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Educação
11/09/2022 09:00:00

Alagoas se mantém no topo do ranking de analfabetismo no País

De acordo com dados do IBGE, 17,1% da população com 14 anos ou mais não sabe ler nem escrever

Alagoas se mantém no topo do ranking de analfabetismo no País

De acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE/ 2019), Alagoas continua liderando o ranking nacional do analfabetismo do País com 17,1% das pessoas que não sabem ler nem escrever.

Isso representa 337 mil alagoanos de 14 anos ou mais incapazes de evoluir educacional, profissional e salarialmente no mercado de trabalho. Isso quando têm a sorte de conseguirem um emprego de carteira assinada. Em geral trabalham no mercado informal, vivem de bicos ou se somam aos desalentados que nem estudam e nem trabalham.

No Brasil, o número de pessoas de 15 anos ou mais analfabetas é de 6,6% ou 11 milhões de pessoas. Essa faixa etária em Alagoas tem 16% e permanece ruim até os mais velhos, já que 18 anos ou mais somam 16%, 25 anos ou mais 20,1%, 40 anos ou mais 28,6% e 60 anos ou mais 41,1%.

POLÍTICA

Para a especialista em educação, Adriana Cavalcante, parte do problema pode ser explicada pela falta de políticas públicas específicas na área municipal, estadual em desarmonia com a política federal.

“Algumas ações têm sido feitas mas podem ser ampliadas, com acesso à escola e permanência, além da qualidade e oferta da educação, formação dos professores (mestrado e doutorado). Políticas municipal e estadual alinhadas com o governo federal”, explicou Adriana.

A pesquisa nacional revela ainda que as mulheres lideram o índice dos analfabetos no Estado. Dos 337 mil tabulados, 177 mil são mulheres e 160 mil homens. Conforme explicou a especialista, entre os fatores que ajudam a explicar essa situação estão o fato de já virem de famílias pobres que as colocaram para trabalhar muito cedo. Em geral, na agricultura ou em casas de família como domésticas. “São mulheres que são mães e que se tornaram mães muito cedo e tiveram que trabalhar também num período ainda de idade escolar”, completou a doutora em educação.

Em recente reportagem da TV Gazeta, a repórter Clara Cataldo encontrou mulheres que confirmaram esse drama vivido ainda muito cedo. Seja porque trabalharam ainda na infância, mas também porque formaram família muito cedo e tiveram que cuidar dos filhos. O círculo vicioso se completa com o fato de não terem formação e não conseguem se capacitar porque sequer possuem condições de ler ou escrever qualquer conteúdo.

São pessoas como Sebastiana dos Santos 54 anos, dona de casa que confessa na reportagem que sequer consegue sair de casa por não saber ler o roteiro dos coletivos. Nessa condição vive dia a pós dia a realidade da casa, dos filhos vivendo com o pouco que consegue através do marido ou dos benefícios sociais.

“Não vou para canto nenhum porque não sei ler nem escrever. Se tudo voltasse para trás eu tava estudando. Só que agora não tenho paciência para estudar”, admitiu.

real deodorense