O aumento da longevidade populacional está associado a um risco maior de desenvolvimento de doenças crônicas, como a demência causada pelo Alzheimer. No Brasil, aproximadamente 2,71 milhões de pessoas vivem com a doença, mas 77% delas ainda não receberam diagnóstico, o que compromete o acesso a um tratamento adequado. Esses dados foram apresentados pelo médico Denis Melo, geriatra e psiquiatra especializado em Psicogeriatria, durante uma palestra realizada na sede do Ministério Público Estadual de Alagoas (MPAL), na manhã desta segunda-feira, 24.
A iniciativa fez parte das ações do Fevereiro Roxo, campanha voltada à conscientização sobre doenças crônicas como Alzheimer, Lúpus e Fibromialgia, promovida pela Escola Superior do Ministério Público (ESMPAL) em parceria com o Núcleo de Defesa da Saúde Pública (Nudesap) e o Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça (Caop) do MPAL.
Durante a palestra, Denis Melo destacou sinais de alerta para a demência, explicando que nem todos os casos são decorrentes do Alzheimer. Entre os principais sintomas citados estão perda de memória recente com impacto no dia a dia, dificuldade em realizar tarefas cotidianas que antes eram habituais, problemas de linguagem e dificuldades para encontrar palavras, desorientação no tempo e no espaço, julgamento comprometido e discernimento reduzido, dificuldade com conceitos abstratos, troca de objetos de lugar sem lógica aparente e dificuldade em processar informações visuais e relações espaciais.
O especialista ressaltou que, embora o Alzheimer não tenha cura, existe tratamento e medidas preventivas. Segundo ele, a doença não faz parte do envelhecimento normal, e o aumento da expectativa de vida exige atenção não apenas na saúde, mas também em áreas como previdência social, acessibilidade, educação e participação social.
O evento foi elogiado pelo promotor de Justiça Marcus Rômulo, diretor da ESMPAL, que destacou a importância de palestras como essa para disseminar conhecimento. Já a promotora de Justiça Micheline Tenório, coordenadora do Nudesap, ressaltou o papel do MPAL na melhoria das políticas públicas e mencionou que, em Maceió, as doenças mentais estão relacionadas aos impactos da pandemia de Covid-19 e à desocupação dos bairros afetados pela mineração.
Fatores de risco e prevenção
Denis Melo explicou que os fatores de risco para o Alzheimer se dividem em modificáveis e não modificáveis. Entre os não modificáveis, estão idade, já que o risco aumenta com o envelhecimento, sexo, pois mulheres são mais propensas à doença, e genética, uma vez que pessoas com histórico familiar direto têm maior probabilidade de desenvolver Alzheimer.
No entanto, os fatores modificáveis podem influenciar significativamente a prevenção da doença, incluindo ambiente e hábitos de vida, prevenção de doenças cardiovasculares e metabólicas e nível educacional. Pesquisas indicam que a educação prolongada fortalece as conexões cerebrais, reduzindo o risco de demência.
O especialista também alertou sobre os impactos negativos do tempo excessivo em frente à televisão, que pode acelerar o declínio cognitivo. Segundo ele, manter a mente ativa com novos aprendizados e interações sociais é essencial.
A palestra foi acompanhada pelo procurador Walber Valente e pelos promotores de Justiça Fernanda Moreira, Stela Cavalcanti, Alexandra Beurlen e Marília Cerqueira.