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13/09/2021 16:00:00

Redes sociais acendem alerta para casos de suicídios

Vamos falar sobre o assunto: Ódio na internet e mitos ainda são barreiras na luta pela saúde mental


Redes sociais acendem alerta para casos de suicídios

No dia 3 de agosto, a internet parou para lamentar a morte de Lucas Santos, de 16 anos, filho da cantora Walkyria Santos, que tirou a própria vida após sofrer diversos ataques homofóbicos nas redes sociais, depois que postou um vídeo ao lado de um amigo.

A cantora Luísa Sonza revelou que desde que se tornou famosa têm sofrido ataques na web, mas que a situação ficou fora de controle após o término de seu casamento com o humorista Whindersson Nunes. A artista revelou que teve depressão, pânico e ansiedade por conta da situação.

Durante o mês de setembro, vemos o compartilhamento em massa nas redes sociais de conteúdos a respeito do “Setembro Amarelo”, que visa conscientizar as pessoas sobre o suicídio. Parece uma piada de mau gosto, considerando que são nessas mesmas redes que milhares de pessoas são atacadas diariamente por pessoas cruéis que não se importam com a saúde mental dos outros, e veem no anonimato da internet uma oportunidade perfeita para disseminar o ódio.

Mas engana-se quem pensa que apenas pessoas famosas estão sujeitas a ação de haters - como é chamado quem espalha ódio (hate, em inglês) na internet.

A estudante Bruna Patrícia contou a reportagem que desde que assumiu sua sexualidade tem sido atacada por perfis fakes. “Desde que me entendi como uma pessoa LGBT e me 'assumi' abertamente pra as pessoas, recebo diversos tipos de ataques pela internet. Uma vez postei um vídeo no TikTok, de uma simples transformação, como corte e cor de cabelo, de uns anos atrás pra cá, e do quanto eu tinha deixado mais de lado aquela ‘feminilidade’, foi o suficiente para esse vídeo chegar a 100 mil pessoas e milhares de comentários de cunho homofóbicos, ou do quanto eu tinha ficado feia, lembro como hoje de ter lido coisas como ‘Foi do céu ao inferno’. Além disso, também sofri ataques pelo Instagram, onde tinham perfis falsos, que me mandavam mensagem falando que a minha sexualidade era para aparecer, entre outras coisas absurdas”, desabafa.

Como forma de tentar driblar esses ataques, a jovem relata que privou seu perfil e passou a sentir medo de compartilhar coisas sobre elas. “Foi difícil passar por isso, pensei por várias vezes só sumir das redes sociais para não ver mais esse tipo de coisa, porém, privei meu Instagram, desativei os comentários do tal vídeo e também deixei de postar, agora tenho receio de tudo que virá a público. Também ativei uma nova opção do Instagram que oculta solicitações de mensagens que possam ser ofensivas”.

 

Setembro Amarelo terá foco em prevenção do suicídio entre os jovens - Foto: FOTO: Agência Brasil

Será que os ataques aconteceram em setembro ou nos outros 11 meses do ano onde discutir saúde mental não gera engajamento? As campanhas de ódio se tornam gatilho para crises de saúde mental e podem levar até mesmo o suicídio - assunto pautado pelo Setembro Amarelo.

O fato é que o mau uso desse instrumento que deveria aproximar pacificamente as pessoas, estão deixando-as doentes, como explica a psicóloga Laurianny Cavalcante.

“Quando pensamos sobre impactos podemos pensar no lado positivo ou negativo. Depende muito da forma ou finalidade em que tem sido usado. Além da finalidade tem frequência e de quanto a rede social tem impactado a minha vida”, explica.

Pesquisas sobre a influência da mídia na saúde mental revelam que os efeitos do consumo de Internet podem ser prejudiciais à estabilidade emocional e, nos casos mais extremos, gerar práticas danosas à integridade da vida. Nesse sentido, é necessário mais reflexão para que as pessoas possam desfrutar dos benefícios da Internet, mas sem colocar a vida em risco.

Segundo ela, o uso em horários livres não é considerado um malefício. “Eu uso o Instagram em meus horários livres, ou seja, trabalho, estudo ou faço outra coisa e uso em horários específicos pra passar tempo. Isso vai me adoecer? Muito provavelmente não e se existir uma possibilidade é bem específico em como a pessoa está e ao gatilho que vai ser acionado ao que ela está consumindo ali no momento”.

Pare de se comparar

O famoso “queria ser assim” também tem desencadeado uma série de problemas. A psicóloga diz que atualmente, as pessoas estão consumindo que mexem em suas dores, o que é um erro. Por exemplo, quando alguém que está insatisfeito com seu corpo passa várias horas por dia pesquisando e se comparando com pessoas com um corpo considerando o desejável pela sociedade.

“Vidas mentirosas que tem engatilhado vidas inadequadas”, resumiu a profissional.

O psicólogo Arnaldo Santtos, que atua no Centro de Promoção de Saúde, Educação e Amor à Vida (CAVIDA), que presta atendimento à população carente, conta que num primeiro momento, as redes sociais contribuem para que o sofrimento das pessoas se intensifique. “A ideia de que todo mundo esteja feliz, alegre e satisfeito é uma ilusão. Dependendo do grau de sofrimento da pessoa, a rede social pode contribuir mais ainda para o sofrimento dela”, explica.

Fique atento aos sinais e procure ajuda

Infelizmente ainda há um tabu sobre questões psicológicas que o tratamento das mesmas. “Muitas pessoas ainda acham que procurar um psicólogo é coisa de louco. Isso, aos poucos está mudando. Eu digo com experiência no consultório clínico, que a pessoa que nos procura tem maturidade intelectual, ou seja, ela admite que tem algum incômodo e procura ajuda. Isso é fundamental para que os pensamentos, comportamentos e crenças não a impeçam de viver mais e melhor. Ou seja, numa psicoterapia ela vai entender-se melhor. Portanto, é preciso não ter medo de procurar ajuda. É preciso acabar com esse tabu”, aconselha Arnaldo.

O psicólogo desmistificou ainda algumas inverdades que são muito propagadas. Confira:

MITO: A pessoa que fala sobre suicídio não tem intenção de se matar.

A verdade: a maioria das pessoas que fala sobre o suicídio chega, sim, a praticar o ato.

MITO: A maioria dos suicídios acontece repentinamente, ou seja, sem aviso.

A verdade: a maioria dos suicídios é “informada” por discretos sinais comportamentais ou verbais.

MITO: A pessoa que tem inclinação ao suicídio está determinada a praticar o suicídio.

A verdade: a pessoa em risco de suicídio apresenta um comportamento ambivalente, ou seja, o de querer viver e o quer morrer por isso a importância de acolhe-la.

MITO: Somente as pessoas que apresentam algum tipo de transtorno mental praticam o suicídio.

A verdade: a pessoa que tem um comportamento suicida (ou apresenta algum sinal, inclusive na fala) apresenta algum tipo de sofrimento psíquico intenso e insuportável, independentemente da existência ou na de algum transtorno mental.

MITO: Conversar sobre o suicídio pode encorajar a pessoa a cometer o suicídio.

A verdade: conversar abertamente sobre o suicídio pode fazer com que a pessoa se sinta acolhida e tenha a oportunidade de obter ajuda.

MITO: O suicídio é um ato de covardia, coragem ou falta de Deus no coração.

A verdade: o suicídio é um ato de desespero e de desesperança de quem já não percebe nenhuma alternativa para superar um sofrimento psíquico, seja ele qual for.

Cuidados ao falar sobre o assunto

A internet aparenta ter uma gama de especialistas formados em psicologia, sobretudo em setembro, mas a verdade é que por se tratar de um assunto delicado, é preciso cuidado ao abordá-lo. Falar de forma irresponsável é tão ruim quanto ignorar o assunto.

“A primeira coisa que uma pessoa deve adotar é não fazer nenhum tipo de julgamento. Por quê? Cada pessoa tem uma maneira de ver a vida e de viver. Um sofrimento (um fato, um pensamento, um comportamento) para alguém pode não ser para outra pessoa. Assim, se quer ajudar é ouvir a pessoa, sem julgamentos e fazer com ela procure ajuda de um psicólogo”, informa Arnaldo.

Caso precise de ajuda, procure o Centro de Valorização da Vida (CVV), que oferece apoio emocional e prevenção ao suicídio. Ligue para 188 (a ligação é gratuita) ou acesse www.cvv.org.br

Em Maceió há também uma ong que presta atendimento à população carente, especialmente com ansiedade, depressão e tentativa de suicídio, trata-se do Centro de Promoção de Saúde, Educação e Amor à Vida (CAVIDA), localizado no bairro do Farol. O telefone para contato é 98879-2710.

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