ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
SÃO
PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A 11 dias do "dia L", o "dia D" do
Lula, o PT intensifica sua agenda de atos para apoiar o ex-presidente -que terá
sua condenação a nove anos e meio de prisão, decretada pelo juiz Sergio Moro em
julho, julgada em segunda instância pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região
no dia 24, em Porto Alegre.
Sob
garoa e o grito de guerra "eleição sem Lula é fraude", o diretório
paulistano do PT lançou neste sábado (13) o Comitê Popular em Defesa da
Democracia e do Lula Ser Candidato, com presença de militantes históricos, como
o ator Sérgio Mamberti, e parte da cúpula paulista da sigla, como Rui Falcão,
ex-presidente do partido, a ex-ministra Eleonora Meniccuci e o vereador Eduardo
Suplicy.
São
cerca de 180 comitês afins só no Estado de São Paulo, segundo o vereador Antonio
Donato, líder da oposição na Câmara Municipal, que recebeu o número na véspera,
em reunião com a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann.
O
PT zelará por manifestações pacíficas, dizem seus dirigentes num momento de
escalada da tensão entre grupos pró e anti-Lula -o presidente do TRF-4 disse
que um militante ameaçou atacar o tribunal, e o prefeito de Porto Alegre,
Nelson Marchezan Jr., um tucano ligado ao MBL, foi acusado de acirrar ânimos ao
pedir ao governo Michel Temer (MDB) a presença das Forças Armadas no dia do
julgamento (a solicitação foi considerada "ilegal" pelo ministro da
Defesa).
Ao
menos um grupo de direita, o Revoltados Online, diz ter marcado para o dia 24
protesto na Paulista, a mesma avenida onde o PT fará ato em desagravo ao ex-presidente
cujo desejo de competir nas eleições presidenciais está na mão do Judiciário.
"Nosso
lado tem consciência perfeita que nossa luta é justa e, por ser correta, é uma
luta pacífica. Nós não entraremos em provocações", afirma Meniccuci. A
ex-ministra, contudo, reconhece que "o controle das massas é muito
difícil".
A
ideia é que os comitês petistas se entranhem país afora, como plataformas para
"distribuir materiais esclarecedores, panfletagem, ação de
conscientização", diz o deputado estadual Simão Pedro.
Dialogar
com lideranças religiosas, culturais e esportivas também faz parte da
estratégia. Na quinta (18), por exemplo, o PT já organizou um evento com
artistas e Lula, na Casa de Portugal, em São Paulo.
Pedro
admite que janeiro pode ser um mês infeliz para mobilizar as massas, por ser
uma temporada de férias, chuva e vestibulares (o que inibe maior participação
de estudantes).
Donato
é mais otimista. "Poucas vezes vi o partido tão mobilizado. Tivemos
reuniões na véspera do Natal, após o Natal... O dia 24 não é o final do
campeonato, vai ter luta o ano todo."
"Mesmo
que o Judiciário tome atitude de forma equivocada [de condenar Lula], ainda há
recursos. Pode ser o começo de várias outras histórias", afirma o
presidente do PT municipal, Paulo Fiorilo.
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