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Meio Ambiente
11/08/2021 20:00:00

Tempo seco no DF acende sinal de alerta para a saúde e o meio ambiente

. Especialistas reforçam o que deve e o que não pode ser feito neste período


Tempo seco no DF acende sinal de alerta para a saúde e o meio ambiente

A chegada do período de estiagem acende o sinal de alerta para os cuidados com a saúde e também com o meio ambiente, com a possibilidade de incêndios florestais. A previsão do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) é de umidade relativa do ar entre 85% e 30%, sem chuva, até o fim da semana. Hoje, a temperatura varia entre 27ºC e 13ºC.

“O período do inverno é assim mesmo, de estiagem e sem redução de chuvas. Em agosto, a gente espera volume de chuva em 24,1mm. Entretanto, até o final desta semana, a previsão é de que o DF não tenha chuva. Isso por conta de uma massa de ar seco, que atua em função do bloqueio atmosférico, localizado na parte central do país”, explica a meteorologista do Inmet Andrea Ramos.

Segundo a dermatologista Simone Karst, integrante da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), as pessoas precisam criar o hábito de passar cremes hidratantes com frequência na pele. “Deve-se ingerir muita água, usar muitos hidratantes nas mãos e no resto do corpo, além de proteger os lábios com protetor labial. É se hidratar por dentro e por fora. Se possível, é melhor não se expor ao Sol durante as horas mais quentes. Caminhar no Eixão às 12h ou às 11h não é adequado, por exemplo. O conselho é não praticar esportes das 10h às 16h. Com o ar muito seco, faz mal tanto para a parte respiratória quanto para a pele”, orienta a especialista.

O fotógrafo Fernando Lopes, 40 anos, diz que sente os efeitos da seca mesmo no trabalho remoto. Morador de Vicente Pires, ele trabalha com produção de vídeos e edição de fotos gastronômicas. “A garganta e o nariz é onde eu sinto mais. Quando eu faço atividade física, bebo três litros de água. Nos dias mais frios, tomo por obrigação, porque não sinto muita sede. Também uso protetor solar quando vou trabalhar em lugar aberto. Passo creme hidratante para pele, mas eu deveria usar mais”, reconhece.

Com um umidificador em casa, Fernando tenta combater a baixa umidade, mesmo ainda não habituado com o tempo do DF, onde mora desde 2012. “Como eu trabalho em casa, deixo uma garrafa de água e uso soro fisiológico. Sou de Belo Horizonte e não estou acostumado. Acho que qualquer lugar é mais úmido do que aqui”, brinca o rapaz, que faz crossfit seis vezes por semana. “O horário que dá brecha na agenda, eu vou. Tem semana que faço de manhã e outras à noite.”

Incêndios

O Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) e o Instituto Brasília Ambiental (Ibram) atuam fortemente, durante o segundo semestre do ano, no combate às queimadas. De acordo com a coordenadora do Plano de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais do DF (PPCIF/DF), da Secretaria de Meio Ambiente, Carolina Schubart, as origens de focos de fogo no DF durante a seca são duas: humana e natural. “Nesse período da seca, 95% são causados pela ação humana, e são diversos fatores”, explica. Segundo Carolina, as principais áreas que sofrem com incêndios no DF são: Brazlândia, Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), DF-001 (na borda de Santa Maria), Park Way e Planaltina.

As causas mais comuns são: fogueira mal apagada, rituais religiosos que ocorrem dentro da mata, queima de lixo e resto de poda e grilagem de terra. “Infelizmente, aqui no DF, a gente tem muitos casos de grilagem, e o uso do fogo é uma técnica barata que acaba sendo usada de forma indevida”, ressalta a coordenadora do PPCIF/DF.

Incêndios ocorrem ao longo de todo o ano. Nos primeiros meses, são feitos trabalhos de prevenção. De julho a novembro, são ações voltadas ao combate. Carolina Schubart destaca a importância da conscientização. “Infelizmente, no DF, há muito descarte irregular de lixo dentro das unidades de conservação e nas bordas. Às vezes, a pessoa contrata a empresa para recolher o lixo, que não é cadastrada no Serviço de Limpeza Urbano (SLU), e descarta na unidade de conservação. O carroceiro joga o lixo e coloca fogo. Muitas pessoas já se acidentaram. Não é só questão do meio ambiente, é questão de preservar a própria vida”, pontua.

Para quem está no trabalho em campo, é preciso ficar sempre alerta. Qualquer foco de incêndio deve ser combatido o mais rápido possível. O chefe do esquadrão do Parque Ecológico Águas Claras, Alisson Félix de Araújo, 33, trabalha como brigadista no local há três anos. Segundo ele, a grande maioria dos incêndios é provocada pela ação humana. “Seja por descuido, seja por querer. Nem sempre conseguimos encontrar o autor”, pontua.

Alisson explica que o trabalho do brigadista consiste em fazer rondas na unidade de conservação, conscientização dos usuários e manutenção dos equipamentos. Para isso, o esquadrão do Parque, que é formado por oito brigadistas — sendo quatro em cada turno — precisa passar por uma mudança de rotina intensa e rígida alteração na alimentação. “A gente não pode deixar de estar alerta. A alimentação, ingestão de líquidos e exercícios físicos são muito importantes. Se o brigadista estiver fisicamente fraco, pode ocorrer desmaio e dores de cabeça. Então, reforçamos o preparo físico para esse tempo. Cada um se cuida como pode”, completa.

Para Alisson, o maior desafio para brigadistas que atuam no DF é a imprudência da população em relação ao uso do fogo. “Em parque ecológico, não é lugar de fogo. Pode ser prejudicial com a questão da saúde, de várias formas. Fora a fauna. Aqui no parque, há vários animais, e o fogo numa área pode colocar a vida deles em risco, fazendo com que eles migrem e alguns podem morrer durante o translado”, adverte. “Há a imprudência com fogo, seja por cigarro, brincadeira, ritual religioso, ou proposital. Dificilmente a pessoa faz o fogo em uma área aberta e vai conferir se está tudo certinho. Então, é preciso estar atento”, reforça.

Prevenção

O tenente Fábio Bohle, do CBMDF, advertiu quanto aos cuidados que devem ser adotados durante o período de seca, no segundo semestre do ano. “Na área rural, já se tem conhecimento da capina, um tipo de prevenção para que o incêndio florestal não chegue até as residências. Todo o capim é retirado com distância de três metros ou mais para evitar que o fogo passe de um lado para o outro. Isso é uma das atitudes preventivas. A outra é no meio da residência, evitar o acúmulo de capins, da vegetação baixa”, ressalta o tenente.

No caso dos centros urbanos, o tenente diz que a preocupação é com os parques ecológicos. “Geralmente, pessoas que fumam têm o descuido de jogar o toco do cigarro na vegetação, e isso dá o princípio do incêndio. A pessoa, às vezes, até joga no local cimentado, mas o vento carrega o toco para a vegetação. Então, após fumar, tenha a certeza de que esse toco foi apagado. Evite, também, jogá-lo aceso em lixeira, pois pode ter produtos combustíveis e gerar um incêndio”, ressalta.

Fábio ressalta que o cidadão deve evitar apagar o fogo por conta própria. Caso veja o incêndio, ligar para o número do CBMDF (193). “Não se aventure em tentar apagar incêndio. Existe um grande perigo em relação à mudança na direção do vento, que pode acontecer a qualquer momento, e a pessoa pode ficar presa entre as chamas”, finaliza o militar.

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