Nesta semana que
passou, o CadaMinuto Press conversou com o deputado estadual Bruno Toledo
(PROS). O parlamentar tem se destacado na Assembleia Legislativa do Estado de
Alagoas por conta de posicionamentos polêmicos e de críticas ao Executivo
estadual. Toledo tem defendido uma redução da máquina pública e combatido
projetos de lei que possuem a filosofia do “Estado-babá”.
Com
posicionamentos mais liberais, Toledo já propôs o retorno da venda de bebidas
alcoólicas nos estádios de futebol de maneira regulada, combateu doutrinação
nas escolas, brigou por redução de impostos na máquina pública, dentre outras bandeiras
que não são competência do parlamento estadual, como o armamento civil.
Em meio aos
temas, Bruno Toledo ainda se candidatou à presidência da Casa no início deste
ano legislativo e quase ganha. Há consequências disto. São estes os pontos do
bate-papo com Bruno Toledo. Confira.
No início da
legislatura, o senhor quase se elege presidente da Casa de Tavares Bastos.
Todavia, houve tensões de bastidores e conflitos foram expostos envolvendo
parlamentares. Passado este momento, como você avalia hoje a situação política
da Casa. Ainda é de turbulência? Há arestas? O que mudou para o senhor?
Em um primeiro
momento, eu enxergo conseqüências positivas. A preocupação com o respeito e o
respaldo que o grupo depositou em meu nome, eu tenho tentando honrar isto de
todas as formas. Isto tem sido presente nas discussões para a formação das
comissões, na condução da Casa. Foi montado um bloco de nove parlamentares com
a liderança do deputado estadual Francisco Tenório (PMN). Neste bloco, eu tenho
buscado de todas as formas trabalhar nas comissões as matérias que são
importantes para o Estado de Alagoas. Então, não vejo conseqüências negativas
nem em um segundo momento. Fala-se em perseguições em relação ao meu nome, por
conta da candidatura, como a retirada da indicação para o Fundo de Combate e
Erradicação da Pobreza (Fcoep), mas eu não posso comentar com base em
informações de bastidores das quais não tenho conhecimento pleno. A relação com
o presidente da Casa (Luiz Dantas do PMDB), que era o que poderia ter se desgastado,
eu acredito que permanece boa e a disputa ficou no âmbito eleitoral. O respeito
continua o mesmo. Acredito que permanecerá desta forma.
Recentemente,
o parlamento estadual se envolveu em mais uma polêmica: a auditoria da folha
dos servidores da Casa. Foi contratada a auditoria, houve promessa de
divulgação, mas o parlamento passou a esconder o resultado. Como o senhor
analisa isto?
Isto é
inaceitável. Tem que divulgar. É inaceitável que algo pago pela sociedade, com
os impostos da sociedade, não se torne público. A despesa que se teve com a
auditoria é um exemplo claro do que nós não queremos para o parlamento: gastos
sem transparências. Eu me sinto co-responsável por ser parlamentar. É uma
despesa que foi feita com o duodécimo da Assembleia Legislativa e é preciso que
ela apresente o resultado. Eu, como parlamentar, vou solicitar formalmente à
Mesa Diretora o resultado final desta auditoria. O Ministério Público também
dito que vai se posicionar sobre isto. Este tem sido o meu posicionamento na
Casa: R$ 1 de impostos que seja gasto no parlamento precisa ser colocado de
forma transparente. Infelizmente, a Assembleia ainda falha neste sentido.
Como o senhor
analisa a declaração do presidente da Casa de Tavares Bastos, Luiz Dantas
(PMDB), quando comentou que as irregularidades detectadas por esta auditoria
atingem quase todos os servidores e que se medidas fossem tomadas não ficaria
ninguém do funcionalismo?
Eu acredito que
o presidente foi muito infeliz nesta fala. Foi uma profunda infelicidade. Não
quero acreditar que isto represente a verdade. A Assembleia Legislativa tem em
ordem de 600 funcionários, não posso afirmar tal número com precisão. Mas
sabemos que uma parte disto não aparece na Casa, não trabalha. Mas esta parte
não pode representar o todo, pois há aquele servidor que trabalha. Temos
excelentes quadros no parlamento estadual que não podem ser penalizados por
conta de quem é irregular. Não podemos criminalizar, generalizar, e colocar
nesta conta todos os servidores que se dedicam no parlamento estadual,
prestando um bom serviço e dando a sua força de trabalho. Essa generalização
feita é desumano, desleal, desrespeitoso, para estes servidores que estão
prestando o serviço. Foi um momento de infelicidade do presidente. Agora, a
Casa tem problemas e imoralidades que precisam ser enfrentadas. Mas não podemos
colocar isto na conta dos servidores, pois não seria justo. Não é verdadeiro.
Ainda falando
de Assembleia Legislativa, nos bastidores se fala de um desentendimento entre o
Legislativo e o Executivo. Nesta relação Executivo-Legislativo, qual a posição
do senhor: situação ou oposição?
Eu vou continuar
com a mesma independência que eu imprimi no meu primeiro dia de mandato. Eu não
quero nenhum laço que me prenda e me faça fugir do que acredito, das minhas
convicções. Não quero nenhum tipo de relação com o governo que me impeça de
exercer o meu mandato na plenitude. Vou pagar um preço por isso? Vou. Mas fui
eleito pelo que acredito e quero defender o que acredito. Então se isso é visto
de forma equivocada pelo governo do Estado como “oposição”, que seja. Isso não
me importa. Eu não estou preocupado com o que pensa o Executivo. Eu continuarei
exercendo o meu mandato pontuando pelo que sempre pontuei: manifestando-me de
forma critica e até dura quando eu enxergar o que vejo como errado e elogiando
no que enxergar de positivo. É o que tenho feito.
E como o
senhor observa a relação do governo do Estado com a Assembleia hoje?
Em relação aos
colegas, creio que a tendência é melhorar muito a relação da bancada com o
Executivo. O governo era pautado por uma grande mentira. Os seus interlocutores
vendiam o que não tinham, que era a harmonia da Casa, a interlocução com os
demais pares. Os interlocutores indicados pelo governo eram os piores possíveis
para a Casa. Nesse novo perfil surgiram as verdadeiras lideranças. O governo
não foi inteligente ao ponto de identificar quem de fato era liderança na Casa
de Tavares Bastos. A relação só piora agora se o governo quiser. Se o Executivo
tiver o mínimo de sensibilidade vai tornar o dia-a-dia da Casa mais harmônico
do que o passado.
Qual
avaliação que o senhor faz do governo Renan Filho (PMDB)?
Eu acho que o
governo evoluiu em muitas áreas. O governador utilizou uma máxima maquiavélica
de que o mal tem que ser feito todo de uma vez e depois você segue com as boas
ações. Isto foi feito quando se aumentou impostos em Alagoas repassando a conta
da crise para o contribuinte. Foi tudo de uma hora só. Isto foi feito com muita
sabedoria por parte do governo. O povo alagoano nunca pagou tanto imposto como
na Era Renan Filho. Houve uma acomodação por parte da sociedade, que aceitou
isto. Deu um voto de confiança ao governo Renan Filho. É impressionante a
competência do secretário da Fazenda, George Santoro, que mexeu no bolso da
população. Agora, é um governo que avançou em algumas áreas, como segurança.
Mas, eu não enxergo que é nesta filosofia de governo que melhore o todo. Eu
defendo a redução do Estado para que o povo não pague a conta. É preciso
reduzir a máquina. Precisamos de menos Estado e mais liberdade econômica,
incentivar o empreendedorismo e a diversidade econômica. Reconheço avanços, mas
discordo da forma como ele dá dinamismo à gestão.
O senhor
deixou o ninho tucano e passou a comandar um partido em Alagoas: o PROS. Isto o
coloca de forma diferente no cenário para 2018. Afinal, você conduz uma sigla
para fechar aliança e coligações. Nas eleições passadas o senhor apoiou o
prefeito Rui Palmeira (PSDB) na disputa pela Prefeitura de Maceió. Em 2018, o
PROS seguirá aliado dos tucanos?
Eu ganhei a
missão de presidir o PROS no ano passado. Já próximo do processo eleitoral. Nós
não tivemos a possibilidade de expandir como queríamos naquele momento. Mas, o
PROS vem crescendo em Alagoas e se fortalecendo. Isto tem ocorrido de forma
muito rápida. Temos o apoio de vários nomes fortes para o partido, como o
ex-deputado federal Alexandre Toledo, o ex-superintendente da Polícia Federal,
José Pinto de Luna, nós tivemos a candidatura do Beto da Farmácia, que teve
mais de cinco mil votos. Teve mais voto do que vereador que foi eleito. Então,
o PROS mostrou sua força e vem crescendo com nomes que são respeitados na sociedade.
O nosso objetivo é o crescimento para 2018. Então, discutimos candidaturas
fortes para a proporcional e queremos discutir a possibilidade do PROS também
participar com nomes na disputa majoritária. Temos nomes para isto. O PROS quer
protagonizar candidaturas majoritárias. Claro que não podemos falar com
antecedência que teremos estes candidatos, pois há uma discussão política.
Porém, sabemos que temos nomes e queremos um projeto para Alagoas. <>
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