O senador Aécio Neves (PSDB-MG) é o primeiro tucano a responder a uma ação penal em processo derivado da Operação Lava Jato. Mas ele não está só. Outros cinco senadores de quatro partidos diferentes também estão nessa situação: Fernando Collor (PTC-AL), Gleisi Hoffmann (PT-PR), José Agripino (DEM-RN), Romero Jucá (MDB-RR) e Valdir Raupp (MDB-RO). Cerca de 20 integrantes do Senado estão hoje na condição de investigados, ou seja, são alvos de inquéritos, procedimentos preliminares que podem resultar em processos.
Aécio
A denúncia, por corrupção passiva e obstrução da Justiça, foi aceita nessa terça-feira (17) por unanimidade pela Primeira Turma, com o voto favorável de seus cinco integrantes. “Recebeu R$ 2 milhões de Joesley Batista, quantia essa repassada por Ricardo Saud, representante do empresário, ao primo do senador Frederico Pacheco e a Mendherson [Lima]. Em quatro parcelas. Importante frisar que a partir da segunda entrega tudo foi registrado em áudio e vídeo”, disse o procurador Carlos Alberto Coelho, que defendeu a abertura de ação penal contra o senador em nome da Procuradoria Geral da República.
Gleisi Hoffmann
Em setembro de 2016, Gleisi se tornou a primeira integrante do Senado a passar à condição de réu na Lava Jato. A atual presidente do PT é acusada de receber propina de R$ 1 milhão, desviados da Petrobras, para a campanha ao Senado em 2010. A petista responde pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O ex-ministro Paulo Bernardo (Planejamento/Governo Lula), marido de Gleisi, e o empresário Ernesto Kugler, também são réus na ação. A denúncia é baseada nas delações premiadas do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Yousseff.
Romero Jucá
Réu por corrupção e lavagem de dinheiro a partir de investigações que envolvem a Odebrecht, uma das empreiteiras responsáveis pelo bilionário esquema de corrupção instalado na Petrobras. O presidente do MDB é acusado de receber propina de R$ 150 mil em troca da defesa de duas medidas provisórias (MP 651/2014 e MP 656/2014) que, segundo os investigadores, foram concebidas para beneficiar a empreiteira. A suspeita é de que o dinheiro serviu à campanha do filho dele, Rodrigo Jucá, ao posto de vice-governador de Roraima em 2014. Jucá é alvo de quatro denúncias e seis inquéritos apenas da Lava Jato.
Valdir Raupp
De acordo com a PGR, há indícios de que Raupp recebeu R$ 500 mil em doações eleitorais quando disputava uma cadeira no Senado, em 2010. Apesar de contabilizados, ressaltam os procuradores, os repasses feitos pela empreiteira Queiroz Galvão tiveram origem em fraudes contratuais na estatal petrolífera. O ex-presidente do MDB é réu por corrupção e lavagem de dinheiro. Segundo a denúncia, o valor por pago por doação eleitoral era propina solicitada ao ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, autor da acusação em delação premiada. “Continuo a acreditar que contribuição oficial de campanha, devidamente declarada, não pode ser considerada como indício e/ou prova de ilicitude”, disse Raupp ao virar réu.
José Agripino
O ex-presidente e ex-líder do DEM é réu por corrupção e lavagem de dinheiro. É acusado de receber propina para a construção da Arena das Dunas, estádio erguido em Natal (RN) para a Copa do Mundo no Brasil, em 2014. A Procuradoria Geral da República aponta indícios de que Agripino recebeu mais de R$ 650 mil em suas contas pessoais, em parcelas, entre 2012 e 2014. De acordo com a denúncia, a pedido do senador e em troca de favores, a OAS doou R$ 250 mil ao DEM.
Fernando Collor
Segundo a PGR, Collor recebeu R$ 29 milhões em propina por sua influência em uma subsidiária da Petrobras, a BR Distribuidora. É réu pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e comando de organização criminosa. Além dessa ação, o senador é alvo de outros cinco inquéritos na Lava Jato. O grupo de Collor é acusado de ter recebido propina em acordo que envolveu um contrato de troca de bandeira de postos de combustível celebrado entre a BR Distribuidora e a empresa DVBR (Derivados do Brasil).
Também é suspeito de se beneficiar de contratos de construção de bases de distribuição de combustíveis firmados entre a BR Distribuidora e a UTC Engenharia. O senador nega ter praticado o crime e acusa o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot de perseguição. “A Corte apontou o absurdo da multiplicidade de acusações em relação a um mesmo fato, ressaltando que nessa etapa não fazia qualquer juízo quanto à existência ou não de crime. O senador acredita que, como no passado, terá oportunidade de comprovar sua inocência na fase seguinte do processo, colhendo, mais uma vez, o reconhecimento de sua inocência”, diz a defesa.
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