Assaltos
em plena luz do dia, saques à lojas e homicídios em larga em escala fizeram
parte do terrível cenário do Espírito Santo nos últimos dias. Requisitando um
reajuste salarial e melhores condições de trabalho, os policiais militares do
estado estavam em greve e com isso a violência se alastrou pelas principais cidades
capixabas. Nesta sexta-feira, 10, no entanto, um acordo entre o governo
estadual e entidades policiais determinou o fim do motim dos PMs.
No
documento gerado após a reunião entre as partes, ficou definido que a volta ao
trabalho dos agentes se dará a partir das 7h da manhã deste sábado, o que
servirá para tranquilizar de certo modo a população - acuada pelas chocantes
cenas de violência das últimas semanas. Está previsto o retorno do trabalho em
todos os batalhões e quarteis que eram palco do motim dos agentes.
Sobre
as demandas dos policiais grevistas, o governo estadual do Espírito Santo ainda não conseguirá reajustar o salário de forma imediata.
Aguardará um posicionamento do setor de finanças do governo até o final de
abril, quando uma nova resolução sobre o tema poderá ser feita. Caso as contas
públicas e o desempenho fiscal do estado permitam, uma proposta será
apresentada às associações policiais.
Os
703 inquéritos abertos contra os policiais que fizeram greve serão mantidos
mesmo após o acerto desta sexta-feira, segundo o secretário estadual de
Segurança Pública, André Garcia. Por outro lado, os policiais que cumprirem as
normas e voltarem ao trabalho a partir de 7h deste sábado, conforme demandado
na reunião, não sofrerão qualquer tipo de sanção administrativa.
Com
cerca de 10 mil PMs em seu corpo de funcionários, o estado garantiu que não
pagará salários nem escalas extras no período que compreende o sábado passado,
dia 4, até a volta oficial do trabalho. Os agentes indiciados, caso sejam
condenados, podem enfrentar uma pena de 8 a 20 anos de detenção.
As
mulheres dos policiais também podem receber punições, porque muitas delas
estavam impedindo o trabalho dos agentes ao se colocarem em frente ás entradas
dos Batalhões, impedindo o "ir e vir" dos policiais. Alguns agentes,
que não se identificaram, disseram à Folha de S.Paulo que a pressão sobre essas
mulheres estava grande, visto que muito dos policiais impedidos de trabalhar
eram contrários ao movimento grevista - vale lembrar que a própria Constituição
Federal, datada de 1988, prevê a proibição de greves entre agentes policiais.
A
greve, que iniciou no final de semana passado, desencadeou uma imensa onda de
violência por todo o Espírito Santo. Nas redes sociais, circularam inúmeros vídeos de saques à
lojas, assaltos e tiroteio entre bandidos. De acordo com informações divulgadas
a partir de levantamento do Sindicato dos Policiais Civis, ocorreram 127
homicídios nesse período. Cauteloso, o governo estadual prefere não confirmar
oficialmente esse número.
Além
das autoridades ligadas ao governo do Espírito Santo, os responsáveis pelas
associações policiais locais também assinaram a ata da reunião desta sexta, que
indica a volta do trabalho policial nas ruas a partir da manhã deste sábado.
<> Agência blastingnews.com/