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Vida e Estilo
10/11/2018 15:00:00

Pesquisa aponta principais mudanças nas escolhas do que é colocado no carrinho de supermercado


Pesquisa aponta principais mudanças nas escolhas do que é colocado no carrinho de supermercado
ILustração

Matéria G1

O brasileiro está consumindo mais produtos como azeite, suco congelado, sobremesas e lanches prontos. Por outro lado, está comprando menos itens como bebida à base de soja, óleo de soja, polpa de tomate e alisantes. É o que mostra pesquisa da Kantar Worldpanel sobre as principais mudanças e tendências na composição do carrinho de compras das famílias.

O levantamento analisou o volume de compras de 108 categorias de giro rápido no período de junho de 2017 a junho deste ano, a partir do monitoramento semanal de mais de 10 mil lares no país (representativos de 55 milhões de domicílios).

Confira abaixo as 10 categorias cujas vendas mais caíram e as 10 cujas vendas mais cresceram no país no último ano, na média geral e por faixa etária:

Mudanças no consumo das famílias — Foto: Infografia: Roberta Jaworski/G1

Mudanças no consumo das famílias — Foto: Infografia: Roberta Jaworski/G1

Para a diretora de marketing da Kantar Worldpanel, Giovanna Fischer, a pesquisa mostra uma maior procura por praticidade e por produtos considerados mais saudáveis, mesmo em um cenário de recuperação lenta do economia e do consumo das famílias.

 
Dentro de um cenário em que o consumidor continua com o bolso apertado, as escolhas ficam cada vez mais relevantes. O consumidor escolhe ou pelo custo ou pelo benefício. Economiza em algumas coisas para poder fazer outras escolhas
 

De acordo com a pesquisa, o volume total de compras desta cesta de produtos segue sem crescimento significativo pelo terceiro ano consecutivo, tendo fechado o 1º semestre com um avanço de apenas 3% na comparação com o patamar do final de 2015.

A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) projeta um crescimento de 2,53% no ano nas vendas nos supermercados em termos reais. Mesmo com uma recuperação ainda tímida do consumo, a pesquisa mostra que cresceu o consumo de alguns produtos não essenciais e mais caros. Mas não necessariamente supérfluos.

"Quando o consumidor valoriza o benefício que a categoria está proporcionando, ele continua colocando no carrinho. Agora, quando uma categoria perde relevância ou deixa de atender o que se espera, ele tira do carrinho", diz Fischer.

Como exemplo de produtos que passaram a ser mais consumidos por facilitar a vida do consumidor ela cita os lanches prontos e a torrada industrializada. "É um produto que não precisaria ser comprado. Você pode pegar o pão em casa e colocar no forno. É uma categoria que virou meio que aspiracional", diz.

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  • Maior procura e oferta de produtos com apelo saudável

    A pesquisa confirma também a tendência de um maior consumo de produtos com apelo mais saudável, que trazem a simbologia de maior naturalidade e pureza.

    Para a nutricionista Cynthia Antonaccio, diretora da Equilibrium Consultoria e uma das idealizadoras do Instituto Nutrição Comportamental, o avanço destas categorias reflete tanto uma maior preocupação dos brasileiros com saúde como também a maior oferta da indústria.

     
    O consumidor está buscando mais suco, mais água de coco, mais azeite. Isso é uma escolha mais saudável. Mas deixar de consumir óleo de soja e bebida à base de soja não torna ninguém necessariamente mais saudável. A questão é que a maior busca por naturalidade e nutrição faz crescer também a oferta por parte da indústria, e itens mais naturais e menos processados passam a ganhar espaço na cesta do brasileiro.
    — Cynthia Antonaccio

    Substituição de produtos

    O levantamento mostra que há um movimento de substituição de produtos. O aumento do consumo de azeite, por exemplo, foi observado em todas as faixas etárias e refletiu numa queda das compras de óleo de soja e milho. "Há uma busca por qualidade e saudabilidade, e temos estudos que mostram que as pessoas estão usando mais azeite para cozinhar também", afirma a diretora da Kantar.

    Já a polpa e o purê de tomate têm perdido espaço para os molhos prontos. "Fazer molho de tomate é uma coisa que demanda trabalho. Tem que picar cebola, temperar", observa.

    Outra tendência é a redução da quantidade de produtos de limpeza usados dentro de casa, com os multiusos ganhando a preferência sobre os específicos. "São muitos segmentos. Se antes comprava 3, agora compra 2. E não necessariamente porque é mais barato, mas porque não se viu o benefício de se ter tantos produtos diferentes", afirma Fischer.

    Produtos em baixa

     

    A forte queda do consumo de bebidas à base de soja é atribuída principalmente a uma maior oferta de produtos alternativos ao leite. Na faixa etária até 29 anos, o tombo foi de 54% em 1 ano. "No passado, essa foi uma categoria que cresceu muito porque era uma opção aos intolerantes à lactose. Agora muitos outros produtos estão ganhando espaço na gôndola como leite de amêndoa, de arroz e de aveia", explica a diretora da Kantar.

    Outra categoria em baixa é a que inclui os alisantes de cabelo. Segundo a Kantar, a tendência por um visual "mais natural" também é observada na perda de penetração dos produtos relacionados à maquiagem. "É a cultura do menos é mais", resume a analista.

    A queda do consumo de fraldas, por sua vez, é uma tendência que já tinha sido observada na última edição da pesquisa da Kantar e estaria relacionada a fatores diversos como queda da natalidade e lançamento de produtos que exigem menos trocas por dia.

    Diferentemente da edição do ano anterior do levantamento, a Kantar destaca que não foi identificada nenhuma queda de consumo relacionada diretamente à racionalização.

    "O que se observa é que alguns produtos deixaram de atender o que o consumidor está esperando e passam a não ser mais colocados no carrinho porque não se vê mais benefício em continuar comprando este ou aquele produto", completa.

     



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