O delegado da Polícia Federal Felipe Leal afirmou, em relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), que realizou diligências com o objetivo de investigar se o presidente Jair Bolsonaro determinou retaliações aos delegados da PF que investigaram o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles.
O ministro Alexandre de Moraes determinou o afastamento de Felipe Leal do inquérito sobre suposta interferência indevida de Bolsonaro na PF na semana passada, após o delegado ter dado início a diligências que apurariam atos de gestão do atual diretor-geral da PF Paulo Maiurino, que atingiram delegados das investigações contra Salles. Moraes argumentou que esses atos extrapolavam o escopo do inquérito, aberto a partir das acusações do ex-ministro da Justiça Sergio Moro.
Por isso, o delegado Felipe Leal apresentou um relatório parcial dos trabalhos com a justificativa para as diligências. Argumentou que seu objetivo era investigar os fatos, porque também poderia revelar interferências indevidas na PF, e disse que a linha de investigação "não possui qualquer juízo de valor antecipado" e nem "pressupõe responsabilidades", negando que investigaria Maiurino de forma camuflada.
A hipótese apresentada no relatório é que a exoneração do delegado Alexandre Saraiva da Superintendência da PF do Amazonas e a não nomeação do delegado Franco Perazzoni para uma promoção na carreira poderiam ter relação com atos do presidente Jair Bolsonaro para blindagem de familiares ou aliados.