“De um lado, isso depende muito de como a própria escola está vendo os meninos e as meninas. E a gente percebe que o que se espera dos meninos e das meninas ainda é muito diferente”, afirma Marília, considerada uma das maiores pesquisadoras na área de gênero e educação. Em uma série de vídeos produzida pelo Portal OQE, a cientista discorre sobre as diferenças de tratamento e expectativas, que marcam a trajetória escolar de meninas e meninos.
Partindo da caracterização, Marília explica que os avanços sobre a igualdade de direitos entre homens e mulheres ainda não representaram uma mudança de paradigma para a educação. De acordo com a pesquisadora, os dados das pesquisas refletem a desigualdade na escolarização de meninos e meninas. Exemplos disso são as maiores taxas de evasão e repetência de estudantes identificados como do sexo masculino, especialmente entre aqueles que são negros e de famílias com baixa renda.
Para a professora Marília Carvalho, o padrão tido como adequado no ambiente escolar pode ser diretamente associado à forma, transversalizada pelo patriarcalismo, como meninas e meninos se apresentam e são vistos por seus professores. No vídeo, a educadora destaca problemas anteriores que foram acentuados durante a pandemia, e que estão emergindo no retorno às aulas presenciais.
“A primeira coisa que temos que tomar como tarefa é falar sobre isso, porque quando a gente pensa que os meninos deveriam ser o foco principal da ação – meninos negros e pobres, mas meninos em geral – uma discussão sobre as masculinidades, é uma discussão muito raramente encarada”, diz. Confira no vídeo abaixo: