Quem por necessidade vai ao bairro lagunar de Bebedouro nos dias de hoje se surpreende com a baixa estima e a revolta da população devidamente estampada nas fachadas de suas casas, após o desastre ambiental do século provocado pela Braskem.
Hoje, para se deslocar a Bebedouro, inevitavelmente, é necessário passar por algumas trechos do bairro do Pinheiro, na parte alta de Maceió, onde o cenário de ruas esburacadas e interditadas é igual a imagem de desolação bebedourense. O acesso principal ao bairro está interditado, graças aos estragos feitos pela mineração do salgema da poderosa Braskem.
Os casarios fechados do velho e tradicional bairro, às margens da lagoa Mundaú, dão à toda região um aspecto de tristeza sem fim.
Até por que seus moradores sabem que nada mais será como antes, quando a vida pulsava firme, a comércio fluía e o sururu de capote energizava cada alma a degustar a iguaria.
Bebedouro, Mutange, Cambona, bairros interligados, de festas e tradições, praticamente acabaram de fato e de maneira criminosa, irresponsável.
Como bem dizem os moradores, destruíram tudo: “Vidas, sonhos e famílias”.
Não será jamais um indenização – quase simbólica – que vai reparar os danos nas vidas das pessoas simples e batalhadoras desses bairros.
Nessas vidas, o trauma imposto é muito mais profundo. É algo desumano.
O pior é que em nome da cantilena eterna da dita economia, alguém lucrou com tudo isso. E não foi pouco.
Mas, vidas simples do alto do Pinheiro, das encostas do Mutange e da gente ribeirinha do Bebedouro outrora famoso, essas, ao que parece, não importam.
A tristeza deprimente é de dar nó, sem dó.
éassim