O piso salarial
dos professores em 2017 terá um reajuste de 7,64%. Com isso, o menor salário a
ser pago a professores da educação básica da rede pública deve passar dos
atuais R$ 2.135,64 para R$ 2.298,80.
O anúncio feito
pelo Ministério da Educação é válido em todo o país. O ajuste deste ano é menor
que o do ano passado, que foi de 11,36%. O valor representa um aumento real,
acima da inflação de 2016, que fechou em 6,29%. O novo valor começa a valer a
partir deste mês.
A expectativa é
de que até 2020, sexto ano da vigência da lei do Plano Nacional de Educação
(PNE), os salários dos professores da educação básica pública estejam
equiparados aos salários de outros profissionais com escolaridade equivalente.
De acordo com
dados do Anuário Brasileiro de Educação Básica de 2014, publicado pelo
movimento Todos Pela Educação e pela Editora Moderna, um professor com
graduação em nível superior no Brasil recebe, em média, 51,7% do salário de
outro profissional com a mesma formação.
Mas como é
calculado o valor do piso? O que fazer se municípios ou estados não pagarem o
valor? Pensando nessas e em outras questões recorrentes sobre o tema, o Portal
EBC preparou uma série de perguntas e respostas para ajudar você a entender o
que é e como funciona o piso salarial nacional do magistério. Confira:
Piso: o que
é?
O piso salarial
profissional para os profissionais do magistério público da educação básica é o
valor mínimo que os professores em início de carreira devem receber. A quantia
é atualizada anualmente. A regra vale para todo o país. Esses profissionais
devem ter formação em magistério em nível médio (ou antigo curso normal) e
carga horária de trabalho de 40h semanais, e atuar em estabelecimentos públicos
de ensino na educação infantil, no ensino fundamental e no ensino médio, em
todo o país.
O piso salarial
nacional do magistério foi instituído pela Lei n° 11.738, de 16 de julho de
2008, regulamentando uma disposição já prevista na Constituição Federal (alínea
‘e’ do inciso III do caput do artigo 60 do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias) e na Lei de Diretrizes e Base da Educação – LDB (Lei nº
9.394/96). Esta lei também fixou limites para o trabalho de interação com os
alunos na composição da jornada docente: professores devem passar no máximo
dois terços (2/3) da carga horária em sala de aula, e no mínimo um terço (1/3)
da jornada de trabalho deve ser destinado às chamadas atividades extraclasse,
como planejamento de aulas, reuniões pedagógicas, correção de atividades etc.
Definição do
valor
O valor do piso
salarial nacional do magistério é calculado com base na comparação da previsão
do valor aluno-ano do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica
e de Valorização dos Profissionais da Educação – Fundeb dos dois últimos
exercícios. O valor aluno-ano é o valor mínimo estabelecido para repasse do
Fundeb (que envolve recursos provenientes da arrecadação de estados e
municípios e também da União, quando houver necessidade de complementação
financeira) para cada matrícula de aluno na Educação Básica por ano.
Para calcular
esse valor aluno-ano, cabe ao Ministério da Educação apurar o quantitativo de
matrículas que será a base para a distribuição dos recursos (o que é feito pelo
Censo Escolar da Educação Básica); e com o Tesouro Nacional fica a
responsabilidade de estimar as receitas da União e dos Estados que compõem o
fundo; além de definir o índice de reajuste. Assim, foi dividido o valor aluno
vigente em 2015 (e relativo a 2014) de R$ 2.545,31, pelo valor que vigorou em
2014 (referente a 2013), de R$ 2.285,57, para se chegar à variação percentual
de 11,36% que constitui o índice de atualização do piso salarial dos
professores em 2015.
Piso, salário
e remuneração são diferentes
O piso é a menor
remuneração que uma categoria recebe pela sua jornada de trabalho. No caso do
piso salarial nacional do magistério, esse valor é correspondente a uma jornada
de 40 horas semanais.
O salário é a
contraprestação que o funcionário recebe ao final do mês pelos serviços
prestados ao empregador. Compreende o próprio salário-base, que pode ser o piso
(vencimento inicial) da categoria, se estiver em início de carreira, ou salário
maior conforme o tempo de serviço, nível de formação, entre outros fatores que
podem influenciar positivamente no monante.
Já a remuneração
corresponde à soma de tudo aquilo que o trabalhador recebe ao final do mês,
isto é, é o salário acrescido dos demais ganhos do trabalhador, como horas
extras, adicional noturno, adicional de periculosidade, insalubridade, 13º
salário, férias remuneradas, abono e rendimentos do PIS/Pasep.
No caso
específico do piso nacional do magistério, a Lei n° 11.738 fala que o
vencimento inicial da categoria será atualizado todos os anos para,
gradualmente, equiparar o salário dos professores das escolas públicas às
demais categorias com nível de formação equivalente (veja na questão 2 sobre
como é definido o valor do piso). Ou seja: o piso não deve ser confundido com
remuneração e a conta do valor mínimo não pode incluir adicionais pagos ao
docente como gratificações.
O reajuste
salarial também ocorre anualmente, mas a partir da livre negociação da
categoria ou de seus representantes, como sindicatos e federações, com os
empregadores, a fim de recompor parte das perdas sofridas pela inflação e
aumento do custo de vida, para preservar o poder aquisitivo do trabalhador na
comparação de um ano para outro. Além do reajuste, as negociações salariais com
o empregador podem envolver ainda um aumento real, que é um valor que, embora
seja independente ao do reajuste, comumente é acrescido a ele nas negociações.
Outros
profissionais da educação têm direito
A Lei n° 11.738
contempla com o piso os profissionais do magistério público da educação básica.
A lei diz que essa categoria compreende, além daqueles que desempenham as
atividades de docência, como os professores, também “os profissionais que atuam
no suporte pedagógico à docência, exercendo atividades de direção,
planejamento, inspeção, supervisão, orientação e coordenação educacionais,
exercidas no âmbito das unidades escolares de educação básica, em suas diversas
etapas e modalidades, com a formação mínima determinada pela legislação federal
de diretrizes e bases da educação nacional”.
Assim, o piso
salarial nacional deve ser o vencimento inicial para professores, diretores, coordenadores,
inspetores, supervisores, orientadores e planejadores escolares em início de
carreira, com formação em magistério ou normal e carga horária de 40 horas
semanais.
Embora trabalhem
na escola, o secretário ou auxiliar administrativo, a merendeira, entre outros
profissionais, não têm careira no magistério pelas legislações vigentes.
Proporcionalidade
A lei que
instituiu o piso salarial nacional do magistério prevê que haja
proporcionalidade entre o valor do vencimento inicial destinado ao docente que
trabalha mais ou menos que 40 horas semanais.
Cumprimento
do piso
Menos da metade
dos municípios e 17 estados, além do Distrito Federal, declararam conseguir
pagar em 2016 ao menos o mínimo estabelecido em lei aos professores de escolas
públicas da educação básica de suas respectivas redes de ensino, de acordo com
o MEC.
http://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2017-01/menos-da-metade-dos-municipios-declararam-cumprir-o-piso-dos-professores-em
O que fazer
quando o estado ou município não paga o piso?
A Lei 11.738,
que trata do piso salarial nacional do magistério, não prevê nenhuma punição
expressa para o estado ou município que descumprir a norma. Com isso, vários
estados e municípios, por dificuldades diversas, ainda não cumprem o pagamento
do piso salarial nacional do magistério. Ou pagam o piso e não asseguram ao
docente cumprir 1/3 de sua jornada com atividades extraclasse.
Compete ao
Ministério Público, por iniciativa própria ou denúncia dos cidadãos, fiscalizar
a aplicação da lei.
Os profissionais da educação que se sentirem lesados também podem recorrer à
Justiça e entrar com uma ação contra o estado ou município que estiver
infringindo a legislação.
Responsabilidade
do governo federal
No artigo 4º da
Lei 11.738 há a indicação para que a União complemente as verbas dos entes
federativos que não tenham condições de arcar com os custos do pagamento do
piso nacional do magistério, mediante a comprovação da insuficiência de
recursos.
A lei também
estipula que o governo federal será responsável por cooperar tecnicamente com
os estados e municípios que não conseguirem assegurar o pagamento do piso, lhes
assessorando no planejamento e aperfeiçoamento da aplicação de seus recursos.
Para discutir o
alinhamento do investimento salarial para os professores com a receita dos
entes federados, em novembro último, foi instalado o Fórum Permanente para o
Acompanhamento da Atualização Progressiva do Valor do Piso Salarial Nacional
para os Profissionais do Magistério Público da Educação Básica. O fórum
acompanha uma das estratégias da meta 17 do Plano Nacional de Educação (PNE),
que trata do piso.
O fórum tem a
participação de representantes do Conselho Nacional de Secretários de Educação
(Consed), da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), da
Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) e do Ministério da
Educação. <> EBC //