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Mundo
04/10/2022 06:00:00

Indonésia: 32 crianças estão entre os mortos em tumulto em estádio de futebol

Indonésia: 32 crianças estão entre os mortos em tumulto em estádio de futebol

Ao menos 32 crianças estão entre as mais de cem pessoas que morreram em uma das maiores catástrofes da história do futebol na Indonésia, anunciaram as autoridades locais nesta segunda-feira (3). O tumulto aconteceu no último fim de semana, quando as forças de segurança usaram gás lacrimogêneo em um estádio lotado.

"De acordo com as últimas informações, das 125 pessoas que morreram no acidente, 32 eram crianças, sendo a mais jovem um menino de três ou quatro anos", especificou Nahar, do ministério do Empoderamento das Mulheres e da Proteção da Infância.

Um balanço incial da tragedia apontava pelo menos 174 mortos e outras 180 pessoas feridas em sequência a um movimento de pânico durante a partida de futebol, na noite de sábado (1°), na cidade de Malang. O número de vítimas fatais foi revisto para 125.

A confusão começou quando os torcedores do Arema FC invadiram o gramado do estádio Karnjurhan, depois que o time perdeu por 3-2 para o Persebaya Surabaya. Esta foi a primeira derrota para o rival em mais de duas décadas.

A polícia respondeu usando gás lacrimogêneo na direção das arquibancadas lotadas, provocando uma corrida desesperada dos torcedores para os pequenos portões do estádio, onde muitos foram esmagados ou asfixiados, segundo testemunhas. As forças de segurança chamaram o incidente de "motim, no qual dois agentes morreram, mas os torcedores acusam a polícia de exagerar na resposta e provocar a morte de muitas pessoas.

O presidente indonésio, Joko Widodo, ordenou o pagamento de uma indenização às famílias das vítimas. "Como sinal de condolências, o presidente doará 50 milhões de rupias (US$ 3.200 dólares) para cada vítima falecida", disse o ministro da Segurança, Mahfud MD, que prometeu entregar o dinheiro em um ou dois dias.

Chefe da polícia destituído

A indignação é cada vez maior no país. "Uma de nossas mensagens é que as autoridades devem investigar de maneira profunda. Queremos prestação de contas. Quem é o responsável?", questionou Andika, de 25 anos, que não revelou o sobrenome.

Nesta segunda-feira, foram aplicadas as primeiras sanções: o chefe da polícia de Malang, Ferlo Hidayat, foi destituído e nove agentes foram suspensos, de acordo com o anúncio do porta-voz da Polícia Nacional, Dedi Prasetyo. De acordo com essa fonte, os investigadores estão analisando as imagens das câmeras de segurança do estádio e 28 policiais já foram interrogados, especialmente sobre o uso de gás lacrimogêneo no estádio.

O presidente do Arema FC, Gilang Widya Pramana, pediu desculpas e se responsabilizou pelo incidente. "Como presidente do Arema FC, assumirei toda a responsabilidade do ocorrido. Peço desculpas profundas às vítimas, seus familiares, a todos os indonésios e à Liga 1", disse.

Grupos de defesa dos direitos humanos exigem uma comissão independente para investigar os fatos e esperam que os policiais sejam responsabilizados pelo uso de gás lacrimogêneo em um espaço fechado.

As críticas à polícia são cada vez mais intensas no país. Uma petição online com o título "A polícia deve parar de usar gás lacrimogêneo" recebeu quase 6.000 assinaturas nas primeiras horas.

O técnico do Arema FC, o chileno Javier Roca, disse que "alguns torcedores morreram nos braços dos jogadores". "Os jovens passavam com as vítimas nos braços. Acho que a polícia ultrapassou os limites", declarou ele à rádio espanhola Cadena Ser.

O presidente da Fifa, Gianni Infantino, considerou a tragédia um "dia sombrio para o futebol".

rfi.fr/br