Você sabe o que o gerenciamento de tráfego rodoviário, o desenvolvimento de novos tipos de vidro, o funcionamento das bolsas de valores, a modelagem de reservatórios de petróleo do pré-sal e a tecnologia da tomografia computadorizada têm em comum? Todos podem ser compreendidos e aprimorados pela matemática. Mais especificamente, pela vertente conhecida como matemática aplicada.
Em São Carlos, no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, o Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria (CeMEAI) volta sua atenção para as mais diferentes áreas que podem ser auxiliadas pelo conhecimento matemático.
Desde 2011, o CeMEAI atua como um centro de pesquisa que difunde o uso das ciências matemáticas como um recurso industrial. Partindo de um ambiente interdisciplinar, o grupo promove tanto a transferência de tecnologia, quanto a educação e difusão do conhecimento para as aplicações industriais e governamentais.
Mas educar sobre o lado aplicado de uma ciência como a matemática nem sempre é um trabalho fácil. Para o coordenador do centro, o professor José Alberto Cuminato, é preciso reforçar que a área não deve existir apenas na academia. “Se você olha para a física, por exemplo, ela tem sua parte acadêmica, mas tem a parte que se relaciona com o mundo. A matemática sofre porque a maioria dos brasileiros acredita que ela seja muito árida, algo que existe apenas do ponto de vista intelectual, e isso não é verdade”, pontua.
De acordo com o professor, a matemática é baseada em três premissas: a pesquisa, a educação e as aplicações. “Em física e química essas três pernas são evidentes para leigos. Na matemática, isso não é tão evidente”. Para Cuminato, isso explica por que no Brasil a área seja menos difundida. “Temos problemas de educação com professores nos níveis básicos, mas (além disso) a relação com o setor produtivo é mais fraca no nosso meio.”