As dificuldades também são encontradas no setor varejista. Farmácias e drogarias continuam sem receber medicamentos, afirmou o presidente da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias, Sérgio Mena Barreto. De acordo com ele, transportadoras, com medo de perder a mercadoria, preferem manter carregamentos em seus armazéns. "Os bloqueios liberam apenas medicamentos para hospitais, não para o comércio varejista", disse.
Para Mena Barreto, se a situação perdurar, haverá desabastecimento importante de remédios ainda esta semana. "A situação é preocupante", resume. Barreto afirma que, no Paraná, mesmo caminhões com selos da Defesa Civil não conseguem ultrapassar os bloqueios.
Quando a barreira é ultrapassada, o problema é apenas amenizado. Isso porque, entregue a carga, o caminhão vazio não consegue fazer o caminho de volta. "E aí, novas entregas ficam prejudicadas", afirma Mena Barreto.
Transplantes
Embora considerado como cirurgia de emergência, a realização de transplantes no País sofreu uma redução nos últimos dias, também em virtude da paralisação. "É um efeito cascata. Nessa situação, diminuem as notificações de possíveis doadores e, com isso a captação e, em consequência, as cirurgias", afirmou o diretor superintendente do Hospital do Rim da Universidade Federal de São Paulo, José Osmar Medina Pestana. Os números mostram o impacto. Mensalmente, são feitos cerca de 80 transplantes no hospital. Este mês, foram 60.
O presidente da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, Paulo Pêgo, tem avaliação semelhante. Sem falar em dificuldades. Neste sábado, um transplante de pulmão somente pode ser realizado graças a escolta feita pela Polícia Militar de São Paulo.