21/12/2025 02:17:14

Alagoas
05/12/2021 21:00:00

Mesmo com benefícios emergenciais, 1,4 mihão de alagoanos vivia em situação de pobreza em 2020

Mesmo com benefícios emergenciais, 1,4 mihão de alagoanos vivia em situação de pobreza em 2020

Cerca de 395 mil pessoas (11,8%) viviam em extrema pobreza em Alagoas em 2020, ou seja, com menos de R$155 reais por mês, e pouco mais de 1,4 milhão (43,9%) viviam em situação de pobreza, com menos de R$450 por mês. Os dados são da Síntese de Indicadores Sociais (SIS), divulgada nesta sexta-feira (03) pelo IBGE.

O Instituto utilizou nessa análise os parâmetros do Banco Mundial de US$1,90 para extrema pobreza e US$ 5,50 para a pobreza, em termos de Poder de Paridade de Compra a preços internacionais de 2011, dentre outras linhas de pobreza utilizadas para diferentes propósitos no país.

“Quando falamos de pobreza, nesse estudo, estamos nos referindo à pobreza monetária, ou seja, por insuficiência de renda, sem considerar outras dimensões, como acesso à educação, saúde e moradia adequada”, ressalta Barbara Cobo, analista do IBGE.

Em Alagoas, a incidência de extrema pobreza em 2020 ficou estável quando comparada a 2012, início da série, e caiu em relação a 2019, quando 15,7% da população vivia nessa condição. Já a proporção de pessoas em situação de pobreza em 2020 caiu em relação a 2012 e 2019.

“É importante frisar que esse comportamento foi muito diferente regionalmente. Considerando a linha de US$ 5,50, por exemplo, Norte e Nordeste tiveram quedas em relação a 2019, enquanto Sul, Sudeste e Centro-Oeste apresentaram estabilidade. O comportamento Brasil foi muito influenciado pelo que aconteceu nas regiões Norte e Nordeste”, destaca Cobo.

Pela primeira vez, o IBGE avaliou o impacto dos programas sociais na incidência de pobreza e extrema pobreza no país. Em um cenário hipotético sem o pagamento de benefícios, de 2012 a 2019, a proporção de pessoas nessas condições estaria num patamar de 3 a 4 pontos percentuais mais elevado no indicador da pobreza e entre 6 e 7 pontos percentuais na extrema pobreza.

Porém, em 2020, ano afetado pela pandemia de coronavírus, o impacto da concessão de programas sociais se intensifica: a diferença de patamar com e sem os benefícios seria de 15,5 pontos percentuais para extrema pobreza e 14,6 pontos percentuais para pobreza. Além disso, haveria uma inversão no comportamento do indicador em relação ao ano anterior, e a proporção de pessoas em extrema pobreza e pobreza teria aumentado em vez de diminuído.

Para Cobo, isso mostra que, “de fato, os benefícios emergenciais serviram de colchão de amortecimento para os impactos mais severos da crise sobre a população mais vulnerável, incorporando os beneficiários do Bolsa-Família e ampliando o público-alvo elegível ao recebimento. O valor inicial do Auxílio Emergencial de R$600, por exemplo, foi três vezes superior ao valor médio do benefício do Bolsa-Família praticado logo antes da pandemia e, por isso, o impacto no rendimento domiciliar foi muito maior.”

Metade das pessoas em extrema pobreza vive no Nordeste

O Nordeste foi a grande região que concentrou a maior parte das pessoas vivendo em situação de extrema pobreza e pobreza. Apesar de responder por 27,1% da população brasileira, quase a metade (49,4%) das pessoas em extrema pobreza e 45,5% das pessoas em pobreza viviam na região.

Na comparação com 2019, a incidência extrema pobreza caiu nas regiões Norte (de 11,9% para 8,5%), Nordeste (de 14,2% para 10,4%), ficou estável no Sudeste (de 3,3% para 3,6%) e Centro-Oeste (de 2,8% para 2,9%) e aumentou na região Sul (de 2,3% para 2,8%).

“Os rendimentos no Norte e no Nordeste são historicamente inferiores àqueles observados no Sul e no Sudeste e, com o Auxílio Emergencial concedido em um valor nacional único, o impacto sobre a renda tende a ser mais expressivo nessas regiões. E é lá onde estão os maiores graus de informalidade, ou seja, são mais pessoas atendidas também”, esclarece Cobo.

Índice de Gini de 2020 passaria de 0,524 para 0,573 sem os programas sociais

O índice de Gini, indicador que mede a desigualdade na distribuição de renda, ficou em 0,524 em 2020, registrando queda de 3,7% em relação a 2019 (0,544). Sem os programas sociais, no entanto, o índice de Gini de 2020 seria de 0,573, com aumento de 2,3% em relação a 2019 (0,560). No Nordeste, sem os benefícios, o índice de Gini aumentaria 4,5%, passando de 0,598 em 2019 para 0,625 em 2020, enquanto com os benefícios o índice caiu 6,1% (de 0,560 para 0,526). 

Real Deodorense