Os israelenses compareceram às urnas nesta terça-feira (1) para a sua quinta eleição legislativa em três anos e meio para escolher os membros do Knesset (o Parlamento, em Jerusalém). Dois campos, representados por cerca de quarenta listas, disputam esse voto proporcional: um a favor da volta ao poder de Benjamin Netanyahu, julgado por corrupção, e o outro que quer manter no poder uma jovem coalizão heterogênea liderada pelo centrista Yair Lapid.
Seis milhões e oitocentos mil eleitores israelenses estavam aptos a votar. Um total de 120 assentos estão em disputa no Parlamento israelense, sendo a maioria fixada em 61 membros eleitos.
Os locais de votação abriram às 7H00 (2H00 de Brasília) e o pleito segue até 22H00 (17H00 de Brasília). Logo depois serão divulgadas as pesquisas de boca de urna, pouco antes dos primeiros resultados oficiais.
Às 14h, a taxa de participação era de 38,9%, a mais alta já registrada em 23 anos, indicou Orly Ades, chefe da Comissão Eleitoral Central.
"Eu disse que estava um pouco preocupado, mas com a ajuda de Deus (...), vamos terminar este dia com um sorriso", disse Benjamin Netanyahu após votar, em Jerusalém. O bloco conservador liderado pelo líder do Likud, conhecido entre seus apoiadores por Bibi, enfrenta a coalizão de Yair Lapid, 58 anos, primeiro-ministro de Israel desde julho (partido Yesh Atid).
Lapid pretende continuar a sua ação à frente de um governo que reúne partidos de direita, de centro, de esquerda e um partido árabe. Aos 73 anos, Netanyahu é o chefe de Governo mais longevo da história do Estado de Israel e tenta reunir uma maioria de 61 deputados entre as 120 cadeiras do Parlamento com seus aliados ultraortodoxos e da extrema direita, que pode virar a terceira força partidária do país.
Um deputado egresso da extrema direita, Itamar Ben Gvir, firmou-se como aliado essencial para Benjamin Netanyahu na lista "Sionismo religioso". Este advogado de 46 anos, ex-membro do movimento Kach, milita em particular pela anexação da Cisjordânia por Israel e diz que se vê como ministro da Segurança Interna. "Tenho esperança de que Netanyahu se torne primeiro-ministro e que um governo de direita seja formado", disse Itamar Ben Gvir, depois de votar no assentamento de Kiryat Arba, na Cisjordânia.
Lapid, de 58 anos e primeiro-ministro desde julho, quer convencer os eleitores a manter o rumo dos últimos meses. A seu favor, ele destaca os resultados econômicos e os avanços diplomáticos, principalmente nas relações com a Turquia e o Líbano.
"É uma eleição entre o passado e o futuro." "Vote no futuro das nossas crianças, o futuro do nosso país!”, lançou Yair Lapid, que votou em Tel Aviv.
A "coalizão da mudança" forjada por ele e Naftali Bennett retirou Netanyahu do poder, em junho de 2021, mas um ano depois perdeu a maioria no Parlamento com a saída de deputados de direita, o que provocou a convocação de eleições antecipadas.
As pesquisas de intenção de votos atribuíam ao "bloco de direita" de Netanyahu 60 cadeiras, uma a menos que a maioria, contra 56 para Lapid e seus aliados.
No sistema proporcional israelense, uma lista deve obter 3,25% dos votos para entrar no Parlamento, com o mínimo de quatro deputados. Caso não alcance a cláusula de barreira, o partido fica sem representantes no Knesset.
A divisão dos partidos árabes provoca o risco de que não alcancem o resultado mínimo, o que favoreceria a vitória de Netanyahu e seus aliados. "Sem a nossa presença, a direita formará um governo majoritário. Para impedí-los, precisamos de vocês. Seu voto pode fazer a diferença", disse no domingo Ahmed Tibi, um dos líderes da lista árabe Hadash-Taal.
As eleições acontecem em um momento de tensão na Cisjordânia ocupada, com dois atentados executados por palestinos nos últimos dias, incluindo um que matou um civil israelense no sábado em Hebron (sul), uma cidade que é foco da crise com colonos israelenses.
Após uma série de atentados contra Israel nos últimos meses, o Exército efetuou mais de 2.000 operações na Cisjordânia, um território palestino ocupado desde 1967. As operações, concentradas em particular em Jenin e Nablus (norte), muitas vezes provocam confrontos e deixaram mais de 120 mortos do lado palestino, o maior número de vítimas em sete anos.
"Sabemos que estas eleições não designarão um companheiro para paz e, apesar disso, afirmamos à comunidade internacional que deve exigir do próximo primeiro-ministro israelense que ele se comprometa a acabar com a ocupação e o conflito", declarou, na segunda-feira, o primeiro-ministro palestino, Mohamed Shtayyeh.
Nesta terça-feira, o Exército israelense fechou os pontos de acesso à Cisjordânia e à Faixa de Gaza, exceto para os casos de emergência humanitária.
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