Cerca de 800 famílias que residem na Comunidade Mangabeiras, no Município de Arapiraca, receberam, nesta quarta-feira (21), uma ação de conscientização do Agosto Lilás promovida pelo Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. Além da palestra sobre a Lei Maria da Penha, ministrada pelo juiz Alexandre Machado, o presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJAL), desembargador Tutmés Airan, também falou sobre a importância do combate a violência doméstica.
Segundo o presidente Tutmés Airan, o objetivo é estar presente na vida de centenas de pessoas que precisam do Poder Público. Para o desembargador todo engajamento é necessário para mudar a mentalidade da sociedade sobre o tema.
“É uma violência insidiosa, mais infeliz do que todos os outros tipos de violência porque é praticada num espaço onde deveria ter amor. É uma violência silenciosa, num espaço privado, onde o homem, por conta de superioridade física submete a sua companheira a esse tipo de vexame e humilhação. Então nós temos que intervir fortemente ainda que sancionando para que os homens que agem assim saibam que não podem, porque se agirem assim serão sancionados. A ideia no fim da história não é sancionar por sancionar, é fazer com que os homens, se não aprendem pelo conhecimento, aprendam pelo sofrimento”, disse o presidente.
O magistrado Alexandre Machado, que é titular do Juizado da Mulher de Arapiraca, explicou que a iniciativa faz parte da programação da Semana da Justiça pela Paz em Casa que tem audiências e palestras em escolas e comunidades com maior índice de violência, a fim de aproximar o Judiciário da população.
“A gente percebe que a mulher vítima de violência doméstica e familiar tem dificuldade de acessar a rede de proteção, então nossa iniciativa é trazer para cá e apresentar essa rede de proteção, falar sobre os tipos de violência doméstica e familiar e conscientizar não só a mulher, mas também toda a sociedade, trazendo seu papel no enfrentamento contra essa violência”, disse o juiz.
Presidente Tutmés Airan destacou a importância da sociedade denunciar casos de violência contra a mulher. Foto: Adeildo Lobo
Elisabeth Ramos, catadora de material reciclado, contou que se mudou para Arapiraca após fugir de Palmeira dos Índios porque foi vítima de violência doméstica. A mulher parabenizou a iniciativa do Poder Judiciário e aconselhou outras vítimas a procurarem a rede de apoio.
“A justiça está do lado de todas nós. Eu já fui uma vítima, mas há muito tempo que estou separada, tenho quatro netos, filhos maravilhosos e vivo muito bem, graças a Deus. Eu digo que abram a boca, que gritem, coloquem para fora, não tenham medo porque quanto mais você tem medo, mais você fica acuada. E aquilo por dentro é muito ruim, a gente se sente sem condição nenhuma. Você gritando, hoje em dia tem bastante ajuda é muito melhor”, disse Elisabeth.
A ação, realizada na Creche Escola Sebastião Bezerra Guimarães, contou com a parceria das secretarias municipais de Saúde e Assistência Social, que promoveram aferição de pressão arterial, teste de HIV, vacinação e informações sobre o Bolsa Família, e do Cesmac do Agreste, que prestou orientação a comunidade por meio de seu Núcleo de Práticas Jurídicas. Ainda foram disponibilizadas atividades recreativas para as crianças.