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Saúde
03/01/2019 08:08:00

Políticos e redes sociais incentivam crescimento do movimento antivacina


Políticos e redes sociais incentivam crescimento do movimento antivacina
Ilustração

Os céticos das vacinas pareciam condenados a ser uma minoria extravagante após séculos nos quais estas frearam epidemias letais, mas o movimento antivacina ressurgiu quando menos se esperava.

O grande aumento em 2018 dos casos de sarampo no mundo (30%), segundo a Organização Mundial da Saúde, dá um sinal de alerta sobre os efeitos negativos deste movimento, renascido nos últimos 20 anos e que para a OMS é fundamental na reaparição da doença em países do Ocidente onde era considerada coisa do passado, como Alemanha e Itália.

Apenas nos primeiros seis meses deste ano, houve na Europa 41 mil casos, mais do que os 24 mil registrados em todo 2017, e 17 mortos por uma doença que, apesar de seu baixo nível de mortalidade, pode causar sequelas crônicas, como cegueira.

O auge destes casos não pode ser atribuído somente ao movimento antivacina, mas coincide com o mesmo, e com a repercussão incentivada por celebridades e pessoas com capacidade de influenciar, em um momento idílico para a expansão de rumores através das redes sociais e a chegada de políticos que querem tirar proveito disso.

Argumentos já desmentidos dos movimentos antivacinas, como que estas produzem autismo ou contêm níveis de mercúrio prejudicial para a saúde, fizeram com que na Romênia o número de crianças inoculadas tenha caído de 90% para 80% em apenas meia década, e que o sarampo causasse 30 mortes em 2016 e 2017.

Na Romênia, os registros declarados da doença passaram de 15 em 2015 para mais de 9 mil entre 2016 e 2017, e situações similares podem acontecer em países próximos como a Itália, onde o vice-primeiro-ministro, Matteo Salvini, é um reconhecido cético das vacinas e o governo tenta frear leis que tentam obrigar a inocular todos os menores.

Apesar do alarmante aumento de casos de sarampo no país, membros do governo seguem tentando frear uma iniciativa legal que obrigaria aos pais que cada criança apresentasse certificados oficiais de vacinação para poder se matricular na escola.

Na Espanha, onde a OMS considera que doenças como o sarampo estão totalmente erradicadas – salvo casos pontuais chegados do exterior – preocupa o fato de que 3% das crianças não foram vacinadas por razões religiosas ou ideológicas, o que equivale a entre 80 mil e 150 mil menores.

Nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump mencionou em sua polêmica campanha eleitoral a suposta relação entre vacinas e autismo, e nas redes sociais do país muitos promotores dessas ideias são “bots” (códigos maliciosos) russos com o objetivo de desestabilizar, segundo defende um relatório da revista “American Journal of Public Health”.

O ceticismo sobre as vacinas nasceu quase com o começo da aplicação destas no Ocidente no século XVIII, quando as campanhas de inoculação iniciadas pelo pai da imunologia, Edward Jenner, não foram adequadamente controladas e nem os vacinados foram devidamente isolados, o que produziu resultados adversos.

A melhoria das técnicas de vacinação, sobretudo no século XX, permitiu erradicar e controlar eficazmente em regiões inteiras doenças altamente contagiosas e às vezes mortais como a varíola, o tétano, a coqueluche, a difteria, a pólio, a rubéola e a caxumba, reduzindo os argumentos dos antivacinas.

No entanto, o desaparecimento destas doenças em alguns países desenvolvidos produziu o mesmo abandono de campanhas de vacinação com resultados negativos, como ocorreu na Suécia, onde 60% das crianças tiveram coqueluche entre 1979 e 1996, período no qual as autoridades decidiram deixar de inocular menores contra ela.

Além disso, o ceticismo ganhou força em 1998 por causa da publicação de um artigo do médico britânico Andrew Wakefield na revista “The Lancet” que estabelecia uma relação entre o autismo e a vacina tríplice viral.

A mesma publicação desmentiu o artigo ao considerá-lo fraudulento, mas somente em 2011, e as ideias de Wakefield – que deixou o Reino Unido para viver nos EUA, onde tinha maior apoio – são resgatadas vez ou outra por políticos e usuários de redes sociais.

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