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Opinião
12/09/2021 09:00:00

Carta de Bolsonaro à nação foi um ato de sensatez, mas não de humildade

Fazer uma declaração recuando da desordem que tem provocado é uma coisa, cumprir promessas de que vai mudar é outra, completamente diferente


Carta de Bolsonaro à nação foi um ato de sensatez, mas não de humildade

Convém dizer, de início, que a crise brasileira é moral. O comunicado de Bolsonaro foi um ato de sensatez. Ou parece ter sido. Mas não me falem em ato de humildade, isso não. Não é fácil acreditar que o presidente Jair Bolsonaro tenha assinado essa declaração ao país, desculpando-se dos atritos que tem alimentado com uma linguagem pura e simplesmente de quem deseja um golpe. Não é fácil. Seja como for, ele assinou. Seu comportamento não é de um presidente da República, mas de um golpista de plantão. Sua popularidade está em baixa. Os números que o elegeram já não são os mesmos. Com sua conduta, Bolsonaro conseguiu destruir até sua própria base de apoio. Acuado na parede, de onde certamente não teria mais escapatória, o presidente decidiu recuar. Recuou? Foi recuo ou for arrego? Quem pode acreditar nisso? Se foi recuo, esse recuo não cabe na trajetória até mesmo de vida de Bolsonaro. Se foi arrego, pior ainda. A verdade é que os discursos que fez em Brasília e na Avenida Paulista, em São Paulo, nas manifestações do Sete de Setembro passaram do limite suportável, acirrando com a inconsequência e irresponsabilidade habituais uma crise institucional que ele mesmo vem provocando com pautas antidemocráticas.

Nessa carta à nação, Bolsonaro garante que nunca teve a intenção de agredir qualquer Poder da República. Será? Verdade mesmo, presidente? Afirma que suas palavras tantas vezes contundentes “decorrem do calor do momento e dos embates que sempre visaram o bem comum”. Logo depois do Sete de Setembro, talvez com a cabeça no travesseiro, olhando para o teto no escuro, Bolsonaro pensou em todas as asneiras que fez nesse mesmo dia em que, antigamente, comemorava-se o Dia da Independência do Brasil, com crianças do ensino primário agitando bandeirinhas brasileiras para assistir ao desfile militar. Esse Brasil não existe mais. Sabe-se que a declaração de Bolsonaro foi escrita pelo ex-presidente Michel Temer, chamado por ele para socorrê-lo numa situação que se complicava a cada minuto. Será que Bolsonaro caiu em si? Sinceramente, mas sinceramente mesmo, eu não acredito. Essa conduta é uma questão de temperamento e uma certa brutalização pessoal que não respeita nada.



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