O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, decidiu adiar a libertação de centenas de prisioneiros palestinos, medida que ameaça o futuro do cessar-fogo em vigor. Segundo o governo israelense, a liberação só ocorrerá quando a "segurança dos próximos reféns estiver garantida" e sem as "cerimônias humilhantes" observadas na entrega de prisioneiros israelenses em Gaza.
A libertação de mais de 600 palestinos deveria ter ocorrido logo após o Hamas soltar seis reféns israelenses no sábado. No entanto, os veículos que transportariam os prisioneiros saíram da prisão de Ofer e retornaram, sem que a soltura fosse concluída.
Cinco dos reféns foram escoltados publicamente por militantes mascarados, em meio a uma multidão, o que gerou críticas de organizações internacionais, como a ONU e a Cruz Vermelha, que classificaram o ato como cruel.
O acordo de trégua interrompeu os combates mais intensos entre Israel e Hamas até hoje. No entanto, há temor de que a guerra seja retomada durante as negociações da segunda fase da trégua.
O Hamas declarou que pretende entregar quatro corpos na próxima semana, encerrando sua parte na primeira fase do acordo, que previa a libertação de pelo menos 33 reféns. O grupo ainda mantém mais de 60 pessoas sob seu poder, das quais cerca da metade pode estar viva.
Na segunda etapa da trégua, espera-se a libertação de todos os reféns restantes em troca de centenas de prisioneiros palestinos, além da retirada total das forças israelenses de Gaza. O Hamas afirma que só avançará para essa fase se Israel cumprir sua parte do acordo.
Netanyahu, com apoio do presidente dos EUA, Donald Trump, reiterou seu compromisso de enfraquecer as capacidades militares e governamentais do Hamas, além de garantir a libertação dos reféns. Ele se reuniu com conselheiros de segurança para discutir o futuro da trégua.
A ofensiva de Israel na Faixa de Gaza já deixou mais de 48 mil mortos, em sua maioria mulheres e crianças, segundo o Ministério da Saúde de Gaza. Além disso, cerca de 90% da população local foi deslocada, e grande parte da infraestrutura do enclave foi destruída. A ONU estima que a reconstrução da região levará décadas.
O conflito teve início após o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, que resultou na morte de aproximadamente 1.200 pessoas.