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16/11/2022 18:00:00

O que acontecerá se encontrarmos vida inteligente no Universo


O que acontecerá se encontrarmos vida inteligente no Universo

Diversas referências culturais indicam que só haveria uma alternativa se, algum dia, extraterrestres viessem fazer um passeio cósmico ao nosso planeta: disparar com artilharia pesada.

Mas, do leve clássico de 1980 ET - O Extraterrestre, passando pelas décadas de episódios de Star Trek até os livros de Isaac Asimov e Ursula K. Le Guin, os escritores e roteiristas de ficção científica vêm se debatendo há muito tempo com esta questão: como nós trataríamos os extraterrestres na realidade?

Na cultura popular, os extraterrestres, muitas vezes, são apresentados como cidadãos de segunda classe, abaixo dos seres humanos.

Não fosse pela intervenção do amigo humano de ET, o corpo do alienígena protagonista teria sido aberto em uma mesa de cirurgia. Já no filme Distrito 9, de 2009, milhões de extraterrestres são confinados em favelas sul-africanas — uma alegoria da intolerância e da crueldade da vida real.

Ainda não foram encontradas provas de vida extraterrestre, mas certamente estamos procurando. De qualquer forma, nossas eventuais descobertas no futuro próximo muito provavelmente serão sinais de vida microbiana que, um dia, terá existido em Marte — o que está longe dos humanoides ilustrados nos filmes e programas de TV.

Mas existe a equação de Drake, que indica que há uma possibilidade real, estatisticamente falando, de que existam extraterrestres inteligentes em algum lugar, mesmo se as estrelas precisarem se alinhar para nos encontrarmos e fazermos contato, devido à vastidão da galáxia e à enorme distância entre os planetas.

"Encontrar vida ou fazer contato sempre será muito improvável até o dia em que isso aconteça", segundo John Zarnecki, professor emérito de ciências espaciais da Universidade Aberta, no Reino Unido.

"Isso me lembra os exoplanetas", afirma ele. "Quando era um jovem pesquisador, nós falávamos sobre esse tema e todos suspeitávamos que os exoplanetas existiam, mas não havia forma de encontrá-los porque tecnicamente era muito mais difícil."

Agora sabemos que os exoplanetas existem e alguns são até possíveis candidatos para abrigar vida, já que existe água neles.

Por isso, com a nossa busca contínua por vida alienígena e a possibilidade de encontrá-la, não é fora de propósito imaginar como reagiríamos se, algum dia, fizéssemos contato — especialmente considerando que as espécies alienígenas inteligentes provavelmente serão muito diferentes da nossa forma humana.

A equação de Drake

Em 1961, o astrofísico americano Frank Drake criou uma fórmula para estimar o número aproximado (N) de civilizações avançadas que provavelmente existem na Via Láctea e podem ser encontradas:

N = R* x fp x ne x fe x fi x fc x L, em que:

R* = taxa de formação de estrelas na Via Láctea

fp = fração dessas estrelas com sistemas planetários

ne = número médio de planetas em cada sistema planetário que podem potencialmente permitir o desenvolvimento da vida

fe = fração de planetas com potencial de desenvolvimento da vida que realmente têm vida

fi = fração de planetas com vida que desenvolvem vida inteligente/civilizações

fc = fração dessas civilizações que desenvolvem tecnologias com sinais detectáveis no espaço

L = período de tempo em que essas civilizações emitem sinais detectáveis para o espaço

Direitos dos não humanos

Os escritores não parecem ter muita esperança de que os seres humanos tratariam muito bem os alienígenas, talvez porque o nosso registro histórico de oferecer direitos aos habitantes deste planeta, humanos ou não, tem sido muito ruim ao longo da história, apesar das convenções legais internacionais que supostamente os protegem.

A concessão de direitos universais inalienáveis — ou seja, os direitos garantidos para todas as pessoas, independentemente de qualquer fator — foi consagrada em lei pela comunidade internacional apenas em 1948, com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, depois dos horrores da Segunda Guerra Mundial.

Mas, a não ser por sanções, os meios de fazer valer esses direitos, mesmo para os seres humanos, são limitados. Embora as leis determinem que as pessoas devem ter direitos como à liberdade e proíbam a escravidão, e que esses direitos são nossos desde o nascimento até a morte, alguns filósofos políticos indicaram que, na prática, eles só existem no papel.

Cena do filme 'ET - O Extraterrestre'

CRÉDITO,FLIXPIX/UNIVERSAL PICTURES/ALAMY

 
Legenda da foto,

Não fosse a intervenção do amigo humano de ET, o protagonista alienígena teria sido aberto em uma mesa de cirurgia

 

Uma indicação de como trataríamos os alienígenas se eles entrassem em contato conosco pode estar nos direitos que concedemos às espécies não humanas no nosso próprio planeta.

Muitos países agora reconhecem os animais como seres sencientes, desde os gorilas até os corvos, mas apenas recentemente os grupos de direitos animais conseguiram alguns avanços legais na concessão de "direitos" aos animais com base nessa senciência — definida vagamente como sua capacidade de experimentar conforto ou sofrimento.

Especialistas em ética já estão analisando como os direitos de uma espécie alienígena totalmente desconhecida se enquadrariam em nossas estruturas legais e éticas. Mas tem havido poucas discussões internacionais abertas sobre os extraterrestres.

O então primeiro-ministro de Granada, Eric M. Gairy, levantou uma questão a este respeito em uma sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas em 1977. Ele acreditava que os avistamentos de óvnis podem ser sinais de vida extraterrestre hostil no nosso planeta.

Gairy sugeriu a formação de um organismo oficial de investigação nas Nações Unidas. Mas nenhuma política foi adotada e ele foi pressionado por diplomatas britânicos a abandonar este tema. Gairy governou Granada até ser deposto por um golpe de Estado no ano seguinte.

Mas alguns governos estão retomaram o interesse. Em 1999, a jornalista Leslie Kean recebeu o vazamento de um dossiê francês sobre os óvnis, que demonstra que generais e almirantes acreditavam que os fenômenos não explicados poderiam ser extraterrestres.

E, no início de 2022, pela primeira vez em décadas, o Congresso americano debateu em público o que fazer com esses objetos voadores misteriosos, embora não haja evidências de que eles sejam de origem extraterrestre.

Jill Stuart, especialista em direito espacial da London School of Economics, não acredita que viveremos o suficiente até que os seres humanos façam contato com seres extraterrestres. Mas ela ainda acha que vale a pena examinar o que faríamos nesta situação.

"Nós pesquisamos o universo para encontrar a nós mesmos, porque ele nos força a refletir sobre como nos relacionamos entre nós, como nos relacionamos com o nosso meio ambiente e como nos relacionamos com outras espécies e as pessoas", afirma ela. "Esses cenários voltados para o futuro podem nunca acontecer, mas todo o processo tem valor por si próprio."

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