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Economia
12/06/2022 18:00:00

Mesmo com governo tentando reduzir preços, Petrobras vê necessidade de novos reajustes

Estatal teme desabastecimento do mercado interno devido à defasagem nos valores em comparação com o mercado internacional; momento é considerado um dos momentos mais difíceis da atual gestão


Mesmo com governo tentando reduzir preços, Petrobras vê necessidade de novos reajustes

Petrobras se encontra em um momento delicado já que, talvez, precise aumentar os preços dos combustíveis mais uma vez para diminuir a defasagem existente em relação ao valor praticado no mercado externo e reduzir o risco de desabastecimento de diesel no mercado interno. Porém, ao mesmo tempo, o governo federal tenta reduzir impostos do diesel e da gasolina, como forma de diminuir o valor nas bombas para os consumidores. Mais aumentos neste momento, teriam um impacto negativo para a própria empresa e para o governo federal.

Analistas da estatal ouvidos pela Jovem Pan consideram este um dos momentos mais difíceis da atual gestão, que será trocada em breve por decisão do Palácio do Planalto, que, por sua vez, já manifestou inúmeras vezes insatisfação com a atual política de preço da companhia.

Em uma palestra para 400 empresários para empresários e políticos na Associação Comercial do Rio de Janeiro, esta semana, o presidente Jair Bolsonaro reforçou o descontentamento com a política de preços. Ele criticou a alta rentabilidade da empresa. Mais tarde, no mesmo dia, a Petrobras divulgou ao mercado um comunicado em tom de resposta ao presidente, reforçando a necessidade de se manter a paridade de presos internacionais para garantir o abastecimento interno do mercado de combustíveis. A mensagem foi um possível sinal, segundo analistas, da necessidade de um novo ajuste de preços.

Os preços do diesel não são ajustados há cerca de um mês e da gasolina há quase três meses, apesar da defasagem. De acordo com o Centro Brasileiro de Infraestrutura, a defasagem do diesel é de 14% e da gasolina chega a 31%. A Associação Brasileira de Importados de Combustíveis (Abicom) também enxerga uma defasagem de preços. Ela calcula um gap de 16% para o diesel e 17% para a gasolina. Embora o dólar tenha dado uma trégua, o barril do petróleo do tipo brent segue pressionando acima dos US$ 120. Historicamente, a demanda por diesel fica mais aquecida no segundo semestre de cada ano. A oferta global em 2022 está comprometida por conta de menores investimentos feitos nos últimos anos, durante a pandemia da Covid-19, e também por conta da guerra na Ucrânia.

Caso a Petrobras não aumente os preços de diesel e gasolina, as importações por agentes privados podem desaparecer do mercado e acabar gerando falta de derivados, segundo o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, Pedro Rodrigues. “O governo conseguiu tirar um pouco do foco político da empresa, principalmente em razão dessa discussão de reforma, de mudanças tributárias do PLP18 dezoito e das PECs que vão zerar e fazer a compensação do ICMS para os Estados, mas, mesmo com essa questão tributária, essas mudanças, se o preço do barril continuar a subir e a Petrobras não repassar esse preço e continuar com essa defasagem, com a defasagem aumentando pode aumentar o risco desabastecimento, e a pressão política voltar sobre a empresa”, explica.

O professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Edmar de Almeida lembra que, recentemente, a Argentina começou a enfrentar esse problema de desabastecimento, após segurar os preços dos combustíveis. Há falta de derivados em 19 das 24 províncias do país. “Os preços dos combustíveis nas refinarias no Brasil, ele é livre. Então o preço brasileiro segue o mercado internacional e é importante que esse preço siga o mercado internacional, porque se a gente não puder acompanhar o mercado internacional, não é viável a participação de empresas privadas, tanto no refino do Brasil quanto nas importações de derivados, em particular de diesel. E isso é muito importante para a segurança do abastecimento no país”, diz.

jp



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