Embora a cidade de União dos Palmares distante 75 quilômetros de Maceió esteja situado em uma das regiões mais privilegiadas de mananciais de água e por se situar na bacia hidrográfica dos rios interestaduais Canhoto e Mundaú, a comunidade continua enfrentando a crise de falta d’água há mais de 60 anos graças a um sistema superado de captura e distribuição que até bem pouco tempo era administrado pela autarquia Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) que deu lugar a 'Verde' uma empresa mineira responsável pela administração dos serviços de fornecimento de água e esgotamento sanitário em 27 municípios do Litoral Norte e Zona da Mata de Alagoas pelo período de 35 anos.
A citada empresa divulga que ‘utiliza modernas tecnologias e processos inovadores, respeitando os clientes e o meio ambiente, contribuindo também com a geração de empregos e que tem também a missão de transformar, gradualmente, o sistema de água e esgotamento sanitário, levando qualidade de vida para mais de 400 mil alagoanos’.
‘Entre os nossos principais compromissos estão o fornecimento de água com qualidade, monitorada 24 horas por dia, modernização e ampliação de todo o sistema e saneamento básico da população dessas localidades’ pontua a divulgação.
Recentemente após a cheia de 2010 União dos Palmares ganhou quase dez mil novas residências com a construção dos Conjuntos Habitacionais ‘Nova Esperança’ e ‘Newton Pereira’ que paralelo ao crescimento normal da cidade sobrecarregou os serviços de distribuição do precioso liquido as indústrias, comercio e residências totalizando mais de 30 mil ligações, cuja receita seria superavitária se não fosse a precária estrutura planejada nos anos 50 que permanece até os dias atuais para uma população inferior a metade da atual . Hoje a cidade conta com mais de 65 mil habitantes.
Com o que dispunha a 30 anos passados, o SAAE era uma empresa superavitária e disputada pelos prefeitos que passaram no município, chegando a ser intitulada ‘a galinha dos ovos de ouro’ pelo fato de prestar conta da arrecadação e despesa a si próprio, em termos técnicos, sem detalhamento de quanto arrecadava e gastava, a Câmaras Municipais cujos membros em sua maioria eram e continuam sendo leigos em contabilidade e meio ambiente. Assim está escrita a história da autarquia que administrava o serviço.
Recentemente no governo de Renan Calheiros, após concorrência, a empresa mineira acampou os serviços cuja transação ainda hoje não é do bom grado dos usuários que não foram consultados sobre o fato e o resultado está sendo sentido em elevado grau pois em determinados locais da cidade falta água há mais de 15 dias; em outros o serviço é intercalado, e nem sequer um esclarecimento é expedido a comunidade mesmo porque o manto da impunidade lhes garante o desserviço. O Procon literalmente inexiste e o Ministério Público utiliza a filosofia de somente interferir em assuntos quando provocado.
A ‘provocação’ a que referem as autoridades está nos reclamos das donas de casas e utilitários do precioso liquido que são convidados a pagar o que não consumiram sob a condição de ter o ‘fornecimento’ cortado um mês após a cobrança. O assunto lembra um sistema ditatorial, pois desde que a ‘Verde’ acampou o serviço a taxa mínima aumentou sensivelmente. A reboque ainda existe a ameaça do nome do cliente ser incluso no rol dos maus pagadores da SERASA
O interessante é que durante a transação da compra a empresa adquirente tomou ciência das dificuldades e da precariedade do SAAE a começar pela captação da água no poluído Rio Mundaú que entre outros detalhes recebe os dejetos das cidades pernambucanas e outras em Alagoas a exemplo de Santana do Mundaú, São José da Laje e Rocha Cavalcante.
São milhares de residências que despejam a água inservível e o esgoto sanitário nos rios Mundaú e Canhoto além de dezenas de riachos afluentes cujas águas são utilizadas para os mais diversos fins desde a absorção de fezes das ‘latrinas’, até o uso pelo gado e animais domésticos, alguns mortos.
Outrora tida como a taxa mais barata do estado, a suposta despoluição dessas águas encarece a taxa de consumo somadas as taxas adicionais como esgoto implantada a comunidade pela atual gestão municipal. O resumo dessa longa novela é sentido pelo consumidor que atualmente enfrenta a falta da água em suas casas. Nem para se tormar banho tem água nas torneiras.
O estranho é que ninguém diz nada a começar pelo próprio povo (reclamar a quem?), pela Câmara de Vereadores, pelo gestor municipal e até o Ministério Público cujos membros não residem em União dos Palmares exceto funcionários de apoio cedidos pela Prefeitura e consomem água mineral contrastando com a classe pobre que administra a dificuldade em pagar a taxa mínima da agua por ser uma região de baixissima renda per-capita.
Paralelo aos assuntos expostos nesta matéria, em um inverno farto como o deste ano outro problema é que durante a estação fica acentuado o aumento do uso dos produtos químicos para manter a água ‘potável’ fato que supera o consumo desses produtos durante o verão onde a água, dizem os funcionários da antiga autarquia, consome menos da metade dos mencionados produtos que no inverno.
Contrapondo-se ao imbróglio o município dispõe de fartura de água que lamentavelmente desperdiça. Cite-se a região dos Frios onde a água quase mineral e despoluida e utiliza unicamente a gravidade para chegar a cidade.
Redação – Texto e Fotos
Tribuna União