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Comportamento
13/08/2018 15:30:00

Mulher é agredida pelo marido no ES, não denuncia e diz que ‘ele não merece’


Mulher é agredida pelo marido no ES, não denuncia e diz que ‘ele não merece’
Ilustração

A esposa do homem que foi esfaqueado pela filha durante uma briga do casal, em Vila Velha, disse que não vai denunciá-lo à polícia. Mesmo já tendo sido agredida outras vezes, a mulher defendeu o companheiro. “Ele não merece, é um homem muito bom. O problema dele é a cachaça”, disse. * O G1 não vai identificar o agressor nesta reportagem para preservar a vítima.

O caso aconteceu na noite desta quinta-feira (9), após voltarem de um bar. Ao ver a mãe ser agredida pelo pai, a filha adolescente, de 16 anos, golpeou o homem com uma faca, para que ele parasse com as agressões. O agressor, um montador de carros de 50 anos, levou duas facadas.

Mas o que faz uma mulher agredida não denunciar o agressor? O G1 foi buscar explicações com uma psicóloga que atende mulheres para entender esse comportamento de vítimas que, mesmo sofrendo agressões por parte dos companheiros, seguem na relação e não levam o caso à polícia.

Cristiana Cariola Travassos atende mulheres vítimas de violência doméstica e agressores em um projeto oferecido pela prefeitura de Vitória.

Segundo ela, é comum que por medo e vergonha as mulheres não façam as denúncias.

Ciclo de violência

As consequências disso, segundo a psicóloga, é que a mulher perde a essência e, sem querer, pode provocar um ciclo de violência.

“Isso gera um ciclo vicioso, porque ela vai dando novas chances e a cada vez que ele agride, a agressão fica mais violenta. Começa com xingamento, daqui a pouco está batendo, daqui a pouco está matando. A autoestima cai, porque o agressor coloca a culpa na mulher, e ela começa a se esvaziar, a se anular. Não sabe mais quem é, do que gosta”, completou a psicóloga.

'Denunciar é um dever de todos'

Para a chefe da Divisão Especializada de Atendimento à Mulher, a delegada Cláudia Dematté, em casos de violência, denunciar é um dever de todos. “A sociedade tem responsabilidade também. A gente não pode ser omisso ao ver um crime, é importante que as pessoas se posicionem”, disse a delegada.

Lei Maria da Penha

A Lei Maria da Penha existe para proteger as vítimas que sofrem agressões físicas, psicológicas, sexuais e outras violências dentro de casa.

De acordo com a delegada, desde a implantação da lei, o número de mulheres que buscam as delegacias para denunciar violência cresceu. Mas o Espírito Santo ainda ocupa a 3ª posição entre os Estados mais violêntos contra à mulher, segudo o Monitor da Violência.

E, como disse a delegada, "é um dever de todos denunciar". Mas você sabe o que fazer ao ver ou ouvir uma mulher sendo agredida? E se você for a vítima? O G1 buscou as orientações, acesse:

 
Delegacia da Mulher, em Vila Velha (Foto: Leandro Tedesco/TV Gazeta )Delegacia da Mulher, em Vila Velha (Foto: Leandro Tedesco/TV Gazeta )

Delegacia da Mulher, em Vila Velha (Foto: Leandro Tedesco/TV Gazeta )

Caso

Mesmo sem ter sido denunciado pela esposa, o marido foi autuado em flagrante por lesão corporal e injúria na Forma da Lei Maria da Penha e está internado sob escolta policial no Hospital São Lucas.

Já a filha, a adolescente de 16 anos, não foi autuada porque a delegada entendeu que ela agiu em legítima defesa da mãe. Os nomes dos envolvidos não foram divulgados para preservar a identidade das vítimas.

Em depoimento à polícia, a mulher e a adolescente contaram que o casal estava em um bar ao lado de casa, no bairro Cobi de Cima, quando o homem ficou com ciúmes e discutiu com a esposa, de 54 anos.

Os dois foram para casa e, segundo os depoimentos, ele começou a bater na mulher. A filha disse que gritou pedindo várias vezes para que ele soltasse a mãe.

Como as agressões não pararam, ela deu dois golpes com uma faca na barriga do pai. O homem soltou a mulher, voltou para o bar e pediu socorro.

O homem foi autuado por lesão corporal e injúria e está internado sob escolta policial em estado grave no Hospital São Lucas.

 

A delegada determinou o pagamento de uma fiança de R$ 1 mil, que ainda não havia sido paga até esta sexta-feira (10). Assim que receber alta, ele será encaminhado para o Centro de Triagem de Viana.



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