Interesse dos EUA e da França por recursos minerais da Ucrânia divide opinião pública

Enquanto Donald Trump se prepara para formalizar um acordo que facilitará o acesso dos Estados Unidos às riquezas minerais da Ucrânia, a França também mantém negociações com Kiev para garantir o fornecimento desses recursos, especialmente para uso militar. No entanto, nas ruas ucranianas, essa movimentação internacional gera reações divergentes.

Na capital Kiev, a discussão sobre o tema desperta opiniões acaloradas. Para alguns, como Vlad, um assistente social de 26 anos oriundo do leste do país, a exploração dos recursos não seria um problema, desde que garantisse boas condições para a Ucrânia. No entanto, ele pondera que, no momento, não há garantias concretas de segurança. Preparando-se para se alistar nas forças ucranianas, ele enfatiza a necessidade de recuperar territórios ocupados pela Rússia, incluindo sua própria casa, onde não retorna há três anos.

Outros cidadãos, como Oksana, proprietária de um salão de cabeleireiro em Kiev, expressam resistência ao acordo, alegando que a Ucrânia já fez muitas concessões e não pode ceder mais. A preocupação central de muitos ucranianos é a falta de garantias de que a Rússia não voltará a atacar.

Donald Trump já deixou claro que os Estados Unidos não oferecerão garantias de segurança além do estritamente necessário, sugerindo que a responsabilidade por essa questão deveria recair sobre a Europa, vizinha da Ucrânia. O presidente norte-americano também afirmou que deseja recuperar o dinheiro investido na assistência concedida ao país desde o início da invasão russa. Declarações como essa irritam cidadãos como Tatiana, de 60 anos, que relembra que a ajuda fornecida durante o governo Biden foi gratuita e sem juros.

Na sexta-feira, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky deve se encontrar com Trump para concluir o acordo sobre o acesso norte-americano aos recursos minerais do país.

Além dos Estados Unidos, a França também busca acesso às riquezas minerais ucranianas. O ministro da Defesa francês, Sébastien Lecornu, afirmou que negociações estão em andamento desde outubro, com foco na demanda da indústria de defesa francesa por matérias-primas essenciais. Diferente de Trump, no entanto, Lecornu destacou que a França não espera reembolso da ajuda militar concedida à Ucrânia, mas busca garantir suprimentos estratégicos para as próximas décadas.

Zelensky já havia proposto incluir os minerais em seu "plano de vitória", iniciando diálogos não apenas com os EUA, mas também com a França. O interesse crescente das potências ocidentais nesses recursos reflete a importância estratégica da Ucrânia na geopolítica global, mas também gera preocupações sobre a soberania econômica do país em meio à guerra.