Tarifas de Trump não devem afetar Zona Franca de Manaus, dizem representantes do setor

As novas tarifas comerciais impostas pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, previstas para entrar em vigor na próxima semana, não devem gerar impactos significativos na Zona Franca de Manaus (ZFM). A avaliação é de representantes do setor produtivo do Amazonas, que já esperavam efeitos limitados mesmo antes da divulgação da lista de exceções adotada pelo governo americano.

O secretário de Estado de Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Sedecti), Serafim Corrêa, destacou em entrevista à TV A Crítica que o Polo Industrial de Manaus (PIM) exportou, no último ano, US$ 99 milhões para os EUA, o que representa menos de 1% das exportações totais do polo. Já as vendas para o mercado interno brasileiro chegaram a US$ 37,5 bilhões.

Segundo Corrêa, o polo industrial vive um momento de grande produção e aquecimento econômico. “Nos primeiros seis meses do ano, o polo de Duas Rodas fabricou 1 milhão de motocicletas. Levamos dez anos para atingir esse número no passado. Agora fizemos isso em apenas meio ano”, afirmou.

A declaração foi uma resposta às previsões da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que inicialmente estimava prejuízos de até R$ 1,1 bilhão no Produto Interno Bruto (PIB) do Amazonas devido às tarifas. Após revisão, a própria CNI corrigiu os dados e reduziu a projeção de impacto para R$ 1,1 milhão, classificando o estado como o menos afetado do país.

Serafim Corrêa reforçou que a ZFM tem foco no abastecimento do mercado interno, e que a relação comercial com os EUA é desequilibrada, já que o Brasil importa muito mais do que exporta. “A dependência do Amazonas em relação ao mercado norte-americano é mínima. Nós compramos peças que são transformadas aqui e depois vendidas no Brasil. Não haverá qualquer prejuízo com as tarifas, que inclusive repudiamos”, ressaltou.

O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Antônio Silva, também minimizou os possíveis efeitos. Segundo ele, a lista de exceções divulgada pelos EUA inclui cerca de 700 produtos, entre eles itens produzidos no Amazonas, como madeira e castanha-do-pará. Para Silva, os impactos serão pontuais e a estrutura da ZFM, voltada para o consumo interno, permite absorver eventuais mudanças no comércio internacional.

Ele explicou que menos de 1,5% do faturamento total da ZFM corresponde a exportações, e apenas 10% desse valor tem os EUA como destino, o que significa que apenas 0,15% do faturamento poderia ser atingido pelas tarifas. “É um impacto marginal. A maior parte da produção é voltada ao mercado brasileiro, o que nos deixa menos vulneráveis a medidas desse tipo”, disse.

Lúcio Flávio de Oliveira, presidente executivo do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), lembrou que, entre os 27 estados brasileiros, o Amazonas ocupa a 16ª posição em volume de exportações para os EUA. Segundo ele, as vendas externas do estado somaram quase US$ 100 milhões, com uma pauta bastante variada, tendo como destaque as motocicletas de alta cilindrada.

Ele também citou outros itens relevantes exportados, como nafta de Urucu (Coari), querosene de aviação e madeira, todos incluídos na lista de exceções das tarifas. Lúcio Flávio alertou, no entanto, que qualquer redução nas exportações brasileiras em geral pode afetar o poder de consumo interno, o que, por consequência, impactaria indiretamente a demanda pelos produtos fabricados na Zona Franca.

O superintendente da Suframa, Bosco Saraiva, divulgou os dez produtos mais exportados do Amazonas para os Estados Unidos em 2025, reforçando a ideia de que o impacto é pequeno. Entre os principais estão motocicletas com cilindrada superior a 125 cm³ (US$ 10,4 milhões), distribuidores automáticos de papel-moeda (US$ 6,5 milhões), engrenagens e componentes de transmissão (US$ 4,5 milhões), lentes para óculos (US$ 3,4 milhões), madeiras tropicais (US$ 1,93 milhão), querosene de aviação (US$ 1,46 milhão), motocicletas de menor cilindrada (US$ 1,3 milhão), insumos para bebidas (US$ 927,6 mil), castanhas-do-pará (US$ 772,8 mil) e cartas de baralho (US$ 541,7 mil).