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14/11/2010 23:33:15

Cirurgia de redução de estômago controla o diabetes em 90% dos casos


Cirurgia de redução de estômago controla o diabetes em 90% dos casos

Com correiodopovo-al //

A cirurgia de redução de estômago, além de fazer pacientes obesos perderem peso, também se mostra bastante eficaz no controle do diabetes. A Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica analisou o resultado da cirurgia em obesos com diabetes tipo 2 e concluiu que o procedimento consegue controlar a doença na maioria dos pacientes operados. Neste domingo (14) é celebrado o Dia Mundial do Diabetes.

Dos 7.500 pacientes obesos e diabéticos que se submeteram à cirurgia bariátrica no país em 2009, 90% tiveram o controle total ou parcial da doença. Esse número representa 25% do total das 30 mil cirurgias bariátricas realizadas no país no ano passado, pelas redes pública e privada.

O diabetes tipo 2 acontece por causa da resistência do corpo à insulina, um hormônio importante na passagem do açúcar do sangue para dentro das células. O pâncreas produz e secreta a insulina, só que ela não atua de forma adequada. Sem esse hormônio, a glicose não chega até as células. Esse tipo de diabetes está intimamente ligado à obesidade e ao sedentarismo e sua incidência é maior após os 40 anos.

Quem pode fazer?

A cirurgia é indicada apenas para pacientes com IMC (índice de massa corpórea) acima de 35 (equivalente à obesidade mórbida), com diabetes tipo 2 resistente a outros tipos de tratamentos com remédios e dietas. Pode ser realizada a partir dos 16 anos e só é contraindicada para pessoas com problemas cardíacos e pulmonares, hérnia de hiato e refluxo gastroesofágico severos ou que não estejam em condições físicas e psicológicas de fazer uma cirurgia.

Segundo o endocrinologista Eduardo Pirolla, do Núcleo de Obesidade e Transtornos Alimentares do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, o procedimento tende a melhorar muito a saúde do diabético.

- O intuito da cirurgia é evitar as complicações decorrentes da doença. Se não se cuidar, ele terá problemas vasculares, que levam ao infarto ou aos problemas nos pés, entre outros. O objetivo é operar um pouco mais precocemente para não chegar a essas condições.

A cirurgia bariátrica melhora a sensibilidade à insulina nos pacientes e a habilidade do corpo de aproveitar a glicose presente na corrente sanguínea, explica Thomas Szegö, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica.

Eficácia

Três tipos de cirurgia se mostram eficazes no controle do diabetes: o bypass gastrojejunal e as derivações bilio-pancreáticas, uma chamada scopinaro e outra duodenal switch. Todas têm como base a combinação da redução do estômago com um desvio do intestino delgado.

Isto é, as três técnicas criam um atalho para o alimento, que chega antes à parte final do intestino. Esse desvio altera a secreção de alguns hormônios intestinais, as incretinas, que estimulam a produção de insulina, resultando na melhora ou até mesmo no controle do diabetes tipo 2.

A alteração hormonal aliada à perda de peso são os fatores principais para o controle do diabetes tipo 2, explica Szegö.

- O emagrecimento tem papel fundamental na saúde do diabético, pois controla o que os médicos chamam de “resistência periférica à insulina”, ou seja, a gordura instalada na barriga permanece na periferia da musculatura abdominal, dificultando a ação da insulina. Quando essas pessoas perdem peso, permitem que a insulina volte a agir, já que seu papel é fazer com que o açúcar entre na célula.

Os médicos indicam orientação psicológica após a cirurgia, já que é uma fase de "mudanças radicais", segundo Szegö.

- O acompanhamento psicoterápico é necessário para evitar problemas emocionais. O diabético obeso vai passar por uma operação que trará mudanças radicais, pois além de perder muito peso, ele não precisará mais da insulina.

No Brasil, a cirurgia para esse fim pode ser realizada na rede privada, geralmente com cobertura dos planos de saúde, ou pelo SUS (Sistema Único de Saúde).

Diabetes no Brasil e na América Latina

No Brasil, segundo o IBGE, 3,6% da população brasileira tem diabetes e o índice sobe para 8,1% entre pessoas com 35 anos ou mais.

As complicações causadas pelo diabetes são responsáveis por 9% de todas as mortes registradas na América Latina e no Caribe. De acordo com estimativas da Fundação Mundial de Diabetes e da Federação Internacional de Diabetes, ao menos 330 mil pessoas irão morrer em 2010 por causa da doença na região. O levantamento mostra ainda que 6,3% dos adultos da América Latina (18 milhões de pessoas) têm o problema e a expectativa é de que esse número cresça 65% em 20 anos, chegando a 30 milhões de pacientes.

Além dos evidentes riscos para a saúde das pessoas, o aumento da doença também causa um aumento nos gastos, tanto públicos quanto privados, com tratamentos. Só na América Latina, o diabetes e suas complicações consomem R$ 14,6 bilhões (US$ 8,1 bilhões) por ano. No mundo, o valor chega a R$ 41 bilhões (US$ 23 bilhões).

Foto Ilustrativa



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