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Antes da pandemia havia o navio da Xuxa, o cruzeiro sertanejo, o de rock’n’roll, o só para gays, o só para solteiros, o do Roberto Carlos, o do Gusttavo Lima, o de Carnaval e também o de Natal. O setor de cruzeiros estava bombando. Essa indústria vinha de três anos consecutivos de crescimento e estava no meio da temporada que seria a quarta maior do setor quando a pandemia chegou.
Naquele começo de 2020, nove navios estavam viajando no país com uma oferta próxima dos 620 mil leitos, um aumento de 17% em relação à temporada anterior. Mas aí veio o coronavírus e tudo foi cancelado. Afinal, quem gostaria de ficar confinado dentro de um navio? O drama do navio Diamond Princess, que chegou a registrar mais de 700 infectados por covid-19, virou até documentário: O Último Cruzeiro.
No fim do ano passado, houve até uma pequena retomada, que logo foi cancelada novamente. Agora, com a luz no fim do túnel que a vacinação acende, a temporada será retomada a partir de 31 de outubro.
“Já tenho uma travessia da Europa para cá marcada e estou superanimada”, diz a empresária Carla Augustinho, de Itu. Ela já esteve em mais de dez cruzeiros e diz estar com síndrome de abstinência, pois não viaja há quase dois anos. “Quando a pandemia começou, eu tinha um cruzeiro marcado e a companhia cancelou tudo. Devolveram 100% do valor”, diz.
As empresas, segundo Ricardo Pereira, dono da agência Trilhas Turismo, de Campinas, trataram muito bem os clientes na hora em que as viagens foram canceladas. A maioria devolveu integralmente o valor pago, segundo ele. “Isso ajudou a fortalecer o relacionamento com os turistas e agora todos querem voltar a viajar. Não tem ressentimento. Há uma demanda reprimida muito grande”, afirma.
O setor de cruzeiros nacionais (sem contar navios que vêm de fora e atracam aqui) tem a previsão de operar nesta temporada com sete embarcações, responsáveis por ofertar 566.280 leitos, segundo a Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos (Clia Brasil).
É a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) quem vai determinar se os turistas terão ou não que a obrigatoriedade de apresentar a vacinação completa contra a covid-19 para poder embarcar. Ainda não há data definida para isso.
Mas as empresas, ávidas por retomar as atividades, já determinaram seus próprios protocolos incluem:
Esse tipo de cuidado é mais que necessário. Pesquisas mostram que os cruzeiros têm os percentuais mais altos de medo de retomada.
Claro que tudo isso custa dinheiro. Então seria de se esperar que os pacotes estivessem mais caros. Aldo Leone Filho, presidente da Agaxtur, umas das maiores operadoras de turismo do país, diz, entretanto, que os preços estão os mesmos de antes da pandemia. “Não houve aumento. E quem reserva mais cedo tem vários descontos”, afirma.
“Seguimos a mesma política de preços e com a possibilidade de parcelamento em até 12 vezes sem juros nas compras realizadas até 30 de setembro”, diz Dario Rustico, presidente-executivo da Costa Cruzeiros para América do Sul e Central.
Nas agências, quem está remarcando para esta nova temporada cruzeiros que foram cancelados durante a pandemia não está pagando adicional nenhum, diz Pereira. “Mas na hora de remarcar um desses cruzeiros, que um cliente meu tinha pago R$ 6 mil no ano passado, vi que a mesma viagem sai agora por R$ 12 mil.” Isso, segundo ele, pode ser um indício de que os valores vão subir em breve.
A MSC Cruzeiros do Brasil não fala sobre o assunto. Mas garante que existem muitas promoções. A MSC, por exemplo, tem pacotes com até 50% de desconto para profissionais de saúde e condições especiais para maiores de 65 anos.
Sim. Em nota, MSC afirmou que todos os cruzeiros com embarque até setembro de 2022 podem ser remarcados, sem taxa, até 15 dias antes do embarque.
