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Tecnologia
08/07/2022 16:00:00

Em franca expansão, metaverso é a mais nova aposta do mercado

Em franca expansão, metaverso é a mais nova aposta do mercado

Em franca expansão, metaverso é a mais nova aposta do mercado

Já pensou como seria viver dentro de um mundo virtual, podendo interagir com outras pessoas, ir a shows, fazer consultas médicas e até trabalhar em um ambiente corporativo sem sair de casa? O metaverso torna, agora, tudo isso possível. Desde que Mark Zuckerberg, criador do Facebook e desenvolvedor do projeto, anunciou seu lançamento em outubro do ano passado, mudando o nome de sua marca para Meta Platforms, pipocaram diversos debates acerca das possibilidades que esta nova realidade pode proporcionar à humanidade. Com o mercado de trabalho, não foi diferente.

O metaverso é um universo em realidade virtual que busca simular o mundo real e a sociedade global como um todo. Por meio deste mundo tridimensional, os usuários podem criar um avatar e viver a sua vida como se fosse realidade, com uma interação social quase igual a que se tem atualmente. Tal como o mundo é expandido com o metaverso, o mercado de trabalho é igualmente ampliado, possibilitando não só que certas profissões possam ser adaptadas para a realidade físico-virtual, mas também que surjam uma série de novas outras.

No Brasil, cerca de 5 milhões de brasileiros acessaram ou acessam o metaverso, segundo dados do Kantar Ibope Media, incluindo uma gama de empresários e empreendedores tentando estabelecer seus negócios em uma proposta inovadora, como um grande mercado consumidor que deseja explorar os novos horizontes desta realidade.

O ambicioso projeto de Zuckerberg propõe trazer para o mundo virtual diversos elementos essenciais para a vida em sociedade, como educação, comércio, lazer, turismo, negócios e até mesmo a medicina. De acordo com a pesquisa Metaverse and money, decrypting the future, o metaverso pode movimentar até US$ 13 trilhões até 2030, operando em vários setores econômicos. O que muitos pensaram ser uma realidade distante pode, agora, ser o futuro da humanidade.

Dados de estudo da empresa de consultoria Gartner, publicado pelo Fórum Econômico Mundial (FEM), estimam que até 2026 uma a cada quatro pessoas passará, em média, uma hora diária dentro do metaverso. Na pesquisa, o vice-presidente Marty Resnick aposta que 30% das empresas no planeta terão serviços prestados no novo universo virtual.

Estudos apontam que, entre as 500 maiores empresas do mundo, 160 já estão com iniciativas no metaverso, o equivalente a 32% do grande mercado, demonstrando que a procura pela expansão de seus negócios está cada vez mais alta.

O interesse nessa nova forma de vida em sociedade está crescendo tanto que, em novembro do ano passado, o governo da Coreia do Sul anunciou um plano para construir toda a capital Seul dentro do metaverso até 2030, com início previsto para o fim de 2022. Segundo o jornal sul-coreano The Korea Herald, o governo planeja treinar mais de 40 mil funcionários e agregar 220 companhias especializadas para “erguer” a cidade no mundo virtual, podendo gerar um investimento de cerca de US$ 187 milhões. Assim que estiver pronta, o país espera gerar até 1,5 milhão de empregos.

Para Juliana França, gerente sênior da empresa de recursos humanos e consultorias PageGroup, o metaverso ainda pode ser uma realidade utópica para a população em geral, pois é um universo em desenvolvimento, que poderá ganhar espaço somente daqui a dois ou três anos. Ela explica, contudo, que essa nova tecnologia já é uma realidade e que mais cedo ou mais tarde teremos que nos adaptar a ela. “No caso do emprego formal, o metaverso vai impulsionar muito o mercado e mudar questões relacionadas a habilidades comportamentais e técnicas. Teremos, então, uma grande evolução”, projeta.

Juliana prevê ainda que o início da transição pode não ser o mais agradável, uma vez que as mudanças que a tecnologia causa nem sempre são aceitas de imediato pela população global como um todo. Ela acredita que o novo universo trará várias oportunidades para a carreira de milhares de pessoas no Brasil e no mundo. “O metaverso vai quebrar barreiras. Já é uma realidade muito próxima a nós, e vai possibilitar, por exemplo, que as pessoas possam trabalhar em locais antes inacessíveis”, afirma.

A consultora aponta que, pelo fato de o metaverso não estar totalmente pronto, muitas das carreiras novas que podem surgir no mundo virtual são voltadas para o próprio desenvolvimento do mesmo, ou seja, na área de computação de um modo geral, expandindo ainda mais o mercado. Além disso, profissões fora da área tecnológica poderão estar bastante presentes no novo universo, como por medicina e advocacia. “As conexões são ampliadas. Se você precisar de uma consulta, pode entrar no metaverso, solicitar o atendimento, e um médico de outro lugar do mundo, por exemplo, pode te atender do próprio consultório dele, sem você precisar sair de casa”, explica.

Kenneth Corrêa, professor da Digital House
Kenneth Corrêa, professor da Digital House(foto: Arquivo Pessoal)

Kenneth Corrêa, professor de marketing e transformação digital e especialista em metaverso, conta que esta nova realidade levará as pessoas a enxergarem o mundo por outro ângulo. Assim como Juliana, ele aponta que uma série de barreiras presentes no mundo real, como a geográfica, não existirão no metaverso, e que, muito em breve, as carreiras terão que se adaptar a essa nova modalidade.

A mudança no perfil social dos empregados no metaverso também é bastante considerável. Corrêa observa que, independentemente do cargo que o usuário irá exercer em um determinado ambiente do metaverso, será de forma bem diferente do mundo real, pois terá que atuar em um ambiente tecnológico e virtual, o que pode fazer até com que o tipo de profissional seja diferente de uma realidade para a outra.

Considerando, por exemplo, um policial, no metaverso ele seria totalmente diferente de um policial de fato, uma vez que terá de cuidar de assuntos relacionados à segurança de dados, cyberbullying, integridade moral, entre outros. Neste caso, esse papel será exercido por um desenvolvedor especializado em segurança de dados, mas servirá como um policial do metaverso, mesmo não sendo um de fato.

Para Corrêa, o próprio modo de funcionamento dessa vida virtual pode auxiliar no desenvolvimento de diversos trabalhos, tanto na área de tecnologia quanto fora dela. “As facilidades vão ser inúmeras, seja do ponto de vista do tempo e de presença, produtividade, customização e até privacidade”, diz.

Ele defende ainda que, em um dado momento, o metaverso irá se tornar parte do nosso cotidiano, e que, por isso, é importante ter consciência dessa nova realidade o quanto antes. “A gente não pode se dar ao luxo de ficar longe dessas tecnologias. O volume das transações que elas possibilitam é inacreditável. Na Europa, o metaverso já movimentou quase R$ 400 bilhões, em dinheiro e em criptomoedas.”

Empresas brasileiras imergem no metaverso

Na ânsia de explorar os horizontes do mais novo nicho de mercado, empresas brasileiras anunciaram sua entrada no metaverso. A Ambev foi a primeira no país a montar um processo seletivo dentro desse universo, com interação entre os participantes, colaboradores e membros da corporação.

“Essa é uma oportunidade que não devemos adiar. É o momento ideal para conhecer a cadeia produtiva, do campo ao copo, por meio de textos explicativos, interações e vídeos, com a participação de colaboradores da Ambev de diferentes áreas, em versões digitais”, afirma Camilla Tabet, diretora de Gente e Gestão da Ambev no Brasil. Segundo ela, o projeto foi realizado em colaboração com a PushStart, empresa desenvolvedora de ambientes digitais para organizações brasileiras.

Felipe Marlon, um dos desenvolvedores, afirma que levar esses sistemas de seleção por meio do mundo digital tem como objetivo principal tornar os processos mais dinâmicos e interativos, proporcionando, assim, maiores detalhes para que a empresa conheça melhor o candidato e vice-versa. “Nossa ideia é tirar esse caráter eliminatório dos processos e trazer uma ferramenta que permita uma maior liberdade para interagir dentro dos ambientes corporativos”, explica.

A empresa já atua no ramo da gamificação (uso de mecanismos dos jogos em outros contextos para alcançar resultados e objetivos específicos) há quatro anos, e, em 2021, resolveu investir no metaverso para trazer essa tendência ao mundo corporativo, começando pela Ambev. Segundo Marlon, os candidatos que participaram das etapas seletivas desenvolvidas pela PushStart não só aprovaram a inovação como sentiram que o processo foi mais humanizado em relação aos tradicionais, o que surpreendeu até mesmo os desenvolvedores.

“O metaverso é muito lúdico, parece que a customização dos avatares e essa interação mais híbrida deixam a galera mais à vontade nos processos de seleção. Isso é algo que queremos trazer quando desenvolvemos essas tecnologias nos ambientes corporativos. A gente enxerga um leque de possibilidades dessa forma”, diz Marlon.

Outra empresa brasileira que mergulhou nesse mundo virtual foi a Ipiranga, pertencente ao Grupo Ultra, uma das maiores companhias brasileiras de distribuição de combustíveis e varejo. Até o momento, há dois postos situados na plataforma de jogo Cidade Virtual do Roleplay Complexo, oferecendo condições para mobilidade dentro do jogo. Além disso, já foram desenvolvidas duas lojas de conveniência AmPm com alimentos e bebidas que recuperam a energia do personagem e outros serviços que o usuário pode usar para o seu dia a dia no metaverso.

Seguindo também a tendência da gamificação, o usuário pode entrar na missão Delivery AmPm, um jogo desenvolvido pela Ipiranga, em que o jogador coleta os produtos na loja de conveniência e entrega em um local designado. O gamer deve encontrar uma moto elétrica descarregada da Voltz, parceira da Ipiranga, e precisa realizar a troca de bateria em uma Estação, localizada no posto. Os que alcançarem maior pontuação poderãoganhar ingressos para o Rock in Rio.

É possível entrar na plataforma tanto no ambiente virtual quanto em postos físicos da rede. A diretora de marketing do Ipiranga, Bárbara Miranda, está esperançosa em alcançar um público cada vez maior:

Outra empresa brasileira que mergulhou nesse mundo virtual foi a Ipiranga, pertencente ao Grupo Ultra, uma das maiores companhias brasileiras de distribuição de combustíveis e varejo. Até o momento, há dois postos situados na plataforma de jogo Cidade Virtual do Roleplay Complexo, oferecendo condições para mobilidade dentro do jogo. Além disso, já foram desenvolvidas duas lojas de conveniência AmPm com alimentos e bebidas que recuperam a energia do personagem e outros serviços que o usuário pode usar para o seu dia a dia no metaverso.

Seguindo também a tendência da gamificação, o usuário pode entrar na missão Delivery AmPm, um jogo desenvolvido pela Ipiranga, em que o jogador coleta os produtos na loja de conveniência e entrega em um local designado. O gamer deve encontrar uma moto elétrica descarregada da Voltz, parceira da Ipiranga, e precisa realizar a troca de bateria em uma Estação, localizada no posto. Os que alcançarem maior pontuação poderãoganhar ingressos para o Rock in Rio.

É possível entrar na plataforma tanto no ambiente virtual quanto em postos físicos da rede. A diretora de marketing do Ipiranga, Bárbara Miranda, está esperançosa em alcançar um público cada vez maior:

“É uma nova forma para as marcas se comunicarem com o público e, ao mesmo tempo, inovarem sem os limites da realidade. O metaverso ainda é um mundo de aprendizado para a maioria das empresas, mas, a depender da evolução e do engajamento, nos próximos meses, essa pode ser uma entrada definitiva da Ipiranga na plataforma”, afirma.

Em expansão no mundo e também no Brasil

 

Jota Baptista, consultor de web da Vivalisto
Jota Baptista, consultor de web da Vivalisto(foto: Arquivo Pessoal

Um negócio que cresce em larga escala no metaverso e que atraiu os olhos de grandes empresários no Brasil e no mundo é o imobiliário digital. Segundo dados da Consumer News and Business Channel (CNBC), transações imobiliárias nesse ecossitema movimentaram mais de US$ 500 milhões só no ano passado, seja na compra de terrenos ou de imóveis já planejados como em desenvolvimento no universo virtual.

A Vivalisto é uma prova desta expansão no ramo imobiliário para o metaverso em território brasileiro. Ela é uma plataforma de gestão transacional para compra e venda de imóveis, que facilita o trabalho das imobiliárias, clientes finais e corretores. A empresa foi pioneira ao investir na oferta de condições e treinamentos para que corretores pudessem trabalhar com essa nova realidade.

“É uma nova forma para as marcas se comunicarem com o público e, ao mesmo tempo, inovarem sem os limites da realidade. O metaverso ainda é um mundo de aprendizado para a maioria das empresas, mas, a depender da evolução e do engajamento, nos próximos meses, essa pode ser uma entrada definitiva da Ipiranga na plataforma”, afirma.

Em expansão no mundo e também no Brasil

 

Jota Baptista, consultor de web da Vivalisto
Jota Baptista, consultor de web da Vivalisto(foto: Arquivo Pessoal)

 

Um negócio que cresce em larga escala no metaverso e que atraiu os olhos de grandes empresários no Brasil e no mundo é o imobiliário digital. Segundo dados da Consumer News and Business Channel (CNBC), transações imobiliárias nesse ecossitema movimentaram mais de US$ 500 milhões só no ano passado, seja na compra de terrenos ou de imóveis já planejados como em desenvolvimento no universo virtual.

A Vivalisto é uma prova desta expansão no ramo imobiliário para o metaverso em território brasileiro. Ela é uma plataforma de gestão transacional para compra e venda de imóveis, que facilita o trabalho das imobiliárias, clientes finais e corretores. A empresa foi pioneira ao investir na oferta de condições e treinamentos para que corretores pudessem trabalhar com essa nova realidade.

Segundo o consultor de inovação e web 3.0 da Vivalisto, Jônata Baptista, a ascensão do ramo imobiliário no metaverso ocorre em função do caráter inovador que a modalidade ainda tem no mundo atual. Para ele, assim que se tornar parte do nosso cotidiano, tal como a internet é hoje, essas transações podem ter um menor volume monetário, porém, mais constantes.

Baptista explica que muitas empresas compram terrenos nas diversas plataformas que o metaverso oferece para construir seus negócios, adaptando-os à uma experiência Em expansão no mundo e também no Brasil METAVERSO Modalidade movimentou mais de US$ 500 milhões na compra de terrenos e imóveis planejados no ano passado Jota Baptista, consultor de web da Vivalisto Jota Baptista - Arquivo Pessoal voltada aos jogos eletrônicos, algo que já vem sendo utilizado por grande parte das corporações ao redor do mundo. A aquisição de um terreno é o início de qualquer iniciativa comercial que possa ser feita no metaverso. Portanto, trabalhar justamente na negociação destes terrenos pode ser algo altamente rentável para quem quer entrar no mercado de trabalho virtual, diz.

O consultor observa, ainda, que o mercado imobiliário é um dos mais versáteis no metaverso, pois existe a possibilidade de atuar tanto com produtos e moedas totalmente digitais quanto com bens físicos do mundo real. Segundo ele, isso otimiza tempo e outras burocracias, além de possibilitar uma melhor visão do imóvel por parte do cliente, uma vez que ele pode estar “dentro” dele, visualizando a projeção do imóvel que poderá comprar na vida real, permitindo, assim, uma interação melhor e compras mais confiáveis.

Jota alerta que investir no ramo, hoje em dia, é arriscado, em função do metaverso ainda estar nos seus primórdios e com muitas incertezas pela frente. “Porém, para um corretor de imóveis ou qualquer um que queira entrar no mercado imobiliário, é importante já começar a conhecer como ele atua. Esse é o momento ideal para conhecer essa nova realidade. Quando ela, de fato, se tornar parte da nossa vida, quem já estiver mais maduro no assunto vai se dar melhor”, afirma.

Extensão da vida real

 

Shana Wajntraub, psicólogoga e neurocientista focada em carreiras
Shana Wajntraub, psicólogoga e neurocientista focada em carreiras(foto: Shana Eleve /Arquivo Pessoal)

Para a psicóloga especialista em neurociência Shana Wajntraub, o metaverso não veio para substituir as relações pessoais do mundo real, mas, sim, para complementar e trazer novas formas de conectar pessoas ao redor do mundo, o que seria, segundo ela, um ótimo negócio para empresas com filiais e funcionários em vários países. “O metaverso é uma extensão, não uma substituição”, ressalta.

Wajntraub é dona de uma empresa que oferece treinamentos de habilidades comportamentais a milhares de funcionários de várias empresas no Brasil. Por direcionar seus treinamentos ao mercado de trabalho, ela defende que o metaverso pode melhorar significativamente a comunicação interna e o desenvolvimento de outras habilidades comportamentais (as chamadas soft skills), por conta da mescla do ambiente digital com o físico que o metaverso proporciona. “O metaverso pode fazer com que algumas experiências profissionais sejam mais imersivas”, diz.

Ela afirma que, embora as empresas tenham que arcar com um alto investimento em equipamentos de realidade virtual, realidade aumentada e inteligência artificial, o metaverso pode otimizar custos, tempo e logística, uma vez que pode ser possível se reunir com toda equipe em um mesmo ambiente sem necessidade de se deslocar para a empresa. “Sem contar que isso pode gerar um retorno financeiro inimaginável para as corporações”, afirma.

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