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Guerra
18/01/2023 02:00:00

Manobras com Belarus geram temor de nova mobilização russa

Exercícios militares conjuntos indicariam que Moscou esteja preparando novo front para uma grande ofensiva terrestre na Ucrânia.


Manobras com Belarus geram temor de nova mobilização russa

Rússia e Belarus iniciaram nesta segunda-feira (16/01) exercícios conjuntos de suas forças aéreas, provocando temores em Kiev e no Ocidente de que Moscou possa usar seu aliado para lançar uma nova ofensiva terrestre na Ucrânia. As manobras envolveram todas as bases aéreas de Belarus e deverão se estender até 1º de fevereiro, informou o Ministério da Defesa belarusso.

Segundo o órgão, o principal objetivo do exercício tático conjunto é "reforçar a compatibilidade operacional" entre as tropas de diferentes unidades militares. Embora Minsk insista que os exercícios são de natureza defensiva e que não pretende entrar no conflito, o temor agora é que a Rússia esteja planejando abrir uma nova frente no norte da Ucrânia, como fez no início da guerra, em 24 de fevereiro.

Especialistas militares ocidentais vêm há tempos alertando sobre o risco de um ataque de Belarus à Ucrânia. No entanto, a probabilidade de uma nova ofensiva a partir de Minsk não era considerada muito grande, devido à baixa concentração de tropas.

Nova mobilização à vista?

Em recente pronunciamento em vídeo, o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, alertou sobre os planos de Moscou de mobilizar mais tropas para uma suposta nova grande ofensiva. Pouco antes do Ano Novo, o ministro da Defesa da Ucrânia, Oleksiy Reznikov, também já havia se dirigido aos russos, advertindo-os de que o Kremlin se preparava para uma nova mobilização, com planos de impor a lei marcial na Rússia e fechar as fronteiras do país aos homens.

Oficialmente, a mobilização parcial na Rússia iniciada em 21 de setembro de 2022 ainda não terminou. Isso só acontecerá quando o presidente Vladimir Putin assinar um decreto para tal.

"Não se trata de uma mobilização parcial"

"De fato, não há nenhum decreto para acabar com a mobilização", diz Sergey Krivenko, chefe do grupo russo de direitos humanos Cidadãos, Exército, Direito. "A primeira onda foi em outubro e não se trata de uma mobilização parcial. Recebemos relatos de habitantes em várias regiões que ainda estão sendo convocados. Talvez o Ministério da Defesa ainda esteja buscando determinados especialistas. De qualquer forma, a mobilização ainda não foi encerrada." A organização de Krivenko foi incluída na lista dos assim chamados "agentes estrangeiros" pelas autoridades russas.

Krivenko recorda um decreto de Putin de agosto de 2022, que tratava de um incremento das Forças Armadas russas para mais de 1,15 milhão de militares. "Na época, diversos especialistas apontavam para um total de cerca de 800 mil militares na Rússia — entre recrutas, soldados profissionais, oficiais e combatentes. E com a mobilização no outono [terceiro trimestre de 2022], um acréscimo de 300 mil estava em andamento."

Em dezembro, contudo, o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, anunciou que aumentaria as Forças Armadas para 1,5 milhão, diz Krivenko, o que representaria um aumento adicional de até 400 mil homens. "Isso é uma preparação para a mobilização. Acredito que devemos esperar a segunda onda no fim de janeiro ou fevereiro."

Metade dos recrutados foi imediatamente enviada para o front; a outra metade para centros de treinamento. "Eles foram preparados por vários meses. Quando começar essa ofensiva prometida por Putin e o ministro da Defesa, esses soldados serão enviados imediatamente para o combate. Em breve, serão necessários reforços. Uma nova onda de mobilização precisa então ser iniciada agora para que os recrutas possam ser preparados de novo por alguns meses", explica o ativista russo de direitos humanos.



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