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Opinião
25/06/2012 20:22:35

'Traumas'


'Traumas'
Dr. Jacinto Martins de Almeida

Escuto sempre as pessoas falarem em traumas. Também observo que os traumas a que se referem são os de origem psicológicos. Raramente, escuto alguém falar de traumas físicos, com exceção do pessoal da área de saúde.

 

Etimologicamente a palavra trauma deriva do grego “traûma”, que significa: ferida, ferimento. Esse fermento pode ser de origem física ou de origem psíquica. Logo, quando nos deparamos com um ferimento de origem físico, podemos dizer que houve um trauma físico. Porem, quando esse ferimento é de origem psicológico, afirmamos que ocorreu um trauma psíquico. Esse é o tipo de trauma mais comum.

O trauma físico é uma lesão ou ferida mais ou menos extensa, produzida por ação violenta, de natureza física ou química, externa ao organismo. Já o trauma psicológico é um tipo de dano emocional que ocorre como resultado de um algum acontecimento ruim, desagradável ao qual chamamos de evento traumático. Pressupõe uma experiência de dor e sofrimento emocional ou físico.

 

O trauma psicológico não ocorreria        se não fosse à presença do evento traumático. Um evento traumático envolve uma experiência ou série de experiências repetidas que afetam a maneira de o indivíduo lidar com as ideias ou emoções envolvidas com aquela experiência dolorosa; podendo às vezes, durar semanas ou anos. Como experiência dolorosa que é; o trauma acarreta uma exacerbação do medo, o que pode conduzir ao estresse, envolvendo mudanças físicas no cérebro e afetando o comportamento e o pensamento da pessoa, que fará de tudo para evitar reviver o evento que lhe traumatizou. Podendo acarretar depressão, comportamentos obsessivos compulsivos e outras fobias ou transtornos, como o de pânico.

Porque o trauma psicológico se manifesta como sintomas físicos?

 

Toda saída natural deve ser pelo local por onde se entra. Se entrarmos por uma determinada porta, a saída natural é pela aquela porta; se sairmos por uma janela será uma saída inadequada. A mesma coisa acontece com a lembrança do evento traumático que originou o trauma de origem psicológico.

 

Apesar de o trauma ser originado pelo consciente, ele faz com que a lembrança do incidente seja retirada do consciente e transportada para o inconsciente. Lá no inconsciente fica rodeado por emoções que não encontram uma saída natural pelo consciente e essas emoções são descarregadas como reações físicas. Por isso, se manifesta no corpo em forma de sintomas. Porque o sintoma é apenas uma energia emocional que está presa, saindo por um lugar errado que é o corpo.

 

Geralmente, comparo as emoções represadas no inconsciente a uma bomba prestes a explodir. Para que uma bomba exploda é necessário que se coloque fogo no seu estopim. O mesmo acontece com as emoções represadas no inconsciente, provocadas por um trauma. Essas emoções represadas necessitam de estímulos internos ou externos para virem à tona em forma de sintomas físicos; tais como: ansiedade, angústia, insônia, tontura, dor de cabeça, isolamento, irritação, desassossego, falta de atenção e concentração, medo, choro, desanimo, aceleramento no coração, tremores pelo corpo, peito apertado, bolo na garganta, sensação de falta de ar, falta de apetite, perda de peso, etc.

 

Para que haja um melhor entendimento de como as emoções represadas provocadas por um trauma, podem vir à tona como sintomas físicos; irei utilizar como explicação o consciente e o inconsciente, e também citar um caso que foi tratado por mim quando ainda trabalhava no Centro Médico de União dos Palmares, de propriedade do Dr. Juarez.

 

Somos dotados de uma mente consciente e uma mente inconsciente. A mente consciente é linear, por isso só consegue perceber uma coisa de cada vez. Já a mente inconsciente é difusa, tem o poder de perceber várias coisas ao mesmo tempo. Por exemplo: num caso de assalto a mão armada, a mente consciente focaliza a atenção na arma e é somente isso que ele percebe. No entanto, não consegue perceber o coração acelerado, os tremores pelo corpo, a boca ressecada, a temperatura corporal, a respiração ofegante, a sensação de medo, a sensação de falta de ar, a temperatura daquele local e nem os ruídos ou barulhos que acontecem ao redor naquele momento. Mas tudo isso é percebido pela mente inconsciente e  gravada na mesma; necessitando apenas de estimulo interno ou externo para se manifestar.

O caso

 

Em novembro de 2004, numa quinta-feira à noite, chegou ao meu consultório um jovem que na época tinha 23 anos. Esse jovem me relatou o seguinte: eu tinha acabado de cruzar a linha do trem, então percebi que vinham dois homens na minha direção e quando chegou próximo a mim, um deles me perguntou a hora; quando levantei o braço para olhar para o relógio, o outro homem puxou um revolver da cintura e disse que era um assalto e me pediu o relógio e dinheiro. Fiquei apavorado e paralisado e ele gritou que queria o relógio e dinheiro; num gesto automático tirei o relógio e o entreguei, e disse que não tinha dinheiro; então, o que não estava armado enfiou as mãos nos meus bolsos para ver se eu estava mentindo e os dois foram embora levando o meu relógio. Então perguntei: Você ficou sentindo alguma coisa após o fato ocorrido? Ele respondeu; aí é onde está o problema, quando escuto o apito de um trem começo a sentir um medo intenso, tremores, falta de ar, coração acelerado e sensação que vou morrer. Para o senhor ter ideia, eu não consigo mais passar sobre a linha de um trem.

 

Nesta época eu só trabalhava com Hipnoterapia e PNL (Programação Neuroliguistica); por isso, informei ao paciente que iria hipnotiza-lo e regredir ao exato momento em que o assalto aconteceu para descobrirmos o motivo que levava o apito do trem a causar aqueles sintomas. Ele concordou plenamente.

O paciente era suscetível à hipnose e em poucos minutos o coloquei em transe e começamos a descer no tempo, até o exato momento em que o assalto ocorreu. De repente, percebi que ele começou a tremer como se estivesse tendo convulsões e respirando apressadamente; perguntei o que ele estava experenciando? Respondeu que estava vendo dois homens... Um revolver e que estava sendo assaltado e se sentindo mal. Segurei sua mão para que se acalmasse. Perguntei se ele estava ouvindo algum barulho (ruído)? Disse que não. Depois de alguns minutos começou a tremer novamente e disse: estou ouvindo um barulho enorme... Perguntei, que tipo de barulho? Respondeu; um trem e agora ele está apitando... Apitando. O paciente ficou muito agitado expressando vários sintomas físicos. Então, o acalmei, informando que ele estava em segurança e que nada de mal iria lhe acontecer; e através da hipnoterapia resinifiquei o motivo (apito do trem) causador daqueles sintomas e o paciente ficou totalmente bom.

 

Portanto é bom lembrar que nem todas as pessoas podem ser traumatizadas pelo mesmo evento traumático ou ficarem traumatizadas por passarem por experiências traumáticas. O trauma não é o acontecimento em si, mas o modo como esse acontecimento incide sobre o psiquismo de alguém e por ele é processado. Entretanto, pessoas diferentes reagem de maneiras diferentes em eventos similares. Uma pessoa pode sentir como traumático um evento que outra pessoa pode não sentir, e nem todas as pessoas que passam por experiências traumáticas podem se tornar psicologicamente traumatizadas.

 

Atualmente sou muito habilidoso no tratamento de traumas, pesadelos, sonhos repetidos, sensação de bolo na garganta, opressão torácica (peito apertado) e sensação de falta de ar. Esse tratamento é feito em apenas uma sessão de 90 minutos, com a junção da Hipnoterapia, Terapia do EMDR e Acupuntura.     

                                

Dr. Jacinto Martins de Almeida

Psicólogo/Psicanalista/Hipnólogo/Acupunturista

 

ESPECIALISTA NO TRATAMENTO DE MEDOS E DORES




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