A família do músico compartilhou a notícia nas redes sociais. "Depois de contrair uma meningite bacteriana, ele faleceu pacificamente ontem (10/1). Pedimos privacidade enquanto processamos essa tremenda perda", conclui a nota.
Beck substituiu o também guitarrista Eric Clapton na banda The Yardbirds e, anos mais tarde, formou um novo grupo em parceria com o cantor Rod Stewart.
Segundo a BBC News, "o timbre, a presença e, principalmente, o volume de Beck redefiniram o uso da guitarra na música dos anos 1960 e influenciaram movimentos como o heavy metal, o jazz-rock e até o punk".
Mas o que é a meningite bacteriana, causa da morte do guitarrista? Conheça a seguir as causas, as formas de transmissão, os grupos de risco, os métodos de diagnóstico, o tratamento e a prevenção dessa doença.
Em resumo, a meningite é um processo inflamatório que afeta as meninges, membranas que revestem e protegem o cérebro e a medula espinhal.
Essa inflamação pode ser causada por vários agentes. Os mais comuns são os vírus e as bactérias.
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos aponta que, apesar de ser mais comum, a meningite viral é menos agressiva e a grande maioria dos pacientes se recupera.
Já a meningite bacteriana — que, como o próprio nome indica, é causada por bactérias — costuma ser mais grave.
A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) estima que entre 20 e 30% dos pacientes diagnosticados com a versão bacteriana da enfermidade morrem. "Dos sobreviventes, de 10 a 20% ficam com alguma sequela, como surdez, amputação de membros ou comprometimentos neurológicos", calcula a entidade.
Diversos micro-organismos podem causar um quadro desses. Segundo o Ministério da Saúde, o agente mais comum no Brasil é o meningococo (Neisseria meningitidis), seguido pelo pneumococo (Streptococcus pneumoniae), pelo bacilo de Koch (Mycobacterium tuberculosis) e pelo Haemophilus influenzae.
O ministério estima que, de 2007 a 2020, o país registrou 87,9 mil casos e 5,5 mil mortes por meningite bacteriana.
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O Serviço de Saúde Pública do Reino Unido (NHS, na sigla em inglês) explica que a meningite é transmitida de pessoa a pessoa por meio de tosses, espirros, beijos e conversas.
Gotículas de saliva e secreções que saem pelo nariz ou pela boca trazem as bactérias, que vão parar no organismo de uma outra pessoa e dão início a uma infecção.
A SBIm acrescenta que "aproximadamente 10% da população pode ser portadora assintomática das bactérias [causadoras de meningite] e transmiti-las sem saber, principalmente adolescentes e adultos jovens".
O Centro de Saúde Johns Hopkins, dos Estados Unidos, aponta que os principais sintomas da meningite bacteriana são:
Em crianças menores, outros indícios da doença incluem:
O centro Johns Hopkins informa que "os sintomas geralmente aparecem rapidamente, em poucas horas ou de um dia para o outro".
Procurar um pronto-socorro rapidamente, portanto, é essencial para fazer o diagnóstico e iniciar o tratamento o mais rápido possível.
A Clínica Mayo, nos Estados Unidos, lista cinco situações que aumentam o risco de ter meningite bacteriana:
A médica Rosana Richtmann, diretora do Comitê de Imunização da Sociedade Brasileira de Infectologia, explica que adolescentes apresentam a enfermidade com mais frequência por questões comportamentais típicas da idade.
"Essa é a idade do compartilhamento de copos, dos beijos, dos encontros em baladas e lugares fechados...", lista. "E tudo isso facilita a transmissão das bactérias."
Já entre os mais velhos, explica a especialista, o risco de complicações está relacionado à evasão imune, ou a diminuição da capacidade do organismo de combater infecções.
"Com o passar dos anos, o sistema de defesa fica mais frágil e quadros que antes eram simples podem se tornar mais complicados", pontua a médica, que também integra o Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo.
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O CDC explica que a detecção da meningite bacteriana depende de testes laboratoriais, feitos por meio da coleta de sangue ou do fluido da medula espinhal.
Esses exames avaliam a presença das bactérias causadoras da inflamação na meninge.
A partir daí, o médico vai prescrever os antibióticos específicos, capazes de matar aquele grupo de micro-organismos.
O NHS acrescenta que muitos pacientes também precisam de tratamento de suporte, que inclui soro na veia e oxigênio.
A vacinação é a principal forma de diminuir o risco de sofrer com essa doença.
Não existe um imunizante único capaz de lidar com todas essas bactérias, mas várias doses diferentes, indicadas em esquemas e para faixas etárias variadas, são essenciais para reduzir o risco de infecção e complicações.
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Para diminuir a probabilidade de ter meningite (e outras infecções), o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza atualmente as vacinas:
Richtmann chama a atenção para as baixas coberturas vacinais contra esses micro-organismos causadores da doença.
"Com a introdução dessas vacinas no calenário nacional há mais de uma década, a incidência de meningite despencou no Brasil inteiro", lembra.
"Portanto, me preocupo com a baixa adesão a essas vacinas mais recentemente. Quem não foi vacinado, corre o risco de sofrer com uma doença grave e potencialmente fatal", completa.
Segundo o portal DataSUS, apenas 72% das crianças receberam a vacina meningocócica C em 2021 (os dados de 2022 ainda estão em atualização).
Já a meningocócia ACWY, destinada a adolescentes, teve uma cobertura média de 30 a 40% nos últimos anos — a meta seria manter os índices acima dos 80%.
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