O total de mortes causadas pelo novo coronavírus no Brasil chegou a 123.780 nesta quarta-feira (2), de acordo com levantamento do Conass (Conselho Nacional dos Secretários de Saúde), com registros compilados até 18h. São 1.184 registros a mais em 24 horas.
Em números absolutos, o estado de São Paulo lidera o ranking de vítimas fatais com 30.673 notificações, seguido pelo Rio de Janeiro, com 16.315, Ceará (8.480), Pernambuco (7.656) e Pará (6.201).
Quanto aos diagnósticos, são 3.997.865 casos confirmados, 46.934 a mais em relação ao balanço de terça.
De acordo com boletim do Ministério da Saúde divulgado nesta quarta, que compara dados semanais, a média diária de óbitos na última semana analisada - encerrada em 29 de agosto - foi de 887, abaixo das semanas anteriores. A média de casos diários ficou em 37.684, também menor em comparação aos semanas pregressas.
A taxa de transmissão calculada pelo Imperial College London também voltou a melhorar. De acordo com o relatório mais recente, com dados até o último domingo (30), o País voltou ao patamar abaixo de 1 na taxa de transmissão (Rt), nível necessário para frear a epidemia.
O indicador está em 0,94. Isso significa que 100 pessoas contaminadas contagiam outras 94 que, por sua vez, passam a doença para outras 88. É a menor taxa desde o final de abril.
O indicador é nacional e devido à dimensão continental do Brasil, muitos estados e municípios ainda registro crescimento mais acelerado da transmissão.
O Imperial College calcula a taxa com base no número de mortes reportadas, mas há um intervalo entre o momento do óbito e o registro oficial que pode chegar a até 30 dias. Estados populosos como Paraná, Minas Gerais e Rio Grande do Sul também têm indícios de subnotificação.
Tanto a subnotificação quanto o atraso passam a impressão de que a crise sanitária está numa situação melhor do que a realidade, ainda que se use indicadores como médias móveis.
Na comparação internacional, o Brasil fica atrás apenas dos Estados Unidos no ranking mundial e é o segundo país com mais mortes causadas pela covid-19, de acordo com o mapeamento do Centro de Recursos de Coronavírus da Universidade Johns Hopkins.
Os dois países repetem as posições também em relação ao número de diagnósticos. No território norte-americano, foram registrados mais de 6 milhões de casos. A diferença entre as taxas de testagem entre os dois países é uma evidência da subnotificação da crise sanitária no cenário brasileiro. A média de testes diários é de 37 por 100 mil habitantes no Brasil e de 141 mil por 100 mil habitantes nos Estados Unidos.
Ao considerar a população de cada nação, o Brasil ocupa a 10ª posição no ranking de diagnósticos, com 18.386,73 por milhão de habitantes, de acordo com dados da OMS (Organização Mundial da Saúde). O país também é o 10º na comparação em relação aos óbitos, com 571,05 por milhão de habitantes.
O novo coronavírus já causou mais de 858 mil mortes no mundo. São cerca de 25,8 milhões de casos confirmados, de acordo com dados da Universidade de Hopkins, atualizados nesta quarta.
Desde meados de maio, quando olhamos os dados acumulados nacionais, os gráficos epidemiológicos assumiram a forma de platô, em vez de um pico de casos e mortes acumulados. A primeira vez que o Brasil registrou mais de mil mortes por dia foi em 19 de maio. Desde então, o marco tem sido alcançado com frequência.
O boletim desta quarta aponta diferenças na transmissão do vírus nas 5 regiões do País. Na comparação entre as duas últimas semanas epidemiológicas analisadas, na região Norte, houve queda de casos (-5%) e de mortes (-11%). No Sudeste, ambos indicadores reduziram 8%.
No Nordeste, os casos aumentaram 1% e os óbitos recuaram 12%. No Centro Oeste, os diagnósticos subiram 5% e as mortes caíram 18%. No Sul, os casos cresceram 15% e os óbitos reduziram em 16%. O cenário, contudo, também é muito diverso de um estado para o outro.
Segundo o boletim, em 2020 foram notificadas 643.090 hospitalizações por SRAG, sendo 335.748 (52,2%) identificadas como covid-19, 215.117 (33,5%) causadas por agente não especificado, 85.460 (13,3%) em investigação e o restante provocada por outros agentes patológicos.
Quanto aos óbitos por SRAG, são 170.336 contabilizados no ano, sendo 117.841 (69,2%) por covid-19, 48.845 (28,7% causados por agente não especificado, 2.691 (1,6%) em investigação e o restante provocada por outros agentes patológicos.
O perfil das vítimas de covid-19 é 72,9% acima de 60 anos, 58% do sexo masculino e 63,3% com menos um fator de risco, como cardiopatia ou diabetes.
Quanto à raça/cor, 36,6% das mortes foram de pessoas identificadas como pardas, seguidas por brancas (30,8%), pretas (5,4%), amarelas (1,2%) e indígenas (0,4%). Segundo o boletim, 25,6% dos registros não tinham essa informação.
Em junho, houve uma série de idas e vindas na forma de divulgação dos boletins epidemiológicos do Ministério da Saúde. Após atrasar o horário de envio dos dados, a pasta deixou de informar o acumulado de mortes e diagnósticos em 5 de junho. A divulgação regular só foi retomada em 9 de junho, após decisão do STF (Supremo Tribunal Federal).
A pasta também chegou a anunciar que adotaria uma nova metodologia, com boletins diários de óbitos ocorridos nas últimas 24 horas e não confirmados. A mudança, contudo, não foi colocada em prática até agora.
Na prática, ela inviabilizava uma comparação com os dados anteriores, dificultando a compreensão da evolução da pandemia no Brasil. Ela também atrapalharia a comparação dos números com outros países, por adotar critérios distintos do resto do mundo.
Com a mudança, as “novas mortes” seriam menores. A medida também evita notícias negativas sobre recordes de óbitos diários. Integrantes do governo de Jair Bolsonaro, especialmente a ala militar, têm criticado esse tipo de cobertura jornalística.
Há uma atraso entre o dia em que a morte ocorreu e o dia em que essa informação foi confirmada em laboratório que pode ser superior a um mês. Por esse motivo, para fins de entender a curva epidemiológica e viabilizar comparações, os países têm disponibilizado os dados dos óbitos por data de confirmação.
No final de junho, o ministério anunciou que a notificação de casos do novo coronavírus poderia ser feita pelo médico apenas por critérios clínicos, sem esperar o resultado laboratorial. Na prática, a mudança pode ser um incentivo a menos para aplicação de testes RT-PCR (moleculares), forma mais precisa de diagnóstico.
De acordo com boletim do Ministério da Saúde, foram distribuídos 6.366.884 testes RT-PCR. Após essa etapa, também há entraves até o resultado do exame. Como o HuffPost vem noticiando, a lentidão no processamento de testes laboratoriais, que detectam tanto a causa da morte quanto se a pessoa foi contaminada, leva a um atraso nos dados oficiais.
Há uma subnotificação de casos confirmados ainda maior devido à limitação de testes de diagnóstico. Na prática, o exame tem sido direcionado apenas aos casos graves. A baixa testagem é um dos entraves apontados por sanitaristas para a flexibilização do isolamento social.
Segundo o Ministério da Saúde,4.797.948 exames moleculares haviam sido processados até 29 de agosto. A taxa de positividade era de 34,4% nos laboratórios públicos e de 38,6% nos particulares.
De acordo com painel da pasta, 8.004.800 testes rápidos sorológicos foram entregues. Segundo o boletim, 7.128.192 testes sorológicos (rápidos e laboratoriais) foram feitos. Os testes moleculares informam se a pessoa está infectada naquele momento. Os sorológicos, se há anticorpos no organismo.