Vice de Ciro Gomes (PDT) na disputa pela Presidência da República, Kátia Abreu (PDT) tem a missão de aproximar o candidato de ruralistas e empresários. Pecuarista, ex-presidente da CNA (Confederação Nacional da Agricultura) e ex-ministra da Agricultura, a senadora pelo Tocantins organizou, na sexta-feira (24), um encontro entre Ciro e representantes do agronegócio na capital Palmas.
Anunciada como vice depois que naufragou a desejada aliança de Ciro com o PSB, Kátia Abreu afirma que apoiaria o correligionário "em qualquer hipótese". Como vice e mais identificada com o centro do espectro político, pode buscar os votos de setores resistentes ao candidato e que demonstram mais simpatia a Jair Bolsonaro (PSL), líder nos cenários sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Em entrevista ao HuffPost Brasil, a senadora diz que o Brasil precisa de alguém com "autoridade e firmeza" e que Ciro tem esse perfil. "Eu me julgo parecida com o Ciro. Nós somos brigões."
A senadora também diz ser a favor da regularização de terras indígenas e quilombolas, como defende o programa de governo de Ciro, e parece alinhada com o companheiro de chapa no que diz respeito ao projeto que flexibiliza o uso de agrotóxicos, já aprovado em comissão da Câmara.
Conhecido como PL do Veneno, o projeto concentra o registro de novos agrotóxicos no Ministério da Agricultura, reduzindo o poder de outros órgãos. Para Kátia Abreu, a medida desperta desconfiança no consumidor e "não vale a pena"; em sintonia com a senadora, Ciro defendeu, na agenda no Tocantins, que seja mantido o papel da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) no controle dos agrotóxicos.
Nem tudo, porém, é semelhança. E, para Kátia Abreu, tudo bem.
"Sou candidata a vice do Ciro, mas isso não significa que eu tenha que ser um clone dele", afirma. O candidato, por exemplo, já se posicionou contra a interferência do Estado na questão do aborto; a vice, por sua vez, é a favor da manutenção da lei atual, que autoriza a interrupção da gravidez em apenas 3 casos (estupro, risco de morte e feto anencéfalo).
Embora diga que "o Brasil não precisa de valentão que saca pistola", Kátia Abreu apoia a flexibilização do Estatuto do Desarmamento, especialmente para quem vive no campo; Ciro, por sua vez, diz que não facilitará o porte de arma"para ninguém" se for eleito. Segundo pesquisa Datafolha divulgada nesta semana, 58% dos brasileiros dizem que a posse de armas deve continuar proibida.